Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Balaio de caranguejos ou saco de gatos

Carlos Chagas 

 Continua prendendo as atenções o V Congresso Nacional do PT, a instalar-se amanhã em Salvador. Não parece fácil aos dirigentes de partido, com o Lula puxando a fila, impedir que parte dos companheiros se manifeste contra o ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy e até contra a presidente Dilma. Afinal, vive-se ou não a democracia partidária? Calar a voz dos revoltados será boa estratégia?
Claro que a maioria dos 800 participantes fará coro com o governo, ainda que por via das dúvidas a presidente deva entrar no plenário de braços dados com o antecessor, garantia de aplausos endereçados muito mais a ele do que a ela. Não será ameno, porém, o clima da reunião. Há consciência entre os petistas de sua popularidade estar saindo pelo ralo, em especial por conta da redução de direitos trabalhistas proposta pelo ministro da Fazenda e endossada por Madame.
Até o bloco majoritário denominado “Partido que Muda o Brasil” encontra-se dividido, com partidários da facção “Construindo um Novo Brasil” e da corrente “Novos Rumos”. Funcionam também grupos menores, como “Democracia Socialista”, “Mensagem ao Partido”, “Movimento PT”, “Socialismo 21”, “Articulação de Esquerda”, “Diálogo” e “Ação Petista”. Senão um balaio de caranguejos, pelo menos um saco de gatos, com delegados de diversos matizes unidos apenas pela importância de permanecer no poder.
ESTRANHA NO NINHO        
Parece óbvio ser a presidente Dilma “uma estranha no ninho”, tolerada e olhada de viés pela maioria. Os pronunciamentos dela e do Lula deverão equivaler-se em termos de otimismo, assim como o do presidente Rui Falcão. Abre-se o leque, no entanto, para as surpresas de algum orador mais corajoso, capaz de criticar os termos do ajuste fiscal. Ignora-se quem será.
Prosperava, ontem, a idéia de o V congresso prestar uma homenagem aos companheiros condenados no processo do mensalão, como José Dirceu, João Paulo Cunha, Delúbio Soares e outros. Eles se julgam abandonados, até com certa razão, ficando a dúvida sobre se serão aplaudidos pelo Lula e por Dilma, e em que ritmo.
Em suma, estarão voltadas para o PT, neste fim de semana, as atenções gerais. De olho nos trabalhos, o PMDB espera passar incólume em meio à má vontade de seus aliados. Como seu presidente, o vice Michel Temer terá sido convidado a comparecer, mas dificilmente irá. Vaias não combinam com seu estilo.




EXTRAÍDADATRIBUNADAINTERNET

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