por João Doria
Os recentes episódios de violência contra os cidadãos e o Estado do
Ceará não são fatos isolados. O problema se repete em outras regiões do
Brasil, formando um ciclo intolerável de violência.
Como chegamos a esse ponto? Não por acaso. Foi no último ano do último
governo federal comandado pelo PT que o Brasil rompeu o patamar dos 60
mil homicídios anuais, depois de uma década e meia de completa omissão
na área da segurança pública. Nesse período, os estados tiveram de
combater o crime isolados, sem repasses, sem apoio, sem integração com
outras agências, completamente no escuro. O governo federal não foi
apenas incompetente: tinha uma visão de mundo absolutamente torta,
segundo a qual criminosos não podiam ser punidos porque não passavam de
pobres vítimas da sociedade.
Os brasileiros, nas urnas, disseram basta a esse descalabro. Agora, os
estados têm como parceiro em sua luta o ministro da Justiça, Sergio
Moro, o homem que derrotou os criminosos do colarinho branco e está
empenhado em fazer o mesmo com o crime organizado. Foi esse tipo de ação
integrada entre entes federativos que resgatou a Colômbia — antes um
narcoestado —para os seus cidadãos.
O ministro Moro e eu já nos reunimos duas vezes neste início de governo.
Como resultado desse entendimento, em apenas 15 dias de governo, São
Paulo já realizou três megaoperações de fiscalização e segurança urbana e
rural — uma delas com participação direta da Polícia Rodoviária
Federal, trabalhando lado a lado com a Polícia Militar. Ao todo,
colocamos mais de 67 mil policiais militares nas ruas de São Paulo, com
21 mil viaturas e apoio de 15 aeronaves, abordando mais de 150 mil
pessoas e vistoriando quase 86 mil veículos. As ações resultaram na
prisão de 424 pessoas em flagrante, recaptura de 319 fugitivos,
recuperação de cem veículos roubados e apreensão de 90 quilos de drogas.
É preciso fazer muito mais em segurança pública. E fazer mais rápido,
para devolver a tranquilidade à nossa população. Temos de acabar de uma
vez por todas com a ousadia dos bandidos. Por isso, acabo de autorizar o
uso de espingardas calibre 12 por todas as equipes da PM paulista, dia e
noite, em todas as regiões do estado. Até agora, elas só eram usadas em
operações noturnas. Em até 60 dias, os ocupantes de todas as viaturas
que atendem a chamadas 190, inclusive cabos e soldados, estarão armados
com cinco mil dessas novas e mais potentes armas.
Há quase 20 anos, sucessivos governos paulistas vêm reduzindo os
homicídios de forma sustentada. Além da menor taxa do país, temos as
menores taxas de homicídios de negros, jovens, mulheres e homossexuais.
Mas isso não foi suficiente para reduzir a insegurança nas ruas.
Nosso plano de segurança prevê a instalação de 17 novos Baeps (Batalhões
de Ações Especiais), que levarão o padrão operacional da Rota a todas
as regiões do estado, começando pelas cidades de Presidente Prudente e
Taubaté. Vamos inovar com a criação dos Deics regionais, para dar mais
eficiência investigativa à Polícia Civil, e com os COIs (Centros de
Operação Integrada) municipais, que vão otimizar recursos e aumentar a
eficácia do policiamento integrando o trabalho de PMs, guardas
municipais, Polícia Civil e bombeiros.
Em outra frente, atuaremos para valorizar os policiais e melhorar seus
equipamentos de trabalho. Outra inovação será a criação de presídios sob
administração privada, que são mais seguros para a sociedade e
capacitados a recuperar os presos por meio do estudo e do trabalho.
O Estado de São Paulo está pronto a encabeçar uma nova era da segurança
pública no país. Quem já conseguiu fazer a redução histórica do índice
de homicídios está pronto para dar os próximos passos. E alcançar um
patamar de excelência no combate ao crime.
João Doria é governador de São Paulo
O Globo
extraídaderota2014blogspot
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