Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo
O governo federal bancou R$ 3,5 trilhões em subsídios concedidos com
políticas públicas entre 2003 e 2016. Relatório do Ministério da Fazenda
sobre a evolução dos subsídios, divulgado nesta segunda-feira, mostrou
um crescimento expressivo entre 2003 e 2009, durante quase todo o
governo Lula, e entre 2011 e 2014, já no governo Dilma Rousseff. O
crescimento dessas gastos foi um dos responsáveis pelo desequilíbrio
das contas públicas, com rombos sucessivos e aumento da dívida pública.
Ao longo desses 14 anos, o crescimento dos gastos com subsídios foi
associado a diversas diretrizes de política industrial e estímulo ao
crescimento por meio de benefícios financeiros e creditícios, entre eles
os empréstimos bilionários do Tesouro ao BNDES, a desoneração da folha
de pagamentos das empresas e os programas Minha Casa Minha Vida, Fundo
de Financiamento Estudantil (Fies) e de Sustentação do Investimento
(PSI) que garantiu empréstimos com taxas muito abaixo do mercado para
setores específicos.
Projeto de lei que amplia a oneração da folha em 2018 está sendo
desfigurado pelo Congresso, com vários setores pedindo exclusão do
aumento da tributação. A política de desoneração da folha de pagamentos
autorizou a redução a zero da alíquota da contribuição patronal à
previdência social e, paralelamente, criou uma contribuição incidente
sobre o faturamento. Os gastos com desoneração até 2016 somaram, em
valores atualizados, R$ 89 bilhões. O relatório mostrou que os subsídios
da União mais do que duplicaram no período analisado, passando de 3% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2003 para 6,2% em 2016, dos quais dois
terços são decorrentes de gastos tributários e um terço dos benefícios
financeiros e creditícios.
As entidades sem fins lucrativos custaram R$ 253 bilhões ao erário entre
2003 a 2016. A desoneração da cesta básica, uma das bandeiras do
governo do PT, custou R$ 200 bilhões. O relatório mostrou que são
expressivos os valores associados ao Simples Nacional, sistema
simplificado de tributação para médias e pequenas empresas, custou nos
últimos 16 anos R$ 709 bilhões para os cofres da União. Para marcar
posição, a Seae fez questão de destacar que a divulgação do relatório é
uma etapa inicial para avaliar se os subsídios são efetivos e que o
governo federal vem tomando medidas importantes de modificação de
programas e regras de concessão dos subsídios. Entre as medidas,
destaque para a antecipação de pagamento dos empréstimos do Tesouro ao
BNDES; a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e a reestruturação do
Fies.
No documento, a equipe econômica avisa que está propondo a completa
reversão do programa de reoneração da folha, dado que o seu custo se
tornou maior que o benefício esperado da geração de emprego. Este
relatório é o primeiro de várias ações do Ministério da Fazenda para dar
maior transparência e publicidade ao valor total dos subsídios.
"Há ainda muita coisa a fazer para melhorar o acompanhamento desses
subsídios, com premente necessidade de avaliar a relação custo-benefício
deles, tendo em vista o contexto de ajuste fiscal pelo qual passa a
economia brasileira", avisa a Fazenda sinalizando que novas revisões do
subsídios serão adotadas.
extraidaderota2014blogspot
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