Recebi de um amigo leitor via e-mail e repasso por considerar de grande importância.
Tá tudo “dominado”! Não há solução... com essa gente.
REPASSANDO...
Meus caros amigos
Fui engenheiro da CHESF por mais de 20 anos, onde exerci cerca
de seis cargos comissionados, e designado pela empresa fiz vários cursos
de extensão e pós-graduação, sempre dentro do espírito de ficar preparado para
tudo, inclusive para esses casos de apagão, que na minha época eram muito
piores que hoje, pois , o sistema era totalmente radial e não interligado como
ocorre. Cada apagão , que nós chamamos tecnicamente de desligamento acidental
,principalmente quando ocorria em linhas de transmissão, sistema pelo qual
respondi pelo comando durante vários anos, exigia de nós, os técnicos, o máximo
de esforço criativo para torna-lo menos desconfortável para a população. O
sistema sendo radial, somente perdíamos o trecho desligado, nunca ocorrendo os
desligamentos em cascata como hoje ocorrem. Assim, se tínhamos uma ou mais
linhas de transmissão paralelas, a população nada sentia, quando havia
apenas uma linha de interligação alimentando um centro de carga
,este ficava desligado até a recuperação da linha. A interligação do sistema
elétrico nacional, onde um elétron gerado em Itaipu pode energizar
Belém do Para, tem como desvantagem o desequilíbrio de cargas quando se
perde apenas uma linha do sistema que geralmente está energizada em carga
máxima, e a sua perda tem gerado esses apagões por efeitos cascatas que ocorrem
por indesejáveis assincronismos da proteção elétrica do sistema(leia-se
relés). Lamentavelmente, acho que até a presidenta está sendo enganada com
essas desculpas dadas pelos gestores do ONS, pois, toda a culpa dos apagões é
jogada nas linhas de transmissão, sempre em desfavor das descargas atmosféricas
, acusadas como grandes vilãs. Fui engenheiro anos e anos de manutenção e
operação de linhas de transmissão, quando as linhas mais antigas não tinham o
dimensionamentos tão bem estruturados como hoje, no caso da CHESF, somente
tínhamos cabos para-raios nos dez primeiros quilômetros antes e depois
das subestações, logo, quilômetros e quilômetros de linhas ficavam sem proteção
para descargas, pois, considerava-se, com base em estudos da EDF(Eletricité de
France-consultora da CHESf à época), que as descargas atmosféricas , sendo
ondas de tensão viajantes, seriam dissipadas ao longo das linhas, ocorrendo
perigo somente nos dez primeiros e últimos quilômetros, quando eram
amortecidas pelos chamados cabos para-raios. Hoje, as linhas “acusadas”
de serem desligadas por descargas atmosféricas são super dimensionadas para
esses eventos, razão pela qual ,é estranhável que sejam causas
francas de apagões. Quando engenheiro dessa área na CHESF, sempre dizia que
caso não fosse localizado o defeito real que ocasionou o desligamento,
era muito fácil acusar as descargas como as vilãs. Mandávamos equipes inteiras
inspecionar torre a torre das linhas de transmissão que se desligaram, suas
ferragens e cabos para-raios para verificar se havia indícios de descargas,
além de confrontar a região com os índices de descargas atmosféricas ocorridos
no período em que aconteceu o fato. Trocando em miúdos, a possibilidade de uma
descarga atmosférica é probabilisticamente inexpressiva, e, caso isso venha a
acontecer, o sistema deve ter a sua coordenação de proteção minimamente
seletiva para isolar a linha e acionar alternativa que impeça o chamado
efeito cascata. O resto é conversa para enganar a sociedade.
Ocorre hoje, é que o nosso Setor Elétrico está sendo
administrado politicamente, no caso da CHESF, o Diretor de Operações passou
anos como especialista em previdência privada, e por ser militante do PT,
foi guindado ao cargo. Antes dele todos os demais diretores de operação
eram engenheiros formados no sistema operacional da empresa, e, poderiam
até haver nomeações políticas, porém o indicado teria que possuir
um curriculum vitae compatível com o cargo a exercer. Além do mais,
há gerentes regionais e setoriais de operação que foram nomeados com base
em currículos políticos, e não por terem uma história técnica na empresa. E
mais ainda, todos os diretores da empresa são indicações exclusivamente
políticas, Presidente e Diretor Financeiro(PSB),Diretor de Engenharia e Diretor
de Operação(PT), Diretor Administrativo(PMDB).
Operação de sistema elétrico, por mais simples que ele seja, tem
que ser comandada por técnicos preparados e experientes, pois, é área mais
importante da empresa por ser ligada diretamente ao bem estar e á
segurança da sociedade.
Se esses fatos de despreparo narrados são
realidades, mesmo que minoradas, estamos todos num mato sem cachorro, pois, as
dúvidas, desencontros e desinformações ocorridas são totalmente inconcebíveis e
caóticas indo na contramão das necessidades exigidas pela magnitude do
sistema elétrico nacional.
Mesmo sem ter sido chamado, espero ter esclarecido algo mais a
respeito desse momentoso assunto.
Abrs
Iêdo Moroni(im)
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