Com Blog do Noblat - O Globo
Governo, Congresso e partidos respiraram aliviados com o fracasso das
manifestações marcadas para ontem em defesa da Lava Jato e contra a
anistia ao caixa dois, o voto em lista fechada e a anulação de delações
que possam comprometer suspeitos de corrupção.
Governo refém do Congresso depende dele para aprovar reformas. Congresso
refém de delatores não merece a confiança de ninguém. Vida que segue.
Em duas ocasiões, na semana passada, talvez por descuido, o PT tirou a máscara ao tratar do uso de dinheiro sujo nas eleições.
Relator da reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (SP)
defendeu que o Congresso enfrente o desgaste de discutir anistia aos
alvos da Lava Jato como forma de “distensionar o país”.
Em seu site, o partido postou um estudo que justifica o uso do caixa dois.
“O que é melhor para a sociedade nesse momento? Até aprovar uma anistia,
seja criminal, financeira, tudo isso é possível, não é novidade no
mundo”, justificou Cândido.
O estudo da seção mineira da corrente “Construindo um Novo Brasil”,
majoritária dentro do PT, pretende “contribuir para o exercício
reflexivo” às vésperas do 6º congresso do partido, a ser realizado até
junho próximo.
“As eleições brasileiras foram feitas mediante contribuições não
contabilizadas. O PT, provavelmente, se utilizou das mesmas regras que
os demais usavam. (…) Como o PT poderia disputar eleições sem recursos
enquanto todos os partidos neoliberais o tinham de sobra? Seria
impossível disputar com chances de vitória sem os instrumentos
necessários”, sustenta o estudo.
Nem Cândido nem o estudo se detiveram sobre a verdade universal de que
não existe Estado de Direito sem justiça e sem eleições livres e
democráticas. E que eleições corrompidas por qualquer meio, sobretudo
pelo abuso do poder econômico, podem ser tudo menos democráticas, livres
e justas.
Inexiste o bom e o mau ladrão a não ser na cena da morte de Jesus. Mesmo assim por excesso de bondade do Nazareno.
Em 1994, a poucos meses de disputar a segunda eleição que perderia, Lula
avisou de público: “Em princípio, nós não aceitaremos dinheiro da
Odebrecht”.
Por que a princípio? E por que da Odebrecht? Porque a construtora, na
época, já estava envolvida em escândalos e Lula queria marcar distância
dela. Em 2002, Lula chamou José Dirceu é disse: “Só disputo outra vez se
for para ganhar”.
Ganhou – com a ajuda da Odebrecht. O “partido limpo” beijou a cruz e
chafurdou na lama como os demais partidos. Se os neoliberais podiam
chafurdar por que o partido dos trabalhadores não?
Tudo por uma boa causa, a de melhorar a vida do povo. Melhorou – e
também a vida dos que se diziam destinados pela Providência a tirar o
povo da miséria, do analfabetismo e das doenças.
O “Estado Odebrecht” foi uma invenção do PT para permanecer no governo
por no mínimo 20 anos. Com Lula durante os oito primeiros (deu certo),
com Dilma durante quatro (deu certo) e com Lula por mais oito.
Aí Dilma estragou tudo. Quis ficar por mais quatro. E afundou o país na
maior recessão econômica de sua história dos anos 30 do século passado
para cá. O resto se sabe.
O que não se sabia com detalhes se torna conhecido com as delações de executivos da Odebrecht. É de arrepiar.
Fora da Lava Jato não haverá salvação. Ou melhor: só haverá se
promovermos em 2018 um expurgo político extraordinário que limpe
governos, Congresso e assembleias legislativas.
extraídaderota2014blogspot
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