Eliziário Goulart Rocha:
O Dia da Vadiagem promovido por sindicalistas inconformados com o próprio anacronismo, apaniguados de um sistema bandido desmascarado, idólatras de vivas almas moribundas e vagabundos em geral, destinado a servir de boia e palanque a quem há muito deveria ter conhecido o desconforto de um camburão, converteu-se em mais um emblemático tiro no pé. A greve geral, que não era nem greve, nem geral, pretendia-se um tsunami, com a arrogância típica dos exércitos brancaleones de paspalhões de opereta. Acabou por se transformar em uma suicida marolinha.
Se a ideia era mostrar a força das tropas a serviço do mais enrolado dos falastrões da República, o que se viu outra vez foi uma demonstração inequívoca de que tais convocações supostamente populares, de trabalhadores, contam com tudo, menos com o povo trabalhador. O pleno funcionamento do Brasil desmontou rapidamente a farsa. Os trabalhadores mesmo estavam trabalhando, exceto por algumas categorias, conhecidas o bastante para dispensar citações e que não abrem mão de um feriadão.
Mentes vassalas resistem ao enquadramento nas cinco fases clássicas do luto (ou da perda) descritas por Elisabeth Kubler-Ross: negação, raiva, barganha, depressão, aceitação. A exemplo do japonês embrenhado na selva sem saber que a Segunda Guerra Mundial acabara com a rendição de seu povo, do alemão convicto no Reich milenar de Hitler, ou do hippie temporão ainda atolado na lama de Woodstock a bradar “abaixo a ditadura”, publicamente não superaram a fase da negação. Internamente estão na fase da raiva. Seguirão nesta balada, exercendo seu direito ao esperneio. Não mobilizam, tampouco comovem. O máximo que conseguem fazer é quebrar vitrinas e incendiar ônibus.
Não há exército, apenas um pote até aqui de mágoa. O fim da era da esperteza poderia ser mais digno. Seria bom para o Brasil. Mas o bem do Brasil parece ser a última coisa a ser considerada pelos peões do radicalismo e da incoerência.
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