Lucas Berlanza
O presidente, o papa e a primeira-ministra – A parceria que venceu a Guerra Fria, editado em português pela LVM em 2023, é de autoria de John O’Sullivan (n. 1942). Jornalista e comentarista político britânico e ex-editor da National Review, o autor sintetiza em nove capítulos o significado das vidas públicas do presidente dos EUA Ronald Reagan (1911-2004), do papa João Paulo II (1920-2005) e da premiê britânica Margaret Thatcher (1925-2013) – de quem Sullivan foi conselheiro especial -, notadamente do ponto de vista do papel que exerceram para enfraquecer o poderio soviético em seus anos finais e determinar o desfecho da Guerra Fria.
Através de relatos intercalados de episódios decisivos da trajetória dos três personagens, Sullivan destrincha suas afinidades, seus desentendimentos e seus comportamentos de bastidores, com destaque para o tipo de relacionamento que construíram com lideranças do “império inimigo” oriental, especialmente Mikhail Gorbatchev (1931-2002), o último líder da União Soviética.
Ao ressaltar as dificuldades particulares de cada um – Reagan, um velho ator que muitos julgavam ser tarde para alcançar a Presidência; Thatcher, uma mulher com ideias privatistas que teria de enfrentar os interesses estabelecidos de um welfare state falido; e o papa, um polonês que tinha que lidar com as facções de esquerda dentro da Igreja e cuja liderança espiritual inspirava os anseios por liberdade no Leste Europeu – e o fato de terem todos sofrido atentados, Sullivan alimenta a intenção (que subscrevo) de, sem desmerecer outros fatores que conduzem a determinado desfecho histórico, ressaltar o papel igualmente central das personalidades humanas no rumo dos acontecimentos.
“Os três”, ele diagnostica ao final do livro, “ensinaram e personificaram a virtude da esperança. (….) Em estilos muito diferentes, todos eram entusiastas da liberdade”. Trata-se de três estadistas que, com suas virtudes e defeitos, agiram inspirados por fortes convicções. A ausência da União Soviética de maneira alguma significa que o mundo livre, dentro e fora de seus domínios, careça hoje de inimigos – e precise menos de líderes, infelizmente escassos, à altura de desafiá-los.
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