Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 19 de março de 2013

O imbecil corrigindo o idiota

Oliver: O imbecil corrigindo o idiota

VLADY OLIVER
Temos aqui o mais novo escândalo comportamental da semana. O Globo solicitou em seu espaço, para publicar como exemplo, redações do ENEM 2102 que receberam a pontuação máxima. A surpresa foi receber dissertações onde podemos encontrar “rasoavel“, “enchergar” e “trousse“, entre outros barbarismos. A explicação para o mais novo capítulo do “nós pega o peixe” consentido é que “um texto pode apresentar erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”.
Acuma ? Quer dizer que isso é isso mesmo ? Fala sério. Também li na blogosfera que nossa ilustríssima “presidenta” cometeu um “estrupo” recentemente, em cerimônia oficial. Seu mentor e conselheiro também cometeu vários “estrupos”, mas foram todos consentidos e consumados no próprio escritório da presidência em São Paulo, com os protagonistas constrangidamente calados até hoje.
A frouxidão que tomou conta de nossas instituições é lastimável. Se é para gritar muito quando um cretino atira um braço incauto decepado pela janela, ou quando um governador do Estado mais rico da Federação perde tempo (o dele e o nosso) sancionando leis inúteis do ponto de vista operacional, o que dizer deste “estrupo” moderno cometido contra a nossa educação?
Nossa língua, no trato diário, já não é lá essas coisas. Apanha insistentemente de seus usuários, reféns que somos de uma educação igualmente capenga e renitente. Nada justifica, no entanto, esse verdadeiro massacre a que somos submetidos por aqueles que deveriam representar-nos. Não sou preconceituoso. Mas continuo a acreditar que colocar um piloto de torno que perde os dedos no caminho na condução de um país só poderia dar nisso. É claro que aqueles que pensam com os neurônios mais próximos da crina vão perguntar o que é que o “estrupador” de presidências tem a ver com a ignorância recorrente desta nação envilecida. Simplesmente tudo. A indulgência com que se trata essa cachoeira de barbaridades é o mau exemplo número um oficializado pela fábrica de criar e enaltecer energúmenos em série.
Quero ver quando um médico conhecer “mais ou menos” uma artéria aorta vier cuidar de você, ou quando um engenheiro “conhecer aproximadamente” o cálculo estrutural para cuidar de sua casa, como a conivência com a ignorância crônica que este país insiste em exibir sem restrições e pudores vai ficar. Política de inclusão de ignorantes? Os caras não sabem nem falar. E isto aqui é o tal país sem pobreza, cantado em verso e prosa pela dona dos neurônios mais revoltosos que já vimos? A “estrupadora ? Vai indo, Brasil. Não me espera não.

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