editorial do Estadão
Entre setembro e dezembro de 2018, caiu em ritmo inédito o temor das pessoas de ficarem desempregadas, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em apenas um trimestre, o Índice de Medo do Desemprego calculado pela CNI diminuiu de 65,7 pontos para 55 pontos, ao mesmo tempo que aumentava de 65,9 pontos para 68,6 pontos o Índice de Satisfação com a Vida, também elaborado pela entidade.
A melhora mais expressiva nos dois indicadores aparece na população com idade igual ou superior a 55 anos. Nessa faixa etária, o temor de desemprego caiu, no período, de 64,1 pontos para 49,5 pontos, abaixo da média histórica de 49,8 pontos, e a satisfação com a vida passou de 64,4 pontos para 67,3 pontos. O índice é medido pela CNI desde maio de 1996.
Os analistas da entidade afirmam que “o resultado positivo reflete o otimismo e confiança que a maioria da população deposita no novo governo”, bem como “a percepção crescente de superação da crise econômica”, com aumento da atividade e queda do desemprego.
Os indicadores de dezembro ainda são inferiores às médias históricas, mas, em alguns casos, os sinais são positivos. Na Região Sul, por exemplo, o medo do desemprego atingiu 45,8 pontos em dezembro. Também ficou abaixo da média histórica nas Regiões Norte e Centro-Oeste, em contraste com a Região Nordeste, onde estão os piores indicadores. Pelo critério de renda familiar, os que percebem mais de cinco salários mínimos estão em melhor posição (42,2 pontos). O grau superior de instrução também está associado ao menor temor de perda do emprego.
O impacto da desigualdade de renda e de instrução aparece em vários índices da pesquisa da CNI. Por exemplo, nas famílias que percebem até um salário mínimo por mês, o índice de medo do desemprego é de 65,8 pontos e a satisfação com a vida atinge 64,8 pontos, inferior em 8,2 pontos à das famílias que percebem mais de cinco mínimos por mês. A satisfação com a vida é maior no interior do que nas capitais e nas periferias.
Os indicadores da CNI retratam a situação dos que estão empregados, não permitindo concluir que o desemprego tende a cair. Divulgados pouco antes, os indicadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que a tendência de estagnação do emprego não foi superada.
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