EDITORIAL O ESTADÃO
Nem a intensidade da recessão ajudou a arrefecer as altas, presentes não só no IGP-M, mas também nos indicadores em que predominam os preços ao consumidor. É o caso do IPCA-15 (de 0,66% no mês e de 9,77% em 12 meses), divulgado ontem pelo IBGE; do INPC, de 9,9%; e do índice Fipe, já projetado entre 9,5% e 10% em 2015.
No IGP-M, a alta dos produtos agropecuários foi de 3,55% no mês e chegou a 10,58% em 12 meses, ainda mais forte que a dos produtos industriais (2,27% e 7,94%, respectivamente). O impacto da desvalorização do real é crescente, atingindo tanto os itens importados como aqueles cotados no mercado global de commodities.
Entre os componentes do IGP-M, só o INCC, da construção civil, apresenta altas mais discretas, de 6,53% no ano e 7,12% em 12 meses.
A evolução dos preços de materiais, equipamentos e serviços tem sido modesta, dadas as dimensões da crise na construção. O outro componente do IGP-M, o IPC, subiu 0,57% no mês e 9,59% em 12 meses, influenciado pela alta de tarifas de ônibus urbano, gás de botijão, gasolina e planos e seguros-saúde. A queda nos preços da batata, da cebola, do tomate e do querosene de aviação não compensou a alta de outros itens.
Embora a última pesquisa Focus, do Banco Central, aponte para uma inflação oficial de 9,75% neste ano, é cada vez maior a possibilidade de que esta atinja ou supere 10%. Seria melhor estar longe do marco de uma inflação de dois dígitos.
O IGP-M sempre foi criticado pelo elevado peso dos preços no atacado. Mas não houve reclamação em anos como 2014, em que o índice foi de 3,69%, para um IPCA de 6,41%.
O IGP-M é o indicador mais utilizado para a correção dos aluguéis, o que significa uma pressão a mais sobre a renda dos consumidores, já afetados pelos juros altos e o desemprego, além dos reajustes salariais inferiores à inflação.
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