MIRANDA SÁ -
Foi na velha Grécia que surgiu uma corrente filosófica chamada Cinismo, obedecendo ao ensinamento de Sócrates que repudiava o supérfluo e o excesso de bens materiais. O seu fundador foi Antístenes, discípulo do velho Filósofo.
A denominação vem do grego, “kynikós”, originária dekýon, que
significa cão, cachorro, porque Antístenes dormia e pregava num canil
aos seus alunos. A palavra foi traduzida para o latim como “cinicus”,
daí passando para as línguas neo-latinas.
Essa corrente filosófica ensinava que o propósito da vida era viver
na virtude, de acordo com a natureza. Mais tarde, o famoso Diógenes de
Sínope (aquele que andava nas ruas durante o dia com uma lanterna nas
mãos à procura da Verdade ), difundiu o cinismo como uma filosofia de
vida, exaltando um tipo de comportamento social na prática diária.
A renúncia aos bens materiais e preocupações para alcançar a
felicidade, tal como defendia Diógenes, difundiu-se em Roma tornando-se
um movimento de massa, com agitadores defendendo seus princípios por
toda Itália. Há historiadores que afirmam terem os cristãos primitivos
adotado sua retórica e ascetismo.
Na Idade Média esta doutrina finalmente definhou, reaparecendo mais
tarde com outra conotação, a desfaçatez, defesa de atos imorais e a
falta de vergonha; um epíteto que foi usado nos tempos atuais contra o
movimento hippie.
Como é costume dizer, a voz do povo é a voz de Deus. Assim, a palavra
cinismo incorporou-se à linguagem popular, e está dicionarizada como
descaramento, hipocrisia, impudicícia e oportunismo.
Essa desfiguração de uma filosofia pura subverteu os seus princípios,
com os cínicos de hoje defendendo a prática infame de “quero levar
vantagem em tudo” ou “tudo por dinheiro”. Para os cínicos, viver é lutar
pela fama e pela conquista e manutenção do poder. Esta falta de
escrúpulos se revela numa declaração do diretor do Instituto Lula, Paulo
Okamoto.
Explicando a atuação do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João
Vaccari Neto, com as propinas do Petrolão, Okamoto declarou: “As
empresas estão ganhando dinheiro. Não precisa corromper ninguém.
Funciona assim: Você está ganhando dinheiro? – ‘Estou’. Você pode dar um
pouquinho do seu lucro para o PT? Posso, não posso. É o que espero que
Vaccari tenha feito”.
É certo que o diretor do Instituto Lula expresse o pensamento do
Chefão. E também que tal opinião, de cinismo vulgar, tenha sido levada à
época do Mensalão a Delúbio Soares, o tesoureiro que antecedeu a
Vaccari. Delúbio também foi preso por achacar empresários para engordar a
caixinha do PT…
Esta depravação é fluente na ideologia degenerada do lulo-petismo,
sem dúvida. Veja-se que na delação premiada do empreiteiro Ricardo
Pessoa, dono da UTC, ouviu-se – e está gravado – que Vaccari procurou-o,
pedindo uma colaboração para José Dirceu, que às vésperas da prisão
precisava pagar algumas despesas pessoais. Pessoa contribuiu na época
com R$ 2,3 milhões.
Praticando o cinismo lulista, o atual chefe da Comunicação do
PT-governo, Edinho Silva, desconfiou e calou-se sobre a origem do
dinheiro que proveu a campanha para reeleição de Dilma. E, talvez por
isso, convive com a Presidente no Palácio do Planalto…
Também o hierarca do PT José Eduardo Cardozo, ocupando o Ministério
da Justiça, dá provas de adotar esse despudor, ao convidar advogados de
empreiteiros para uma conversa em seu gabinete.
Neste quadro revoltante, acrescente-se a desmoralização da categoria
profissional de Consultoria, com a multiplicação de consultores
propineiros petistas, aptos a trabalhar numa lavanderia de dinheiro por
sua atividade imoral e ilegal.
Como se vê, a tão decantada “esquerda petista”, tem como dirigentes
pessoas de um cinismo revoltante. Para muitos brasileiros, esta
constatação é desconcertante; mas não choca a “militância” que se
banqueteia com a desonestidade, degustando as iguarias da corrupção e
arrotando socialismo de barriga cheia…
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extraídadetribunadaimprensaonline





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