POR CARLOS CHAGAS
Em política, os anos terminados em “3” possuem singular característica: mesmo pequenos, constituem-se na ante-sala de grandes acontecimentos. Exprimem o ensaio-geral de dramas ou farsas subseqüentes. Vale assinalar os exemplos no período de vida de quem escreve.
1943 marcou a virada na Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, o Manifesto dos Mineiros anunciou o fim da ditadura do Estado Novo.
1953, com Getúlio Vargas de novo no poder, exasperou-se a reação dos conservadores. Ainda que sem povo, a conspiração foi para a rua, prenunciando os graves acontecimentos do ano seguinte, com o suicídio do presidente e o retrocesso no plano social. ...
1963, novamente a chama reacionária dividia o país, preparando o golpe militar de um ano depois, com duas décadas de ditadura.
1973 trouxe a substituição do ditador absoluto, Garrastazu Médici, pelo ditador meia-sola, Ernesto Geisel, que em seguida iniciou o processo de abertura política. Ao mesmo tempo, naquele ano, desfez-se a ilusão do milagre brasileiro.
1983 revelou a exaustão do regime autoritário. O povo foi para as ruas exigindo diretas já e a eleição de Tancredo Neves, no ano seguinte, mudou tudo.
1993 repôs o Brasil nos trilhos, com Itamar Franco na presidência, responsável logo depois pela eleição de Fernando Henrique, a promessa mal-eleita que a todos iludiu.
2003, com Lula sendo alçado ao poder, inundou o país de esperança por oito anos, nem tanto assim realizada, mas com energia suficiente para fazer de Dilma Rousseff a sucessora.
Agora, 2013, prenúncio de que? Se mantida a rotina de os anos terminados em “3” formarem a base de posteriores e grandes mudanças, vale projetar 2014, com sucessão presidencial e mais um monte de incógnitas. Mas de olho com lupa em 2013. Nem com bola de cristal será possível prever as armações que o ano em curso nos reserva para o seguinte. Basta imaginar que tudo o que acontecer depois estará sendo desenrolado agora.
Por Carlos Chagas
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