por Ruy Fabiano
A tragédia venezuelana – hoje no epicentro de uma crise geopolítica mundial – tem as digitais do PT.
Não fosse o apoio explícito dado pelo partido, ao tempo em que presidia o Brasil – e dispunha de meios para sustentar política e financeiramente aquele aliado -, o regime não teria ido tão longe.
Além de subir nos palanques de Chavez e Maduro, Lula disponibilizou a ambos o esquema de propinas das empreiteiras, de que se valia internamente, para garantir sucessivas reeleições daqueles governantes – sem esquecer, claro, dos cofres do BNDES.
Hoje, o partido condena o gesto do governo Bolsonaro de não reconhecimento do novo mandato de Maduro, acusando-o de intromissão em assuntos internos do país. Mas foi exatamente isso que o PT mais fez ao longo de seus quatro mandatos na presidência.
A autodeterminação dos povos só é observada pelo partido quando se trata de defender aliados em situação adversa. A própria presidente do partido, Gleisi Hoffmann, não teve qualquer escrúpulo em pedir, na TV Al Jazeera, socorro aos árabes para libertar Lula.
José Dirceu e o comando petista ameaçaram reiteradamente recorrer (e o fizeram) às cortes internacionais para tentar evitar o impeachment de Dilma Roussef e a prisão de Lula. Fracassaram.
Não hesitaram também em ir à ONU obter de um sub-subcomitê de direitos humanos uma declaração, sem qualquer validade jurídica ou significação (já que se tratava de um órgão assessor, sem poder deliberativo), postulando que Lula, mesmo preso e condenado em segundo grau, fosse candidato a presidente.
Mas as digitais não são apenas do PT. Toda a esquerda a ele aliada – PcdoB, PSB, PDT, PSol – subscreveu esse apoio. O próprio Ciro Gomes, na campanha, sustentou que a Venezuela é democrática.
Não há, pois, exagero em afirmar que era aquele o rumo que o país tomaria se o PT tivesse vencido as eleições presidenciais.
Se aquele governo é democrático e o daqui ditatorial, como dizem os petistas, estamos diante de políticos que padecem, no mínimo, de disfunção cognitiva. Veem o mundo pelo avesso.
É o mesmo pessoal que diz que o Estado é laico, mas vai pedir ajuda ao Papa quando a barra pesa para seu lado.
O agravamento da crise venezuelana, agora em patamar mais explosivo, por envolver potências antagônicas, aprofundará o descrédito interno da esquerda, que paralelamente continuará a prestar contas à Lava Jato. Seu contencioso não se esgotou. Os sobreviventes terão de partir do zero e refundar-se.
Prevê-se um realinhamento partidário, ao tempo em que o país terá de lidar com uma agenda complexa e inadiável, que envolve reformas tais como a da Previdência, da legislação penal, do Estado e as privatizações. O ano político costuma começar depois do carnaval, mas desta feita o precedeu e prenuncia grande agitação.
Ruy Fabiano é jornalista
Com Blog do Noblat, Veja
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