Samuel Pessôa: Folha de São Paulo
Tudo indica que o petismo sairá do comando do Executivo nacional. É
momento oportuno para balanço e avaliação deste período, que certamente
renderá muitos estudos e o olhar histórico.
Tema caro aos petistas sempre foi a comparação com o governo anterior,
os oito anos de FHC, quando o crescimento médio da economia foi de 2,4%
ao ano. Nos 14 anos de petismo, já considerando a previsão do Ibre-FGV
de recuo de 3,8% em 2016, teremos crescimento médio de 2,3%.
Marginalmente pior.
A grande dificuldade com comparações dessa natureza é que o
desempenho de uma economia depende da qualidade da política e-
conômica, mas também da situação internacional, ou seja, das circunstâncias.
desempenho de uma economia depende da qualidade da política e-
conômica, mas também da situação internacional, ou seja, das circunstâncias.
Para controlarmos pelas circunstâncias diversas, o recurso padrão é
escolher um conjunto de outros países como grupo de controle. A ideia é
que os países que participam desse grupo estão sujeitos aos mesmos
movimentos da economia internacional e apresentam similaridade com a
economia brasileira em diversas dimensões -renda per capita, nível médio
de escolaridade, especialização produtiva, dependência de commodities
etc.
Dessa forma, o desempenho do grupo de controle representa um bom
indicador das possibilidades de nossa economia. Se formos melhor do que o
grupo, é sinal de que a política econômica foi de boa qualidade, e o
inverso se formos pior.
Considero, como grupo de con-
trole para o Brasil, a América Latina e o Caribe, excluindo a economia brasileira.
Trabalhando com a mais recente divulgação do World Economic Outlook do
FMI, de abril, segue que, no período FHC, o crescimento brasileiro de
2,4% ao ano foi 0,38 ponto percentual maior do que o do grupo de
controle. Para a fase petista, o crescimento médio de 2,3% ao ano foi
1,26 ponto inferior ao do grupo de controle.
Ou seja, diante das nossas possibilidades, dadas pelo desempenho do
grupo de controle, o desempenho da economia brasileira sob o petismo foi
muito ruim.
Sabe-se que houve significativa piora do desempenho da economia no
período da Presidência de Dilma Rousseff. Será que o petismo se sai
melhor se circunscrevermos a análise ao governo do presidente Lula?
De 2002 até 2010, a economia brasileira cresceu 4%, 0,12 ponto
percentual aquém do crescimento do grupo de controle. Ou seja,
considerando o diferencial de crescimento do Brasil com nosso grupo de
controle, o governo FHC foi superior ao governo Lula em 0,5 ponto
percentual por ano (resulta da soma de 0,12 ponto com 0,38 ponto).
Se olharmos desde os anos 1980, o governo FHC foi o melhor período: de
1985 até 1994, crescemos 0,18 ponto percentual aquém do grupo de
controle; no período FHC, 0,38 ponto percentual além; com Lula, 0,12
ponto aquém; com Dilma, 2,72 pontos percentuais aquém.
Evidentemente essa análise é muito incompleta. Avalia o desempenho dos
governos tendo como único critério o crescimento econômico. Sabe-se que
outros indicadores, como a desigualdade, tiveram excelente desempenho no
governo petista.
A coluna de João Manuel Pinho de Mello e de Sergio Firpo, publicada nestaFolha em
30 de março ("Os anos 90 são chave para entender a queda da
desigualdade"), mostra que a queda da desigualdade nos anos FHC, tomando
como grupo de controle os países da América Latina, foi maior do que no
governo Lula. Caiu mais do que no grupo de controle. Com Lula, foi o
oposto.
Parece que o período petista não passará bem para a história.
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