Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Tá tudo “dominado”!

Recebi de um amigo leitor via e-mail e repasso por considerar de grande importância.
Tá tudo “dominado”! Não há solução... com essa gente.

REPASSANDO...


Meus caros amigos

Fui engenheiro da CHESF por mais de 20 anos, onde exerci cerca de seis cargos comissionados, e designado pela empresa  fiz vários cursos de extensão e pós-graduação, sempre dentro do espírito de ficar preparado para tudo, inclusive para esses casos de apagão, que na minha época eram muito piores que hoje, pois , o sistema era totalmente radial e não interligado como ocorre. Cada apagão , que nós chamamos tecnicamente de desligamento acidental ,principalmente quando ocorria em linhas de transmissão, sistema pelo qual respondi pelo comando durante vários anos, exigia de nós, os técnicos, o máximo de esforço criativo para torna-lo menos desconfortável para a população. O sistema sendo radial, somente perdíamos o trecho desligado, nunca ocorrendo os desligamentos em cascata como hoje ocorrem. Assim, se tínhamos uma ou mais  linhas de transmissão paralelas, a população nada sentia, quando havia  apenas uma linha de interligação alimentando  um centro de carga ,este ficava desligado até a recuperação da linha. A interligação do sistema elétrico nacional, onde um elétron gerado em Itaipu pode  energizar  Belém do Para, tem como desvantagem o desequilíbrio de cargas quando se perde apenas uma linha do sistema que geralmente está energizada em carga máxima, e a sua perda tem gerado esses apagões por efeitos cascatas que ocorrem por  indesejáveis assincronismos da proteção elétrica do sistema(leia-se relés). Lamentavelmente, acho que até a presidenta está sendo enganada com essas desculpas dadas pelos gestores do ONS, pois, toda a culpa dos apagões é jogada nas linhas de transmissão, sempre em desfavor das descargas atmosféricas , acusadas como grandes vilãs. Fui engenheiro  anos e anos de manutenção e operação de linhas de transmissão, quando as linhas mais antigas não tinham o dimensionamentos tão bem estruturados como hoje, no caso da CHESF, somente tínhamos cabos para-raios  nos dez primeiros quilômetros antes e depois das subestações, logo, quilômetros e quilômetros de linhas ficavam sem proteção para descargas, pois, considerava-se, com base em estudos da EDF(Eletricité de France-consultora da CHESf à época), que as descargas atmosféricas , sendo ondas de tensão viajantes, seriam dissipadas ao longo das linhas, ocorrendo perigo somente nos dez primeiros e últimos quilômetros, quando  eram amortecidas  pelos chamados cabos para-raios. Hoje, as linhas “acusadas” de serem desligadas por descargas atmosféricas são super dimensionadas para esses eventos, razão pela qual ,é estranhável que  sejam  causas francas de apagões. Quando engenheiro dessa área na CHESF, sempre dizia que caso  não fosse localizado o defeito real que ocasionou o desligamento, era muito fácil acusar as descargas como as vilãs. Mandávamos equipes inteiras inspecionar torre a torre das linhas de transmissão que se desligaram, suas ferragens e cabos para-raios para verificar se havia indícios de descargas, além de confrontar a região com os índices de descargas atmosféricas ocorridos no período em que aconteceu o fato. Trocando em miúdos, a possibilidade de uma descarga atmosférica é probabilisticamente inexpressiva, e, caso isso venha a acontecer, o sistema deve ter a sua coordenação de proteção minimamente seletiva para isolar a linha e acionar alternativa que  impeça o chamado efeito cascata. O resto é conversa para enganar a sociedade.  
 Ocorre hoje, é que o nosso Setor Elétrico está sendo administrado politicamente, no caso da CHESF, o Diretor de Operações passou anos como especialista em previdência privada, e por ser militante do PT,  foi guindado ao cargo. Antes dele todos os demais diretores de operação eram engenheiros formados no sistema operacional da empresa, e, poderiam  até haver nomeações políticas, porém o indicado teria que possuir   um curriculum vitae compatível com o cargo a exercer. Além do mais, há  gerentes regionais e setoriais de operação que foram nomeados com base em currículos políticos, e não por terem uma história técnica na empresa. E mais ainda, todos os diretores da empresa são indicações exclusivamente políticas, Presidente e Diretor Financeiro(PSB),Diretor de Engenharia e Diretor de Operação(PT), Diretor Administrativo(PMDB).
Operação de sistema elétrico, por mais simples que ele seja, tem que ser comandada por técnicos preparados e experientes, pois, é área mais  importante da empresa por ser  ligada diretamente ao bem estar e á segurança  da sociedade.
Se esses fatos  de despreparo  narrados são realidades, mesmo que minoradas, estamos todos num mato sem cachorro, pois, as dúvidas, desencontros e desinformações ocorridas são totalmente inconcebíveis e caóticas indo na contramão das necessidades exigidas pela  magnitude do sistema elétrico nacional.
Mesmo sem ter sido chamado, espero ter esclarecido algo mais a respeito desse momentoso assunto.
Abrs

Iêdo Moroni(im)
 

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