MIRANDA SÁ
Em
conversa com o meu filho Maurício falei-lhe de um interessante
documentário que assisti sobre as grandes descobertas da humanidade,
registrando que em primeiro lugar foi a Teoria da Evolução de Charles
Darwin. Afeito à discussão, Maurício disse que na opinião dele a maior
descoberta foi a invenção da roda…
Embora
os passos da civilização distingam teoria e prática, o domínio da
natureza pela invenção da roda foi na verdade um salto gigantesco na
trajetória do desenvolvimento tecnológico do ser humano.
Os
estudiosos do assunto ainda não chegaram à época do emprego da roda. Há
quem fale do seu uso já no Neolítico, dando início à Idade do Bronze.
Outros, menos ousados, calculam em 6.000 anos a.C. e, comprovadamente
pela Arqueologia, ocorreu cerca de 3500 a.C. na antiga Suméria.
Seu
múltiplo uso foi na cerâmica, na fiação e o mais importante como roda
de água movida por bois. Inicialmente eram feitas com três tábuas presas
por suportes em forma de cruz, e a tábua central possuía um furo
natural no nó da madeira.
Em
torno de 1500 a.C., a roda com raios surge na Mesopotâmia e foi
utilizada em carros de guerra que se espalharam pelos países, e os
egípcios dominaram a sua tecnologia, com rodas de quatro raios, bastante
leves. Diz-se que ao mesmo tempo, na China, a roda também esteve
presente em veículos de duas rodas, as “bigas”, que os romanos vieram a
adotar, na guerra e em corridas esportivas.
A
História Antiga nos traz uma curiosidade: as civilizações
pré-hispânicas nas Américas que edificaram templos magníficos, pirâmides
que se rivalizavam com as egípcias e observatórios astronômicos
superiores aos da Babilônia, desconheceram o uso do ferro, da roda, do
arado e do transporte por animais.
Passeando
nos caminhos históricos chegamos à Grécia e à Roma, onde a roda d’água
evoluiu para o moinho hidráulico e daí, para o moinho de vento, foi um
pulo que permitiu o grande avanço veio na Idade Moderna.
Os
princípios dinâmicos da roda se casaram com as antigas experiências da
pressão do vapor na velha Grécia, renascendo mais de mil anos depois com
a máquina térmica do físico francês Denis Papin.
Nos
fins do século 17 surgiu a primeira máquina a vapor de interesse
industrial criada por Thomas Savery, um engenheiro militar inglês, e
esta atualizou-se dez anos depois com uma nova máquina térmica à
explosão sem risco.
Assim
nasceu a Revolução Industrial, cuja velocidade – principalmente em
períodos de guerra – chegou ao radar, ao computador, à Era Atômica, aos
foguetes e a ida do homem ao cosmos.
A
roda contribuiu enormemente do ponto de vista prático; para a
humanidade, mas na minha opinião de apaixonado pela Teoria da Evolução,
vejo justiça boa e perfeita em elegê-la como a maior descoberta para a
inteligência humana, trazendo a mesma libertação que Galileu nos legou
na Astronomia jogando no lixo o sistema geocêntrico.
Darwin
derrubou as lendas das religiões antigas e a fantasia de Adão e Eva do
sistema judaico-cristão. Temendo enfrentar a Igreja Anglicana, levou
mais de 20 anos para publicar seu livro, prefaciando-o com a afirmação
de que “o homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével da
sua origem primitiva“.
Cem
anos após a morte de Darwin, o professor Isaac Asimov, um dos maiores
escritores de ficção científica, enfrentou a ortodoxia norte-americana
escrevendo sobre a Teoria da Evolução: “Os criacionistas fazem com que
uma teoria pareça coisa inventada depois de se beber a noite inteira”.
EXTRAÍDADEATRIBUNADAIMPRENSA
0 comments:
Postar um comentário