por Percival Puggina.
Às vésperas da chegada do Papa, Martha realizou dezenas de postagens em sua conta no Twitter informando, nominalmente, sobre pessoas que estavam sendo, no interior do país, advertidas para não se dirigirem a Havana. Depois, postou sobre pessoas que haviam sido presas e sobre outras, cujas casas estavam sitiadas “pela turba”. Em uma dessas notas, ela conta ter sido visitada pelo secretário do núncio apostólico que a convidou para ir à nunciatura falar com o Papa. Por fim, no dia 20, ela e mais duas dezenas de damas de branco foram detidas e impedidas de comparecer à missa papal. Os acontecimentos que narrou, as prisões de dissidentes, bem como a exigência de que os católicos se reunissem em grupos para serem acompanhados por agentes de segurança ao local da missa, foram noticiados por outras fontes.
Qualquer pessoa minimamente informada sobre a realidade cubana poderia antever tais acontecimentos. O regime, por ser como é – violento, intransigente e opressivo – pode fazer ligeiras concessões para se safar da falência. Mas nada cede nas condições indispensáveis à sua sobrevivência. Por isso, o Papa devia estar bem advertido sobre a “conveniência” de não tocar em assuntos da política interna.
Não se diga que manter distância desses temas fosse indispensável cortesia. O Papa não é apenas chefe de Estado. É, principalmente, o líder espiritual dos católicos que naquele momento estavam sendo perseguidos, presos e vigiados. Impunha-se ir além das esplêndidas exortações pastorais. Permanece bem presente na memória da Igreja cubana o martírio de tantos jovens que, nos primeiros anos da Revolução, foram vítimas da faxina espiritual e morreram fuzilados clamando: “Abaixo o comunismo! Viva Cristo Rei!”. Mereciam mais.
ZERO HORA,
EXTRAÍDADEPUGGINA.ORG
0 comments:
Postar um comentário