Dyelle
Menezes
É um
desempenho pior do que o registrado no acumulado em 12 meses (queda de 4,2%).
“Quanto mais recente é o período de análise, pior é a variação negativa”, diz
Afonso. Os pesquisadores usaram informações do Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), extraídos pela ONG Contas
Abertas. Apesar de algumas diferenças de metodologia em relação ao resultado
oficial, que deve ser divulgado até o fim do mês, Afonso destaca que há boa
correlação entre os números.
Segundo
os pesquisadores, metade da queda observada em setembro foi explicada pelo
recolhimento de tributos ligados ao lucro das empresas. A receita com o IR da
Pessoa Jurídica caiu 13,2% no mês passado, sempre em relação a igual período do
ano anterior, reflexo da “drástica queda dos lucros das empresas”, dizem.
“O
resultado seria pior ainda não fosse a exuberância financeira do momento
atual”, afirma Afonso. O IR sobre rendimentos de capital saltou 15,2% em
setembro. A taxa de juros muito elevada e os ganhos de capital decorrentes da
política de swaps cambiais do BC explicam essa alta, diz.
Outro
destaque negativo é a receita previdenciária, que caiu 8,8% em relação a
setembro de 2014. “É claro que há o efeito da queda do faturamento, mas fica
claro que as empresas estão atrasando recolhimento de tributos”, diz Afonso.
Nos últimos 12 meses, a arrecadação dos empregados permanece em terreno
positivo (alta de 1,1%), enquanto o recolhimento dos empregadores caiu 5,1%.
“As
empresas recolhem o que descontam dos funcionários, mas não a contribuição
patronal, o que reforça percepção de que as empresas se financiam no Fisco nesse
período de escassez de crédito”, diz. O resultado é um déficit cada vez maior
da Previdência, que só deve ser parcialmente compensado pelo fim da desoneração
da folha.
O
recolhimento do IPI caiu 10,4% em setembro. “Como a indústria concentra a
substituição tributária de alguns tributos federais, o recuo forte desse setor
antecipa para a arrecadação o que virá a ocorrer com o setor de comércio ou
serviços mais à frente”, escrevem os autores do levantamento.
Corte sem
efeito
A
publicação aponta que todo o esforço no corte de despesas já realizado pelo
Governo Federal em 2015, que contribuiu para um resultado primário estável do
Tesouro Nacional no acumulado do ano, perdeu efeito e acabou não evitando um
déficit ao se considerar todo o resultado do Governo Federal (que inclui também
a Previdência Social e o Banco Central).
“Assim, a
perda com a desoneração não se dá apenas pelo diferencial de alíquota, e sim
que a nova base é mais vulnerável à crise do que a base tradicional”, explicam
os economistas.
De acordo
com as projeções, já não é novidade que a desoneração da folha de salários está
provocando danos sérios na arrecadação previdenciária, mas a novidade é que ela
se tornou ineficiente (afinal, não só não induziu a expansão do emprego, como
não impede o desemprego). “Com isso se torna evidente a importância da revisão
dessa renúncia e de forma imediata. A contribuição sobre receita cai mais
rápido do que sobre salário”, apontam.
*Com
informações jornal Valor Econômico
EXTRAÍDADECONTASABERTAS.COM
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