Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Governo precisa de alternativas concretas para se livrar das pressões políticas

Pedro do Coutto

As delações em série que serão encaminhadas pela Odebrecht ao procurador Geral da República, Rodrigo Janot, e deste para exame do ministro Teori Zavaski vão constituir, sem dúvida, mais um episódio de rara importância política, obrigando o presidente Michel Temer a rever sua agenda para combater a crise que inevitavelmente vai se aprofundar. Setenta e sete delações simultâneas constituem uma verdadeira avalanche cujo conteúdo dificilmente poderá ser contestado pelos personagens sobre os quais vão recair as acusações e sinais de participação no esquema que infelizmente tomou de assalto o país.
Os prejuízos foram enormes, não só em função de superfaturamentos, mas também em consequência de os valores pagos a mais e indiretamente cobrados da população brasileira não terem sido transformados em investimentos. A quantidade de delações afirma-se por si, já que não é possível aceitar a tese de que todos os delatores não estarão falando a verdade. A quantidade assim sinaliza para um caminho no qual certamente os delatores poderão apresentar as provas de suas afirmações.
REVISÃO DOS QUADROS – O governo Temer quer fazer uma revisão em seus quadros. Pois na medida em que a Odebrecht chegou ao ponto de criar uma diretoria para administrar os jatos do propinoduto, fica evidente que a empresa acumulou provas suficientes para confirmar as delações. Até porque, se atualmente quase tudo é gravado, os 77 personagens da empresa sem dúvida alguma registraram as transações que levaram a efeito.
Sobretudo porque os executivos e ex-executivos da Odebrecht tinham  – e têm – que prestar contas dos desembolsos feitos em nome da empresa, uma vez que o dinheiro movimentado não era de sua propriedade e pertencia à Odebrecht.
Neste caso, portanto, não podia existir caixa dois para a empreiteira, reservando-se a caixa dois para o modo de atuação dos que recebiam as propinas.
TROCA-TROCA – Havia, é claro, uma troca ilegítima de interesses. A Odebrecht emitia os recursos e em contrapartida recebia os saldos decorrentes dos contratos superfaturados.
Tanto assim que a Odebrecht publicou nos jornais suas confissões, sob a forma de pedido de desculpas ao país, dando cobertura assim às ações de seus representantes no mar da corrupção. Inclusive a empreiteira comprometeu-se a devolver aos cofres públicos astronômica quantia de R$ 6,8 bilhões. Todos esses fatores confirmam que a empresa possui em seu poder provas concretas dessa atuação dupla, caso contrário não teria assumido o compromisso de devolver 6,8 bilhões de reais ao Tesouro Nacional.
Assim, torna-se precária qualquer negativa dos acusados no sentido de rejeitarem o fato de terem sido subornados. Ninguém dá dinheiro à toa sem exigir uma retribuição muito mais compensadora do que a corrupção praticada.
QUESTÃO DE TEMPO – Mais cedo ou mais tarde o governo Michel Temer terá que lidar com essa nova confirmação que por aí vem. Para isso vai necessitar de uma agenda política mais profunda do que o anúncio de medidas econômicas e sociais previstas para funcionar a médio prazo.

A nova agenda terá um caráter de extrema urgência.




























extraídadetribunadainternet

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