Pedro do Coutto
Os prejuízos foram enormes, não só em função de superfaturamentos, mas também em consequência de os valores pagos a mais e indiretamente cobrados da população brasileira não terem sido transformados em investimentos. A quantidade de delações afirma-se por si, já que não é possível aceitar a tese de que todos os delatores não estarão falando a verdade. A quantidade assim sinaliza para um caminho no qual certamente os delatores poderão apresentar as provas de suas afirmações.
REVISÃO DOS QUADROS – O governo Temer quer fazer uma revisão em seus quadros. Pois na medida em que a Odebrecht chegou ao ponto de criar uma diretoria para administrar os jatos do propinoduto, fica evidente que a empresa acumulou provas suficientes para confirmar as delações. Até porque, se atualmente quase tudo é gravado, os 77 personagens da empresa sem dúvida alguma registraram as transações que levaram a efeito.
Sobretudo porque os executivos e ex-executivos da Odebrecht tinham – e têm – que prestar contas dos desembolsos feitos em nome da empresa, uma vez que o dinheiro movimentado não era de sua propriedade e pertencia à Odebrecht.
Neste caso, portanto, não podia existir caixa dois para a empreiteira, reservando-se a caixa dois para o modo de atuação dos que recebiam as propinas.
TROCA-TROCA – Havia, é claro, uma troca ilegítima de interesses. A Odebrecht emitia os recursos e em contrapartida recebia os saldos decorrentes dos contratos superfaturados.
Tanto assim que a Odebrecht publicou nos jornais suas confissões, sob a forma de pedido de desculpas ao país, dando cobertura assim às ações de seus representantes no mar da corrupção. Inclusive a empreiteira comprometeu-se a devolver aos cofres públicos astronômica quantia de R$ 6,8 bilhões. Todos esses fatores confirmam que a empresa possui em seu poder provas concretas dessa atuação dupla, caso contrário não teria assumido o compromisso de devolver 6,8 bilhões de reais ao Tesouro Nacional.
Assim, torna-se precária qualquer negativa dos acusados no sentido de rejeitarem o fato de terem sido subornados. Ninguém dá dinheiro à toa sem exigir uma retribuição muito mais compensadora do que a corrupção praticada.
QUESTÃO DE TEMPO – Mais cedo ou mais tarde o governo Michel Temer terá que lidar com essa nova confirmação que por aí vem. Para isso vai necessitar de uma agenda política mais profunda do que o anúncio de medidas econômicas e sociais previstas para funcionar a médio prazo.
A nova agenda terá um caráter de extrema urgência.
extraídadetribunadainternet
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