Parte da propina cobrada por Renato Duque, ex-diretor de Serviços da
Petrobras, das empresas que prestavam serviços para a Petrobras foi paga
na forma de doação oficial ao Partido dos Trabalhadores. A informação
consta no depoimento de delação premiada
de Augusto Ribeiro Mendonça Neto, que representou várias empresas desde
a década de 90, entre elas a Setal Engenharia, depois transformada em
Toyo Setal.
Mendonça Neto detalhou os pagamentos feitos pela Setal para participar
de obras da Repar, num total de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões. Segundo ele, parte foi entregue também em dinheiro vivo
a um emissário de Duque conhecido como "Tigrão", descrito como um homem
em torno de 40 anos, moreno, com altura entre 1m70 e 1m80 e "meio
gordinho".
O executivo afirmou que Tigrão agiu como emissário de Duque na maioria das vezes, mas que
o dinheiro era retirado em seu escritório também por outros homens. A
terceira forma de pagar a propina, segundo ele, eram os depósitos em
contas no exterior,
indicadas por Duque e pelo gerente Pedro Barusco Filho. Os pagamentos
da Setal, segundo o executivo, foram feitos entre 2008 e 2011.
Para justificar a saída do dinheiro na contabilidade do consórcio responsável pela obra na Repar foram feitos contratos de falsas prestações de serviços com as empresas Legend, Soterra, Power, SM Terraplanagem e Rockstar. A Rock Star Marketing,
com sede em Santana do Parnaiba, em São Paulo, foi uma das duas
empresas - a outra é a JSM Engenharia e Terraplenagem - que receberam R$
49,1 milhões do esquema do empresário Fernando Cavendish, da Delta, e
do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Essas empresas também aparecem repassando dinheiro à MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef.
O executivo afirmou que o cartel entre as empresas existia desde a
década de 90, mas que Renato Duque oficializou a divisão de obras da
estatal em 2004. Segundo ele, o cartel permaneceu até a saída de Duque
da Diretoria de Serviços da estatal.
O depoimento foi prestado à PF no dia 29 de outubro. Em novembro,
conforme antecipou o GLOBO, a Polícia Federal passou a investigar o
pagamento de propina a políticos inclusive na campanha de 2014. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), a suspeita é que a doação formal,
declarada ao Tribunal Superior Eleitoral na última eleição, possa ter
sido transformada em "mera estratégia de lavagem de capitais".
fonte rota2014
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