por Vinicius Torres Freire Folha de São Paulo
Bateram mais um prego no caixão da política econômica do primeiro
governo de Dilma Rousseff, embora a alma penada de Dilma 1 e seus zumbis
ainda nos assombrem. No meio do feriadão, o prego acertou as taxas de
juros de avó para filho cobrados pelo BNDES.
Parece apenas um comecinho, mas o utilíssimo porém avacalhado BNDES será
outro. O banco também começa a entregar dedos e braços para não ver a
cabeça em algum tribunal ou inquérito parlamentar, tornando públicas
informações que relutava divulgar, à maneira das prepotências de Dilma
1.
Instituições e parte da sociedade reagem a lambanças várias, ilegais ou
não, de Dilma 1, das contas públicas à Petrobras, passando pela ruína do
setor elétrico. O desmanche de Dilma 1 continua.
O governo está sendo julgado por ter disfarçado parte do seu programa de
endividamento doidivanas, as "pedaladas". Mas Dilma 1 ainda será
julgado politicamente pelo seu programa de distribuição de renda pelo
avesso, a explosão da dívida pública mais cara do mundo, em boa parte,
aliás, para financiar o BNDES, que empresta o dinheiro a juros muita vez
abaixo de zero.
O programa de juros subsidiados para grandes empresas ainda continuará
selvagem, mas ao menos teve banho e tosa. Quem quiser levar 50% dos
empréstimos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) terá de arrumar 25%
do total do financiamento no mercado de capitais, via debêntures.
A TJLP aumentou em 2015 para 6% ao ano; deve ir a mais de 7% até
dezembro. Ainda assim, não vai dar nem a inflação anual, ora em 8,17%,
nem acompanha a Selic galopante, a "taxa básica" da economia.
Em abril, o BNDES tinha emprestados R$ 576 bilhões para financiamento do
investimento, a juros de 8,9% (0,7% ao ano, se descontada a inflação).
Sim, mais de meio trilhão de reais, cerca de 10% do PIB.
Também em abril, o governo federal tinha R$ 500 bilhões emprestados ao
BNDES, dinheiro que tomou emprestado, tutu que ora custa ao menos 13,75%
ao ano para o Tesouro. Sim, o governo tomou emprestado dinheiro caro a
fim de subsidiar programas de investimento.
Mas a taxa de investimento no país caiu. Parte do dinheiro financiou
direta ou indiretamente fusões & aquisições de oligopólios, "campeãs
nacionais" ou, por exemplo, até empresas que se arrebentaram em
irresponsabilidades grossas com especulação financeira, em 2008, a farra
dos derivativos cambiais.
A explosão da dívida pública engordada pelo "Programa de Sustentação de
Investimentos" que não se sustentaram é um dos motivos do arrocho fiscal
e da alta de juros.
Juros mais realistas no BNDES vão contribuir para a baixa das taxas
médias no país assim que, ou se, der certo o conserto da obra de Dilma
1. Mas a coisa não pode parar por aí.
A dívida pública é financiada de modo exótico, com instrumentos que dão
rentabilidade e liquidez exorbitantes aos donos do dinheiro grosso.
Difícil mudar isso quando o governo tem de pedir emprestados uns 17% do
PIB todo ano a fim de financiar seu deficit e refinanciar os papagaios.
Porém, quando tiver meios de negociar, é também preciso dar cabo dessa
mamata. Falta um programa de reforma da finança, mais ou menos regulada
por leis de meio século e vícios da era da superinflação.
extraídaderota2014blogspot





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