Jornalista Andrade Junior

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Marina Silva é a personagem política mais reacionária e arrogante do país

Reinaldo Azevedo

Marina Silva é a personagem política mais reacionária e arrogante do país; nesse particular, ela venceu Lula!

Perguntaram a Marina Silva se a “Rede da Sustentabilidade”, partido que pretende criar, será oposição ou situação. Ela respondeu: “Nem oposição nem situação, precisamos de posição”.
Perguntaram a Marina Silva se o partido que pretende criar será utópico ou pragmático. Ela respondeu: “Será sonhático”.
Neste sábado, ela reuniu os “marineiros” para dar largada à criação da legenda que não é nem oposição nem situação, mas “posição”; que não é nem pragmático nem utópico, mas “sonhático”… Estava no melhor da sua forma, e isso quer dizer, então, que ninguém entendeu quase nada do que ela disse, mas todos acharam genial. Como diria Gabriel Chalita aos oito anos (segundo seu testemunho), aos devolver a uma mitológica professorinha um livro de Sartre (!?!?!?) que ela lhe emprestara: “Não entendi nada, mas adorei!”. Adorar sem entender parece ser uma vocação destes tempos…
Sim, Marina falou bastante. Um dos trechos mais encantadores da sua fala é este: “Estamos vivendo uma crise civilizatória e não temos o repertório necessário para enfrentá-la. A crise política e de valores faz com que a gente separe a crise política da crise econômica”…
Vamos pensar.
Estamos vivendo uma crise civilizatória??? Eu sei que pode parecer estranho afirmar isso, leitores, mas, como comunidade humana, nunca fomos tão felizes — ainda que possa haver muita infelicidade no mundo, é certo. Vamos ver. 1: nunca antes na história deste mundo tantos homens viveram sob regime democrático; 2: nunca antes na história deste mundo os seres humanos tiveram vida tão longa; 3: nunca antes na história deste mundo houve tanta comida e tão barata; 4: nunca antes na história deste mundo tivemos tantos remédios para nossos males; 5: nunca antes na história deste mundo houve tantas crianças com acesso à educação; 6: nunca antes na história deste mundo houve tantos humanos com saneamento básico; 7: nunca antes na história deste mundo houve tão poucas guerras; 8: nunca antes na história deste mundo, as guerras mataram tão pouco como nos últimos 50 anos…
Ao contrário do que diz Marina, nunca antes na história deste mundo tivemos, como espécie, um repertório tão grande para responder aos desafios que nos impõem a natureza e a civilização. Marina andou abusando de algum creme “anti-idade”, como se diz hoje em dia? Do que ela está falando?
Uma fala tonta como essa soa verdadeira para a geração maluco-natureza, que gosta mais de matinho e de bichinho do que de gente. Não! Eu não quero acabar com o matinho nem matar o bichinho, mas a minha medida para avaliar a “civilização” — já que esta senhora pretende ser, assim, grandiosa — ainda é o ser humano. Não existe a civilização dos sapos. Não existe a civilização dos bagres. Não existe a civilização dos jacarés. Mas existe a civilização dos homens.
Arrogância
Essa história de que a humanidade não tem o “repertório necessário” para enfrentar a suposta “crise civilizatória” é uma das bobagens mais arrogantes que ela já disse. Até porque esse “nós”, em falas com esse grau de generalização, costuma excluir quem fala. Traz o sotaque inconfundível dos profetas. Marina acha, de fato, que os outros — o resto do mundo — não têm o repertório, mas ela… Ah, ela tem, sim! Ela viu “a” coisa! Tomou o lugar de Moisés e recebeu as novas Tábuas da Lei no Sinai. 
O que me espanta — e isto, sim, é sintoma de uma formidável crise de ignorância que toma conta da imprensa e dos meios acadêmicos — é que não se constate o caráter obviamente reacionário dessa fala. Quando alguém diz que “vivemos uma crise e não temos repertório”, afirma, de modo oblíquo, que, nas crises passadas, o tal repertório existia. O que parece “progressista” no discurso de Marina é, no fim das contas, regressista. Ela tem saudade de um passado que nunca houve.
Existe uma crise civilizatória, e Marina pretende enfrentá-la não sendo nem situação nem oposição, mas posição; não sendo nem utópica nem pragmática, mas sonhática.
Entendi.
Como disse neste sábado a minha mulher, “deem uma crise civilizatória para Marina que ela sabe como responder ao desafio: criando um novo trocadilho”.
Por Reinaldo Azevedo

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