Jornalista Andrade Junior

domingo, 16 de abril de 2017

A PÁSCOA E A ESPERANÇA CRISTÃ

 por Percival Puggina.

O escritor Bernard Bro transcreve em uma de suas obras o anúncio feito publicar na imprensa por um senhor que declarava haver perdido sua joia mais preciosa. Conclamava todos a saírem às calçadas para procurar por ela durante alguns minutos e pedia a quem a encontrasse que a restituísse, porque só para ele mesmo podia ter valor e utilidade. A jóia perdida era a sua esperança, sem a qual não estava conseguindo viver. Trata-se de um apelo dramático, que bem reflete a situação de quem vive sem esperança, que é uma triste forma de “se deixar morrer”.
 A maior parte das pessoas não chega a compreender o fenômeno da esperança e da desesperança em suas vidas. Na verdade, lida-se com ele mais ou menos como se se adquirisse um bilhete de loteria, condicionando, ao prêmio, algum conjunto de expectativas pessoais. Não é essa a esperança que dá sentido à vida nem é essa a esperança que se constitui em virtude cristã.
Só pode dar sentido à vida terrena algo que se situe fora dela e que se projete para além dela. Caso contrário, somos grãos de areia no deserto, despojados de qualquer significado pessoal. Se para o grão de areia tal situação não tem importância, para a vida humana com um mínimo de racionalidade ela se converte numa aflição insuportável. Não é outro o depoimento dos filósofos existencialistas e materialistas. E não era outra coisa que bradava o senhor do anúncio transcrito por Bernard Bro.
A esperança do cristão lhe vem da Ressurreição. É São Paulo quem diz que se Cristo não ressuscitou, “vã seria nossa fé”. De fato, se Cristo não ressuscitou, nossa fé estaria depositada em alguém vencido pela morte; ressuscitado, Cristo é a esperança de nossa própria ressurreição “incorruptível” - ainda com as palavras de São Paulo.
O Evangelho de Lucas relata o anúncio do anjo aos pastores: “Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor”. Não seria descabido um anúncio semelhante na sexta-feira da Paixão: “Morreu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor”. No mistério da Redenção, que se completa na Páscoa da Ressurreição, cumpre-se o projeto de Deus para nossa salvação. Seria uma insanidade renunciarmos à Esperança que está envolvida nesse ambicioso projeto divino por algum de nossa própria ambição, levado ao extremo de extraviar nele a única Esperança que efetivamente pode dar sentido à nossa vida.
Feliz Páscoa, leitores!


















extraídadepuggina.org

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