Luciana Leal Nunes - O Estado de São Paulo
Dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgados nesta
quarta-feira, 17, pelo IBGE mostram o peso crescente do Bolsa Família e
outros programas sociais no conjunto da renda dos mais pobres. Em 2013, o
trabalho era responsável por 77,2% da renda da população total. Nas
famílias com renda per capita de até um quarto do salário mínimo, o peso
dos salários era bem menor, de 57%. Na outra ponta, as "outras fontes"
(programas sociais, aluguéis, investimentos) representavam apenas 4,5%
no rendimento do total da população e chegaram a 37,5% entre os muito
pobres. Em 2004, as "outras fontes" representavam 20,3% do total de
rendimentos das famílias de menor renda, ou seja, o peso quase dobrou em
nove anos (aumento de 85%).
Como na população pobre praticamente não há renda oriunda de aluguéis e
aplicações financeiras, os programas sociais são os responsáveis pelas
"outras fontes".
Aposentadorias e pensões representavam, em 2013, 18,3% da renda do total
de famílias brasileiras e apenas 5,5% dos extremamente pobres.
Os benefícios governamentais foram tema de duros embates na campanha
presidencial. A situação acusava os adversários de planejarem o fim dos
programas e a oposição dizia que o governo se "contenta" com a
transferência direta de dinheiro aos pobres. O período pesquisado pelo
IBGE vai do segundo ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2004)
ao terceiro ano do governo Dilma Rousseff (2013), quando os programas
sociais foram aprimorados e estendidos.
Embora os números mostrem o alto grau de dependência das famílias muito
pobres dos programas sociais, técnicos do IBGE destacam que o aumento do
peso dos benefícios no conjunto da renda das famílias pobres não
significou abandono de emprego.
"Houve uma reorganização das fontes de rendimento. A redução da
participação do rendimento do trabalho não significa aumento da taxa de
desocupação, tanto que os níveis de ocupação são crescentes no País. A
ideia da transferência de renda é prevenir a situação da pobreza e ter
oportunidade de, por exemplo, recusar trabalhos degradantes. A ideia da
proteção social é que o bem-estar da família não seja dependente apenas
do mercado de trabalho. Mas é claro que a renda do trabalho é bem maior e
é muito melhor receber um salário do que o benefício da transferência
de renda", diz a pesquisadora do IBGE Barbara Cobo.
O maior peso dos programas sociais está no Nordeste, região que
concentra maior proporção de pobres. No Piauí, os benefícios já são mais
da metade (53,2%) do conjunto da renda das famílias em que cada pessoa
recebe até um quarto do salário mínimo (R$ 169,50 mensais em 2013). O
trabalho tem peso de 45,5% na renda da população pobre do Estado.
Aposentadorias e pensões representam 1,3%.
FONTE ROTA2014
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