Rainer Zitelmann
Uma América sem bilionários – é exatamente isso que Bernie Sanders foi o primeiro a sugerir. Ele promoveu essa ideia em seu livro It’s OK To Be Angry About Capitalism [em português, Tudo Bem Ficar Com Raiva Do Capitalismo]. A ideia está ganhando força, não apenas nos Estados Unidos, mas em outros países também. Na Alemanha, o líder da ala jovem do partido governista SPD declarou recentemente: “Eu não quero bilionários na Alemanha.”
Dê uma olhada nos rankings mais recentes de bilionários da Forbes ou da Bloomberg e você rapidamente verá quais países não têm bilionários. A lista inclui países muito pobres, como Haiti, Afeganistão, Iêmen, Eritreia e Sudão do Sul, ou países que são ao mesmo tempo pobres e comunistas, como Cuba e Coreia do Norte.
Em termos de população, países como Mônaco, Singapura e Suíça têm as maiores proporções de bilionários, com a Suécia também ocupando uma posição alta nos rankings (43 bilionários em um país com apenas 10 milhões de habitantes). Se os EUA tivessem a mesma densidade de bilionários que a Suécia, teria mais de 1.400 bilionários. Na realidade, no entanto, conta com pouco mais de 800. Quem diz que seu país não deveria ter bilionários está basicamente pedindo que ele se torne mais parecido com Cuba ou Haiti – só que sem tanto sol. E, definitivamente, nada como Suécia ou Suíça.
É coincidência que existam mais bilionários em países ricos? É claro que não. Como mostra a lista da Forbes das pessoas mais ricas do mundo, a maioria dos bilionários são empreendedores de sucesso. Elon Musk enriqueceu como empreendedor com empresas como PayPal, Tesla, SpaceX e outras; Jeff Bezos com a Amazon; Larry Ellison com a Oracle; Bill Gates com a Microsoft; Larry Page e Sergey Brin com o Google; Mark Zuckerberg com o Facebook, entre outros.
Quando um país escapa da pobreza, o número de bilionários nesse país aumenta, mesmo em um país supostamente comunista como a China. Na era Mao, não havia um único bilionário na China. Entre 1958 e 1962, 45 milhões de chineses morreram de fome durante o maior experimento socialista da história, o “Grande Salto Adiante” de Mao. Em 1981, 88% da população chinesa ainda vivia na extrema pobreza. Então, Deng Xiaoping introduziu direitos de propriedade privada e reformas de economia de mercado, proclamando: “Deixemos que algumas pessoas enriqueçam primeiro!” Hoje, apenas os EUA têm mais bilionários do que a China. No mesmo período, a porcentagem de pessoas em extrema pobreza na China caiu de 88% para menos de 1%. Como demonstro em meu livro Em Defesa do Capitalismo, a causa da redução da pobreza e do aumento no número de bilionários é a mesma: o crescimento econômico.
Então, o que os anticapitalistas têm contra os bilionários? Eles se apegam à crença de que a vida é um jogo de soma zero, como formulado de maneira clássica pelo poeta Bertolt Brecht:
“O pobre disse, com tremor:
Se eu não fosse pobre, você não seria rico.”
É assim que os anticapitalistas veem a vida econômica: os países ricos deveriam dividir parte de sua riqueza com os países pobres, e as pessoas ricas deveriam fazer o mesmo com os mais pobres. Na opinião deles, a única razão para ainda haver tanta gente pobre é a ganância e o egoísmo dos ricos. Claro, historicamente, a riqueza foi muitas vezes conquistada através da exploração e do roubo, com alguns se beneficiando às custas de outros. No entanto, o sistema de mercado funciona de uma maneira bem diferente. Ele se baseia no fato de que quem consegue atender melhor às necessidades dos consumidores é quem fica rico. Essa é a lógica do mercado.
Se você olhar a lista das pessoas mais ricas do mundo, verá que nenhuma delas ficou rica tirando algo de outras pessoas, mas sim porque suas atividades empreendedoras beneficiaram enormemente a sociedade como um todo. Brian Acton e Jan Koum inventaram o WhatsApp e venderam para o Facebook em 2014. Hoje, mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo usam o WhatsApp, não só para mensagens, mas também para fazer chamadas de telefone gratuitas. Os dois fundadores do WhatsApp têm uma fortuna combinada de cerca de 19 bilhões de dólares. Eles ficaram ricos por meio de uma ideia. A desigualdade aumentou porque agora existem mais dois multi-bilionários? Certamente. Mas isso prejudicou alguém, exceto talvez os provedores de tarifas telefônicas caras?
Há um equívoco comum entre muitas pessoas quando veem a riqueza de bilionários como esses. Esse dinheiro não está guardado em contas bancárias ou sendo usado para fins privados. Ele está, em grande parte, investido em ações de empresas produtivas. Então, o que significa quando os anticapitalistas dizem que esses empreendedores não deveriam mais ser bilionários?
Bem, eles teriam que ser expropriados ou – e isso é basicamente a mesma coisa – taxados em mais de 90%. A pergunta que surge então é: para onde iriam esses bilhões? A resposta: para o Estado. O dinheiro estaria melhor nas mãos do governo ou deveria continuar nas mãos dos cidadãos, incluindo os empreendedores? Além disso, se não houvesse mais bilionários, quem seria responsável por gerenciar grandes empresas? Políticos e servidores públicos? Esse sistema já foi tentado. Chama-se socialismo e falhou em todo o mundo.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/teoria-economica/um-pais-sem-bilionarios-seria-como-cuba-mas-sem-o-sol/
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