Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 1 de janeiro de 2013


O meio urbano de nossas cidades mostra uma desoladora angustia de espaços. Um instinto de formiga move o povo e como tal carregam coisas. É no metrô que esse instinto de formiga mais se revela:
todos com mochilas às costas. E antenas implantadas pelos celulares comunicam. Enormes edifícios para apartamentos minúsculos. Angústia desoladora de espaços. Inferno claustrofóbico. Homens-formiga escalam alto. Ruas de carros não cabem gente; ruas de gente não têm carros. Multidões caminham sem rumo sob o peso do seu destino. Pombal projetado para homens, os edifícios modernos. Horrenda arquitetura do fim dos tempos. Pobreza de espaço e de beleza. Prisão! Arquitetura do fim dos tempos nessa angústia de espaços, devoradora de dignidade, de felicidade, de bem viver. Prisão! Espaço minúsculo para numerosos ocupantes. Vida projetada no nada espacial, exíguo metro quadrado para muitos. Dormir por turnos e comer também. Até cemitérios aéreos na forma de pombal fizeram. Consistência aeroespacial. Corpos que se elevam para espíritos de gravidade prisioneiros. Cadáveres que se elevam para espíritos que não podem subir. Prisioneiros dos pombais. Espírito de gravidade que não sai do pó da terra. Homens-massa. Multidões sem rumos. Zumbis habitantes de pombais. Angústia desoladora de espaços. Anel de ferro dos presos à terra. Prisão! Prisão vitalícia na angústia desoladora de espaço. Do berço ao túmulo. Claustrofobia indolor. Arquitetura de perdição. Almas mortas. Na arquitetura de pombal não cabe a liberdade. Não cabe amor. Talvez sexo. Não cabe família, nem filhos. Homens sós. Formigas atomizadas. Horror!

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