Postado por: Nelson Motta
Lisboa
continua linda e continua sendo, onde se pode desfrutar da suprema liberdade de
andar despreocupado pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite sem ser
roubado, agredido ou morto, de comer bem e barato, de ser tratado com gentileza
e respeito. Melancólicos por natureza, os portugueses estão mais animadinhos —
pelo menos mais do que nós, os otimistas bravateiros: Portugal cresceu 0,9% em
2014, com inflação zero. E Dilma ainda culpa a crise internacional. Parece
piada de brasileiro.
Quem tem
Cunha, tem medo
Na semana
passada, a aliança de liberais e conservadores que sustenta o governo impôs uma
derrota humilhante ao Partido Socialista, que, mesmo com seu
ex-primeiro-ministro José Sócrates preso por corrupção, dava como certo voltar
ao poder como alternativa às impopulares medidas de ajuste impostas pelo
governo para enfrentar a crise. O povo não foi bobo e preferiu a austeridade
eficiente ao populismo irresponsável que os levou à crise.
Um amigo
português quer saber o que pode acontecer com Dilma e Eduardo Cunha. Tudo,
inclusive nada, respondo enigmaticamente e pergunto: em que país Cunha poderia
ser absolvido por um tribunal, um conselho de ética ou um plenário da Câmara,
apesar de denunciado por cinco delatores e pela PGR com extratos bancários apresentados
pela Procuradoria de Justiça da Suíça, como beneficiário de pelo menos cinco
milhões de dólares de 23 contas em quatro países? Quem tem Cunha, tem medo.
Conto-lhe
que Lula negocia com Eduardo Cunha a salvação de seu mandato e o de Dilma. Só
imaginar os pedidos e ofertas de um e de outro, o cinismo, o ódio mútuo, o
absoluto desprezo pela opinião pública, pela lei e pelas instituições, dá
vontade de vomitar o vinho e o bacalhau.
Em frente
ao Castelo de São Jorge, lamento não estarmos na Idade Média, com as tropas de
Dilma e de Cunha se massacrando mutuamente numa batalha sangrenta, limpando o
terreno para que novas forças políticas pudessem reconstruir o país destruído
pela corrupção, incompetência e ambição de duas quadrilhas em disputa dos
cofres do Estado.
O difícil
é saber que novas forças são essas.
Fonte: O
Globo
extraídadeinstitutomillenium
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