Jornalista Andrade Junior

domingo, 6 de janeiro de 2013

Novo ano, novos tempos, novos sonhos

Novo ano, novos tempos, novos sonhos
O cidadão tem direitos e deveres. Usarei um pouco daqueles a fim de expressar inconformismo com o modus faciendi da política brasileira.
(Gen Ex José Carlos Leite Filho -linsleite@supercabo.com.br
     Enfatizo, desde logo, a importância que atribuo à política, destacando a sua acepção de “arte de bem governar”, que, como qualquer atividade humana, requer pessoas vocacionadas, dotadas de espírito público e capazes de a ela se dedicar agrupando-se em partidos políticos, entidades legítimas para almejar o poder e assim governar em benefício do bem comum. Evidentemente, a resultante desse raciocínio deveria ser a permanente existência de programas de governo adequados e elaborados oportunamente por pessoas capacitadas, visando a sua implementação, sem delongas, na ocasião própria.
Triste é saber que na prática isso é substituído pela improvisação, consequência lógica do predomínio de motivações distantes do bem comum, sendo fácil constatar também a escassez de projetos nas casas legislativas enquanto abundam discursos sem consistência, acusações e  tempo perdido sem que aflorem aperfeiçoamento na legislação existente nem melhorias na qualidade de vida da população.
     Que dizer, nos tempos atuais de crescimento urbano e de avanços tecnológicos, de um Código de Telecomunicações elaborado há meio século e de um Código Penal com mais de setenta anos?
     Que dizer da despreocupação perene com a infraestutura  do país de dimensões continentais, mas sem dispor de um sistema de transporte adequado em termos de ferrovias e de cabotagem?
     Que dizer de um sistema de saúde pública reverenciado pela sua amplitude, lembrado nos orçamentos e nos palanques, atemorizante no dia-a-dia e evitado pelas autoridades por ele responsáveis?
     Que dizer de um fantasioso e enganador sistema de cotas raciais para a distribuição de direitos capaz de vulnerar a unidade nacional, incentivar a mediocridade e eliminar a meritocracia como estímulo ao desenvolvimento do país?
     Que dizer da tão falada reforma política, além de outras, tida como indispensável, mas intocada há mais de duas décadas?
     Que dizer do direito de greve nas atividades essenciais à espera de regulamentação há quase vinte e cinco anos?
     Só não erra quem não pensa e nada faz, mas a minha cidadania me impulsiona sempre a imaginar e tornar pública a ideia de que o Brasil necessita de modernização capaz de valorizar a qualidade de vida de sua população. Essa óbvia constatação não se coaduna com o vergonhoso aparelhamento das instituições, sabidamente oneroso e apenas favorável à uma minoria de militantes privilegiados. Inchar o número de ministérios e dispor de 22.000 cargos comissionados de livre nomeação é evidência de atraso e carência de espírito público.
     O Brasil, em especial os seus políticos, tem de se conscientizar que já estamos no século XXI!  A população tem que saber repudiar privilégios já que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” e, assim, não aceitar promessas vãs, inação, nem engodos tais como um salário mínimo aumentado miseravelmente enquanto os parlamentares, em todos os níveis, elevam as suas remunerações como se fossem sultões, sem discussão e em questão de instantes, evidenciando que o orçamento não é obstáculo.
(Publicado em “O Jornal de Hoje”- Natal-RN – )

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