Douglas Gavras - O Estado de S.Paulo
Embora a maioria dos brasileiros que estão próximos de se aposentar pelas regras atuais pense em correr à Previdência para solicitar logo o benefício, por não acreditar que o governo vá proteger o direito adquirido após anos de contribuição, dar entrada na aposentadoria agora pode não ser necessariamente a melhor opção, de acordo com especialistas no setor.
Caso a reforma passe como foi proposta, há situações em que esperar a mudança na aposentadoria pode levar a um benefício maior. Um homem de 54 anos e 35 de contribuição, por exemplo, que se aposentaria com fator previdenciário de 0,7, poderá receber benefício 3,5% maior se cumprir a regra de transição.
“Não há uma faixa definida de pessoas que se beneficiarão com a reforma. É um grupo pequeno e será preciso analisar caso a caso após a mudança nas regras, considerar fatores como idade e tempo de contribuição”, diz Antonio Lindomar Pires, especialista na área.
“A legislação prevê que o INSS deve oferecer o melhor beneficio ao segurado, mas isso não acontece na prática, pelo número de pessoas que os servidores têm de atender. Caso se sinta lesado, porém, o aposentado pode solicitar uma revisão.”
“Alguns futuros segurados estão próximos de completar a fórmula 85/95 e ficam em dúvida quanto ao melhor momento de requerer o benefício”, lembra a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger.
“Em casos em que houver opção de escolha, acredito que o INSS provavelmente irá utilizar a regra que for mais benéfica para o contribuinte. A proposta apresentada pelo governo resguarda o direito de quem já está recebendo o benefício ou pode requerê-lo. A recomendação é que o futuro segurado que irá somar 95 nos próximos meses procure se informar, peça a um especialista para fazer o cálculo da aposentadoria e não agarre a primeira opção que lhe for oferecida na agência”, diz Berwanger.
Depois de feitos os cálculos e comprovado o direito a se aposentar, a recomendação é que o trabalhador marque logo o agendamento e dê início ao processo, diz Samantha da Cunha Marques, também especialista em direito previdenciário.
“A população tem por hábito se comportar com apreensão diante de grandes mudanças como essa e a tendência é que a procura por atendimento nos postos da Previdência aumente ainda mais nos próximos meses. Temos um cliente que chegou a pedir o benefício três vezes e foi negado. Após a última negativa, ele procurou a assistência de um advogado.”
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