EDITORIAL FOLHA DE SP
Conforme os dados recém-divulgados pelo IBGE, a renda média por habitante do país encolheu quase 9% no período —se incluída a queda menos aguda de 2014, atinge-se esse percentual.
No colapso financeiro que apressou o fim da ditadura militar, o PIB per capita diminuiu cerca de 13% no triênio 1981-1983, e o patamar de 1980 só seria recuperado de maneira sustentável 13 anos depois.
Agora, dadas as atuais estimativas de crescimento, apenas em 2023 o país retornaria ao mesmo nível de renda média de 2013, numa década inteira de estagnação.
Previsões econômicas decerto não passam de exercícios. Baseiam-se em relações e comportamentos verificados no passado, que podem ser em parte alterados pela inovação institucional e política.
Dito de outra maneira, as reformas ora em andamento afetarão, a depender de sua profundidade e ambição, as projeções para o futuro —que hoje ainda embutem a expectativa de avanços não mais do que medíocres, aos quais o país não deve acomodar-se.
É fato que os motivos desta recessão são excepcionais, em variedade e força. Houve excesso de endividamento público e privado, em boa parte devido ao exagero de consumo estimulado pelos governos petistas a partir de 2010.
Intervenções governamentais de incompetência inaudita reduziram a rentabilidade dos empreendimentos privados e arruinaram estatais. Uma tentativa atabalhoada de ajustar as contas federais em 2015 acelerou a crise.
Tamanho dano mal começou a ser reparado. Ademais, correntes relevantes da opinião pública ainda não se deram conta da gravidade dos problemas e do risco de encarar reformas como mero lobby de grupos conservadores, tal como se observa no debate sobre as mudanças cruciais na Previdência.
Vislumbram-se sinais de recuperação, mas não está afastado o risco de recaída —de reprise de uma regressão tão profunda e duradoura quanto a dos anos 1980. Nesta hipótese, o drama do retrocesso seria também social e político.
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