Opinião Reynaldo Rocha:
Os habeas corpus estão suspensos na Venezuela como era na ditadura brasileira. Aceita a presença de um João Pedro Stédile, inclusive liberando palanques e recebendo-o na palácio presidencial. Se Stédile fosse impedido de entrar na Europa ou nos EUA, qual seria a reação dos militontos do PT? Quebrar embaixadas? Movimento de ruas?
A minha seria exigir que Stédile fosse liberado para dizer o que pensa e defende. O que vale para mim tem que valer para quem eu discordo. É de estranhar então que este mesmo governo, que de início não aceitou liberar o pouso do avião da FAB a pedido do Ministério da Defesa do Brasil, faça chicanas ridículas e ofensivas para impedir que brasileiros (ou não são mais, visto que não são do PT?) cumprissem o que foi previamente informado?
Avenidas fechadas? Um embaixador que sumiu alegando que não era missão oficial do governo, esquecendo que representantes do Itamaraty acompanham um ex-presidente lobista em visitas ao mesmo país? Seriam oficiais? Que oferece uma “escolta” para permitir que 200 “manifestantes” estrategicamente posicionados atemorizem a delegação do Senado?
Que após 4 horas de espera resolve “lavar” um túnel” que ligava o aeroporto à cadeia onde estão presos os opositores do regime? Até onde a farsa que assistimos no Brasil nasceu aqui? Ou é somente uma cópia do cinismo bolivariano? O mais surpreendente é que leio nas redes sociais apoios a este gesto da Venezuela. Não é somente insanidade ou ignorância.
É má-fé. É podridão intelectual. É covardia moral. Um país não é representado por um governo ou partido em sua política externa. Representa a história e valores com os quais se comprometeu, entre os quais o respeito aos direitos humanos, aos acordos internacionais e à democracia. Pouco importa se eram senadores ou estudantes, parlamentares ou escritores, pedreiros ou taxistas. Se forem brasileiros, a Constituição OBRIGA que sejam protegidos.
Onde está este governo bolivariano que ignora um direito básico em qualquer democracia? O abjeto no episódio é ver brasileiros que se manifestam nas redes sociais aplaudindo a Venezuela e criticando a comitiva. Caso similar ao de quem aplaude o estupro porque a mulher estava vestida de modo a provocar a tara de estupradores. Ou a defesa de pedófilos, que colocam na criança, a responsabilidade pelo crime por se aproximarem do criminoso.
Pobre Brasil. Ainda terá que caminhar muito para sair da barbárie que passou a ser cultuada como valor, em nome de um projeto de poder sem limites. Espero que todos nós, democratas sinceros, tenhamos a sensatez de não tentar pagar na mesma moeda o que hoje eles fazem.
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