Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Nação, Estado, Federação e Governo

Carlos Chagas

Uma Nação se forma pela presença de um povo geralmente habitando o mesmo território, praticando a mesma língua, com passado e cultura comuns e, sobretudo, a vontade de continuar juntos no futuro. Quando essa Nação se organiza politicamente, cria um Estado, que pode ser democrático ou ditatorial, como também monárquico, presidencialista ou parlamentarista, conforme as características de seu Governo. Às vezes os conceitos se misturam, registrando-se a existência de uma Nação sem território, como os judeus até 1947, ou constituída por dois Estados, como a Coréia de hoje e o Vietnã de ontem. Há também o caso de um Estado formado por várias Nações, como a antiga Iugoslávia e a Rússia atual.
O Estado pode ser Federativo ou Unitário. No primeiro caso, quando vários Estados menores se unem para formar um Estado mais forte, no exemplo dos Estados Unidos da América do Norte. No segundo, a França, dividida em departamentos por mera razão administrativa, já que o Estado francês pré-existiu à divisão. Os Governos gerem o Estado, é outra evidência, tanto faz se renovados periodicamente ou impostos de forma permanente. Feito o preâmbulo, comportando mil e um entrelaçamentos e distorções, vem a pergunta: e o Brasil, o que é, em termos de Nação, Estado, Federação e Governo?
UM CONGLOMERADO
Primeiro, o Brasil foi um conglomerado de diversas Nações, a começar pelas indígenas, depois colonizadas pelos portugueses que nos deram a língua, mas jamais a vontade de continuarmos juntos, tantas e tamanhas foram as revoltas separatistas, terminando com a dos Farrapos depois da Confederação do Equador e quantas mais?
O Estado nacional foi autoritário na maior parte de nossa História, desde o período colonial à independência e à dinastia dos Bragança, destacando-se a ditadura Vargas e os recentes governos militares.
De 1985 até hoje, com a Nova República, vivem a Nação e o Estado um tempo democrático, nem tanto os Governos, mesmo provenientes de eleições. Porque eles se tornam cada vez mais autoritários
na medida em que a Federação continua uma ficção. Nenhum dos Estados e Municípios em que fomos divididos sobreviveria uma semana sem a presença do poder central. A língua e a cultura atropelam-se, mesmo com a presença unificadora da televisão.

Chegamos ao principal: e quanto ao futuro comum, a vontade de ficarmos juntos? Apesar do esforço das Forças Armadas e das diretrizes do ensino público, o perigo da desagregação ronda o Brasil. Estamos regredindo, tema que fica para outro dia.




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