por Ruy Castro Folha de São Paulo
O Colégio Pedro 2º deixou de ter alunos e alunas. Tem alunxs e alunxs –é
como se escreve lá agora. A ideia não partiu de um grupo de estudantes
anarquistas e gozadores, dos quais o Pedro 2º sempre foi pródigo, mas da
presente reitoria. É oficial. A intenção, pelo que li no "Globo", é
"abolir a diferença de gênero" para tornar a comunicação "mais
inclusiva".
Significa que o Pedro 2º praticava uma comunicação "exclusiva" ao chamar
os rapazes de alunos e as moças, de alunas? Sim, e isso não era bom,
segundo a nova orientação. "É fundamental tratar o assunto da
diversidade, seja ela sexual, racial ou cultural", diz o reitor.
Perfeito. A maneira de fazer isto, ao que parece, é acabando justamente
com a diversidade. E os artigos, também viraram xis? Se o aluno e a
aluna se tornam "x alunx" e "x alunx", como vai se saber quem é o quê?
Ou a ideia é não saber?
A inspiração para esse surto politicamente correto do Pedro 2º veio das
feministas e dos grupos LGBTs. Para derrubar o que consideram uma
"ditadura de gênero", esses movimentos já chamam os médicos, enfermeiros
e advogados de "médicxs", "enfermeirxs" e "advogadxs". Os jornalistas,
pelo menos, não lhes darão trabalho. Jornalista é jornalista, seja homem
ou mulher.
"Existem gêneros diferentes, e isto é fato inconteste", constata, com
certa contrariedade, um comunicado da reitoria. A descoberta, em pleno
século 21, de que o mundo se compõe de meninos e meninas, mas que isso
pode ser aperfeiçoado, é notável num colégio que já teve como
professores Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Antenor Nascentes, José
Oiticica, Alvaro Lins, Euclides da Cunha, Paulo Rónai, Mario Pedrosa,
Silvio Romero e Capistrano de Abreu.
extraídaderota2014blogspot
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