por João Domingos O Estado de São Paulo
Eles vão para a disputa tendo à frente um quadro diverso de todos os verificados de 1989 para cá, quando a eleição direta para presidente foi retomada. Ao contrário das anteriores, não é possível dizer hoje, a menos de um ano para a eleição de 2018, que o jogo é favorável a um partido, a um nome, a um projeto.
O que se pode dizer, no momento, é que os três principais partidos, PMDB, PSDB e PT, enfrentam uma rejeição muito grande do eleitorado. A ruína partidária é tão visível que lideranças e pensadores das três legendas vêm insistindo na necessidade da busca de iniciativas que as tirem do atoleiro a tempo de evitar o desastre na eleição do ano que vem.
Já o PT acredita que sua salvação virá de uma campanha em defesa de eleições sem a interdição de Lula. Para o partido, levantar a bandeira de um pleito que conte com Lula é levantar a bandeira de eleições democráticas, algo como a campanha das Diretas-Já de 1984, que os teóricos do partido julgam ter sido o instrumento que deu fim à ditadura militar.
Nos seus sonhos, os petistas acham que podem incluir nessa mobilização um programa em defesa da revogação das reformas liberais, a convocação de uma Assembleia Constituinte orientada pelo combate ao capital financeiro, ao latifúndio, ao imperialismo e aos meios de comunicação monopolistas. Uma assim, vamos dizer, volta aos anos 1980, só que agora com o tema da comunicação, setor que o PT elegeu como seu inimigo. Na nova roupagem de sua tentativa de ganhar a simpatia do eleitor, o PT omite, deliberadamente, os problemas que enfrenta com a Justiça. Talvez até por ver que atacar a Operação Lava Jato é contraproducente.
Por fim, o PSDB. Ao contrário do PMDB, que sonha fazer um governo de paz e consolidar as reformas, mesmo que sejam só as aprovadas até agora, e do PT, que encontra em Lula seu ponto de equilíbrio, os tucanos alimentam a sua maior crise quando a eleição se aproxima. Talvez consigam superá-la quando aprovarem a candidatura do governador Geraldo Alckmin, nome que conta com o apoio dos dois grupos que disputam o poder interno.
Alckmin, no entanto, carregará o peso de ser do mesmo partido de Aécio Neves. Esse é um fardo grande, difícil de lidar. Em suas reflexões existenciais, Aécio pode até se convencer de que as conversas que teve com Joesley Batista não fugiram do padrão da normalidade. Para o eleitor, fugiram. É só esperar o resultado da eleição.
extraídaderota2014blogspot
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