Marco Antonio Villa e IstoE
Mas como explicar a consolidação do novo regime — fruto de um golpe militar — se não havia republicanos? Parte do êxito deve ser creditado ao decreto nº 1 do Governo Provisório, que proclamou “provisoriamente” a República e, no seu artigo 2º, decretou que “as Províncias do Brasil, reunidas pelo laço da federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil.” A autonomia provincial — agora renomeadas de estados — era o desejo das oligarquias regionais durante todo o Império.
A Constituição de 1824 era ultracentralista. Tudo era determinado pelo Rio de Janeiro, desde o governador provincial às principais autoridades. As elites queriam exercer o poder local, o que foi impossibilitado pelo Império, que, inclusive, evitava a designação de governadores, chamados à época de presidentes, que fossem naturais do local. E não permitia longos governos. Dessa forma buscava impedir o estabelecimento de relações perigosas entre o chefe do governo provincial e as elites locais.
Quase 130 anos depois, a República cumpriu seu ideal: transformou os estados em propriedades dos senhores do baraço e do cutelo, como escreveu Euclides da Cunha.
Rodrigues Alves, quando presidiu a província de São Paulo, no final
do Segundo Reinado, chegou a ordenar a prisão de republicanos
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