por Ruy Fabiano Com Blog do Noblat - O Globo
Com ou sem impeachment, uma coisa é certa: a Era PT chegou ao fim. O
partido não dispõe de quadros para seguir no comando do país. Seus
principais líderes ou estão na cadeia ou empenhados em dela escapar, a
começar por quem o simboliza, o ex-presidente Lula, de quem Dilma é
apenas marionete.
Não quer isso dizer que a estrutura – CUT, MST, UNE, ONGs etc. - e as
ideias que se apossaram da máquina estatal, e a lesaram como nunca
dantes neste país, largarão o osso com tanta facilidade.
A serpente PT botou ovos. Os partidos-satélites, como PSOL, PSTU, PCdoB e mesmo a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva – o maior silêncio da crise -, aí estão para receber os sobreviventes.
A serpente PT botou ovos. Os partidos-satélites, como PSOL, PSTU, PCdoB e mesmo a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva – o maior silêncio da crise -, aí estão para receber os sobreviventes.
O próprio PT, ciente de sua impotência eleitoral, concebe a estratégia
de compor uma frente partidária de esquerda para as eleições municipais
do ano que vem. Rui Falcão, presidente do partido, já explicou como isso
funcionaria.
Quer ocultar a estrela da legenda, hoje amaldiçoada, dissolvendo-a em
meio a uma frente “progressista”, que tentará levar adiante as
“conquistas sociais” que os petistas juram ter estabelecido, embora a
crise econômica, decorrente das políticas que o partido concebeu, se
encarregue de desfazê-las uma a uma.
A clientela do Bolsa Família é de mais de 45 milhões de pessoas, que há
17 meses não têm reajuste, o que dispensa comentários. Os “mais de 30
milhões que ascenderam à classe média” – e esses números compõem um
discurso, não uma demonstração -, se lá chegaram, já fizeram o caminho
de volta, segundo as estatísticas de desemprego.
As pesquisas de opinião mostram o desgaste petista nas classes mais
carentes, de que foram gigolôs nas últimas décadas. Enfim, o partido que
levou o país à falência econômica, política, social e moral precisa
salvar-se do naufrágio nos botes salva-vidas que cuidou de providenciar.
E não é difícil identificá-los.
Basta ver o empenho, por exemplo, do PSOL em valer-se de Eduardo Cunha
como cortina de fumaça para desviar a atenção de infratores bem mais
pesados, alguns deles, como os ministros Edinho Silva e Aloizio
Mercadante, dentro do próprio Palácio do Planalto. Se Cunha justifica a
indignação – e não há dúvida de que sim -, por que Edinho e Mercadante, e
a própria Dilma (citada por seis delatores, enquanto Cunha o foi por
dois), não?
A indignação seletiva compõe a tecnologia de sobrevivência da esquerda,
hoje ancorada em milhares de ONGs que dependem de verbas do Estado para
sustentar a vasta militância, inimiga de uma burguesia fictícia, que ela
melhor que ninguém representa.
O silêncio de Marina Silva, que em momento algum exibiu qualquer
indignação com a roubalheira da Petrobras – até aqui orçada em R$ 20
bilhões -, e só veio a público para opor-se ao impeachment, não
surpreende. Tem coerência biográfica.
Ela já se manifestou reiteradas vezes nostálgica do PT, abraçada à tese
de que a proposta original era boa, mas foi distorcida – e Lula teria
sido arrastado sem o perceber.
A proposta original, no entanto, era essa mesma – e Lula jamais foi
outro. Quando se faz um retrospecto da ação do partido antes de chegar à
presidência da República, quando agia apenas no âmbito dos municípios,
já estava tudo lá.
O que aconteceu, por exemplo, em Campinas, com o assassinato do prefeito
Toninho do PT, e em Santo André, com o de Celso Daniel, ao tempo em que
o PT era oposição, dá uma mostra dos métodos que seriam expandidos e
aperfeiçoados em Brasília.
Marina é fã de Lula – e Lula é quem hoje sabemos. Não o critica, nem a
Dilma, ainda que tenha sido ofendida por ambos, em níveis cruéis, na
campanha. Prefere silenciar e recolher a militância sobrevivente em sua
Rede. É uma pescaria silenciosa, mas não invisível. Pretende herdar a
organicidade e a estrutura de uma máquina que se empenha em dar
sequência, em grau menos truculento, a um projeto de poder que estava na
gênese do PT.
O impeachment, ainda que não saia – e, dada a crise econômica, é difícil
imaginar essa hipótese, mesmo com a visível cumplicidade nos três
poderes -, permite que se vislumbre os riscos embutidos no futuro, onde a
fênix esquerdista aspira ao renascimento.
extraídaderota2014blogspot





0 comments:
Postar um comentário