Novo ano, novos tempos, novos sonhos
O cidadão tem direitos e deveres. Usarei um
pouco daqueles a fim de expressar inconformismo com o modus faciendi da
política brasileira.
(Gen Ex José Carlos Leite Filho -linsleite@supercabo.com.br
Enfatizo, desde logo, a importância que atribuo à política, destacando a
sua acepção de “arte de bem governar”, que, como qualquer atividade
humana, requer pessoas vocacionadas, dotadas de espírito público e
capazes de a ela se dedicar agrupando-se em partidos políticos,
entidades legítimas para almejar o poder e assim governar em benefício
do bem comum. Evidentemente, a resultante desse raciocínio deveria ser a
permanente existência de programas de governo adequados e elaborados
oportunamente por pessoas capacitadas, visando a sua implementação, sem
delongas, na ocasião própria.
Triste é saber que na prática isso é substituído
pela improvisação, consequência lógica do predomínio de motivações
distantes do bem comum, sendo fácil constatar também a escassez de
projetos nas casas legislativas enquanto abundam discursos sem
consistência, acusações e tempo perdido sem que aflorem aperfeiçoamento
na legislação existente nem melhorias na qualidade de vida da
população.
Que dizer, nos tempos
atuais de crescimento urbano e de avanços tecnológicos, de um Código de
Telecomunicações elaborado há meio século e de um Código Penal com mais
de setenta anos?
Que dizer da
despreocupação perene com a infraestutura do país de dimensões
continentais, mas sem dispor de um sistema de transporte adequado em
termos de ferrovias e de cabotagem?
Que
dizer de um sistema de saúde pública reverenciado pela sua amplitude,
lembrado nos orçamentos e nos palanques, atemorizante no dia-a-dia e
evitado pelas autoridades por ele responsáveis?
Que dizer de um fantasioso e enganador sistema de cotas raciais para a
distribuição de direitos capaz de vulnerar a unidade nacional,
incentivar a mediocridade e eliminar a meritocracia como estímulo ao
desenvolvimento do país?
Que dizer da tão falada reforma política, além de outras, tida como indispensável, mas intocada há mais de duas décadas?
Que dizer do direito de greve nas atividades essenciais à espera de regulamentação há quase vinte e cinco anos?
Só não erra quem não pensa e nada faz, mas a minha cidadania me
impulsiona sempre a imaginar e tornar pública a ideia de que o Brasil
necessita de modernização capaz de valorizar a qualidade de vida de sua
população. Essa óbvia constatação não se coaduna com o vergonhoso
aparelhamento das instituições, sabidamente oneroso e apenas favorável à
uma minoria de militantes privilegiados. Inchar o número de ministérios
e dispor de 22.000 cargos comissionados de livre nomeação é evidência
de atraso e carência de espírito público.
O Brasil, em especial os seus políticos, tem de se conscientizar que já
estamos no século XXI! A população tem que saber repudiar privilégios
já que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza” e, assim, não aceitar promessas vãs, inação, nem engodos tais
como um salário mínimo aumentado miseravelmente enquanto os
parlamentares, em todos os níveis, elevam as suas remunerações como se
fossem sultões, sem discussão e em questão de instantes, evidenciando
que o orçamento não é obstáculo.
(Publicado em “O Jornal de Hoje”- Natal-RN – )
0 comments:
Postar um comentário