Jornalista Andrade Junior

domingo, 25 de outubro de 2015

"Xis do problema",

por Ruy Castro Folha de São Paulo

O Colégio Pedro 2º deixou de ter alunos e alunas. Tem alunxs e alunxs –é como se escreve lá agora. A ideia não partiu de um grupo de estudantes anarquistas e gozadores, dos quais o Pedro 2º sempre foi pródigo, mas da presente reitoria. É oficial. A intenção, pelo que li no "Globo", é "abolir a diferença de gênero" para tornar a comunicação "mais inclusiva".
Significa que o Pedro 2º praticava uma comunicação "exclusiva" ao chamar os rapazes de alunos e as moças, de alunas? Sim, e isso não era bom, segundo a nova orientação. "É fundamental tratar o assunto da diversidade, seja ela sexual, racial ou cultural", diz o reitor. Perfeito. A maneira de fazer isto, ao que parece, é acabando justamente com a diversidade. E os artigos, também viraram xis? Se o aluno e a aluna se tornam "x alunx" e "x alunx", como vai se saber quem é o quê? 
Ou a ideia é não saber?
A inspiração para esse surto politicamente correto do Pedro 2º veio das feministas e dos grupos LGBTs. Para derrubar o que consideram uma "ditadura de gênero", esses movimentos já chamam os médicos, enfermeiros e advogados de "médicxs", "enfermeirxs" e "advogadxs". Os jornalistas, pelo menos, não lhes darão trabalho. Jornalista é jornalista, seja homem ou mulher.
"Existem gêneros diferentes, e isto é fato inconteste", constata, com certa contrariedade, um comunicado da reitoria. A descoberta, em pleno século 21, de que o mundo se compõe de meninos e meninas, mas que isso pode ser aperfeiçoado, é notável num colégio que já teve como professores Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Antenor Nascentes, José Oiticica, Alvaro Lins, Euclides da Cunha, Paulo Rónai, Mario Pedrosa, Silvio Romero e Capistrano de Abreu.





extraídaderota2014blogspot

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