Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

terça-feira, 30 de junho de 2015

"Reflexões sobre o volume morto",

 por Fernando Gabeira O GLOBO

Há perdas na economia e na credibilidade do sistema político



Lula teve alguns momentos de sinceridade na última semana. Disse que tanto ele como Dilma estavam no volume morto e que o PT só pensa em cargos. Ele se referiu ao volume morto num contexto de análise de pesquisas, que indicavam a rejeição ao governo e ao PT.
Nesse sentido, volume morto significa estar na última reserva eleitoral. No entanto, o termo deve ser visto de forma mais ampla.
Estar por baixo nas pesquisas nem sempre significa um desastre. Em alguns momentos da História, o próprio PT, e disso me lembro bem, não alcançava 10% dos eleitores, mas tinha esperança, e os índices não abalavam sua autoestima. O volume morto em que se meteu agora é diferente. Ele indica escassez da água de beber e incapacidade energética, depois de 12 anos de governo. Foi um tempo em que, sob muitos aspectos, andamos para trás.
Há perdas na economia, na credibilidade do sistema político, todo um projeto fracassado acabou jogando o país também num volume morto. Há chuvas esparsas como a Operação Lava-Jato, mas elas caem muito longe dos reservatórios do PT. Tão longe que ajudam a ressecar ainda mais o terreno lodoso que ainda abastece as torneiras petistas.
Lula pode estar apenas querendo se distanciar de Dilma e do PT. Ele a inventou como estadista e agora bate em retirada. E quanto ao PT, quem vai rebater suas críticas e arriscar o emprego e a carreira? Pois é esse o combustível de seus quadros.
Há cerca de uma década escrevi um artigo intitulado “Flores para os mortos”, no qual afirmava que uma experiência com pretensão de marcar a História terminava, melancolicamente, numa delegacia de polícia. Foi muito divulgado, e na internet usaram até fundo musical para compartilhá-lo. O título é inspirado numa cena do filme de Luis Buñuel, a florista gritando na noite: “Flores, flores para os mortos”.
Devo ter recebido muitas críticas dos petistas. Passados dez anos e algumas portas de delegacia, hoje é o próprio líder que admite a incapacidade política de Dilma e a voracidade dos seus seguidores.
Olho para esse tempo com melancolia. Ao chegar ao Brasil, os tempos do exílio não pesavam tanto. O futuro era tão interessante, o processo de redemocratização tão promissor que compensavam o passado recente. Agora, não. O futuro é mais sombrio porque a tentativa de mudança foi uma fraude, a própria palavra mudança tornou-se suspeita: poucos creem que o sistema político possa realizar os anseios sociais.
Lula fala em esperança para sair do volume morto. Mas que esperança pode arrancá-los do volume morto quando o próprio líder, apesar de sua sinceridade ocasional, não consegue vislumbrar uma saída? Lula repete aquela frase atribuída ao técnico Yustrich: “Eu ganho, nós empatamos, vocês perdem”.
Lendo no avião uma entrevista do escritor argelino Kamel Daoud, muito criticado pelos muçulmanos mais radicais do seu país. O título da entrevista é: “Nem me exilar, nem me curvar”.
Uma de suas respostas me tocou fundo. O repórter perguntou: “Como você, depois de viver anos ligado aos Irmãos Muculmanos, conseguiu escapar desse mundo?”. “Leitura, muita leitura”, respondeu Kamel Daoud.
O resto da viagem fiquei pensando como teria sido bom para a esquerda brasileira leitura, muita leitura, para poder escapar da sua própria miopia ideológica.
Na verdade, ela mastigou conceitos antigos, cultivou políticas retrógradas, como essa de apoiar o chavismo, e se perdeu nos escaninhos dos cargos e empregos. Ela me lembra os jovens do filme “O muro”. Um dos seus ídolos acaba como porteiro de hotel, e é melancólica a cena em que os admiradores o descobrem, paramentado, carregando malas.
Leitura, muita leitura, não importa em que plataforma, talvez impedisse a esquerda de ver seu predestinado líder proletário trabalhando como lobista de empreiteiras. Talvez nem se chamaria mais de esquerda.
Um dos mais ricos petistas critica os outros por só pensarem na matéria. A realidade surpreendeu todas as previsões da volta ao exílio, tornou-se uma espécie de pesadelo.
Tomara que chova nos reservatórios adequados e as forças que caíram no volume morto continuem por lá, fixadas na única esperança que lhes resta: sobreviver.
O país precisa sair do volume morto, reencontrar um nível de crescimento, credibilidade no seu sistema político. Hoje o país é governado por um fantasma de bicicleta e um partido de míseros oportunistas, segundo seu próprio líder, chamado de Brahma pelas empreiteiras.








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"Capitalismo companheiro", por Gustavo Franco

por Gustavo Franco O Globo
Seria de uma pretensão sem tamanho imaginar que o Brasil inventou a malversação, ou uma nova forma de capitalismo acinzentado. Temos nossas contribuições, é verdade, mas não se pode perder de vista que estamos diante de um dos grandes temas de nosso tempo, quem sabe uma epidemia global, todavia, já plenamente identificada na literatura especializada, sobre a qual vale se debruçar para melhor entender o que se passa conosco.
A palavra “cronismo” não existe em português, mas temo que em pouco tempo será um desses neologismos que aborrecem o senador Aldo Rebelo e que, não obstante, adornam e enriquecem o idioma.
A palavra crony surge na Inglaterra no século XVII, vinda do grego khronios (nesse caso, um estrangeirismo isento de tributação), significando “de longa duração”, e progressivamente se tornou uma gíria para designar amigos, afilhados, capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha ou irmãos no crime.
A referência ao cronismo, e mais ainda a um capitalismo crony, de ampla utilização na literatura econômica e sociológica, é bem mais recente e cresceu em alusão a regimes onde as formas de organização das trocas econômicas são tais que pouca coisa importante pode ocorrer sem alguma forma de favoritismo, arbitrariedade ou corrupção. Não há predominância dos mercados, senão na aparência, mas um “controle social” das transações e mercantilização da ação do Estado.
A primeira onda de estudos sobre cronismo veio com a crise da Ásia e com a percepção que este tinha sido o fator a desarrumar muitos dos países outrora designados como “tigres”, mas que tinham retroagido a políticas mais protecionistas, mercantilistas e amistosas demais a grandes grupos nacionais familiares.
Em seguida, e não por acidente, o cronismo se tornou um grande tema nos regimes que sucederam o socialismo na Rússia e na China, onde os velhos aparelhos repressivos se privatizaram em relações nebulosas com o governo formando uma espécie de capitalismo mais selvagem que os do Ocidente e particularmente afetado por esquemas pessoais, clientelismo, nepotismo e corrupção.
Depois de duas décadas do sepultamento do socialismo é certo dizer que esta nova forma de capitalismo dirigido, desregrado, exagerado e deturpado, onde existe um pântano envolvendo as relações entre o público e o privado, espalhou-se em muitos lugares, embora em variados graus, e ameaça a economia e a política através de ângulos inusitados.
É claro que os elementos constitutivos do cronismo sempre existiram — como as máfias, as bruxas, a corrupção e o favoritismo, para não falar dos inúmeros formatos para a alocação de recursos através de relações pessoais, seletivas, corporativas, familiares, relacionais e em oposição às relações de mercado.
O que é novo, entretanto, é a hegemonia do cronismo sobre os Estados nacionais, a ponto de estabelecer as agendas de políticas públicas e os andamentos maiores da economia, e pior, a “monetização” da intervenção do Estado. Esse capitalismo de quadrilhas, comparsas, gangues, máfias, laços ou companheiros, assume variadas vestimentas ideológicas, conforme o contexto, meros disfarces, sua lógica é simples: a pilhagem.
Sem conhecer o Brasil, esteve aqui faz duas semanas o professor Luigi Zingales (da Universidade de Chicago), com o propósito de lançar seu novo livro (intitulado “Um capitalismo para o povo”), onde estabelece uma disjuntiva que procura explicar os modelos econômicos que se organizaram depois da Queda do Muro. Seu foco reside sobre a natureza do relacionamento entre o público e o privado, onde ele distingue dois regimes ideais, que designa como “pró-negócio” e os “pró-mercado”.
“Pró-negócio” é o regime do cronismo, onde o público e o privado se embaralham, mais ou menos como na velha boutade entre Bernard Shaw e a bela bailarina que lhe propôs um filho com a beleza dela e a inteligência dele. Pois os regimes “pró-negócio” são aqueles onde os objetivos são os privados e a eficiência é a pública, o pior dos dois mundos, a verdadeira pirataria.
O regime “pró-negócio” está longe de ser anticapitalista. Talvez se possa dizer o exato oposto: é a privatização do Estado e o capitalismo degenerado.
O regime “pró-mercado” é fundado na competição e na impessoalidade, o velho capitalismo, como a democracia, o melhor de todos os regimes ruins. Não se trata de Estado mínimo, nem de qualquer visão romântica sobre o modo como o capitalismo funciona. Mas de trabalhar as virtudes do sistema, que deve enfatizar a democracia e a horizontalidade, enquanto o cronismo procura sempre a seletividade e a arbitrariedade. Em vez de competição, meritocracia e impessoalidade, o regime do cronismo estabelece a discricionariedade para escolher seus “campeões” com bases em prioridades ad hoc e, às vezes, buscando apoio no nacionalismo ou no politicamente correto.
É claro que Zingales fala de coisas familiares: a oposição entre seus dois regimes se sobrepõe a antigos dilemas nossos, por exemplo, entre a casa e a rua (do antropólogo Roberto DaMatta), ou entre o patrimonialismo e o mercado, entre o nepotismo e o concurso, o favoritismo e a licitação, os campeões nacionais e as empresas comuns.
O cronismo desembarcou no Brasil pelas mãos do PT, que em 2008, passa de uma postura passiva e envergonhada, para outra de extroversão onde parecia atacar cada um dos pressupostos dos consensos internacionais em políticas públicas. Na ocasião, o ministro Guido Mantega proclamou: “O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado.”
E lá fomos nós procurando ser “chineses”, ou ganhar o Nobel em economia, através de várias “opções estratégicas”, como as escolhas para o petróleo, e, mais genericamente, em todas as frentes de políticas públicas onde se buscou confrontar as soluções de mercado pois, segundo se dizia, o “capitalismo não regulado” havia fracassado no mundo inteiro.
Seis anos e muitos escândalos depois, passando por prejuízos bilionários, heterodoxias, pedaladas, e outras tantas coisas horríveis que cabem muito bem dentro do figurino internacional do cronismo, é bastante claro que essa nova matriz não apenas fracassou no tocante ao desempenho da economia, como desandou em um oceano de irregularidades e crimes.
É um fracasso histórico da maior importância, e que traz, como boa notícia, a demonstração de que o Brasil possui anticorpos poderosos contra o cronismo (nos órgãos de controle, no Judiciário e na mídia).
Fará muito bem ao país identificar e punir os crimes cometidos bem como reforçar instituições que evitem que ideias extravagantes sobre a economia tornem o Brasil mais vulnerável ao cronismo.




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O dia seguinte pior do que a véspera

Carlos Chagas
Como mestre Helio Fernandes repete faz muito, “no Brasil o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera”. Foi dinamite puro a delação premiada de Ricardo Pessoa, dono das construtoras UTC e Constran, líder do grupo de empreiteiras que assaltou a Petrobras. O personagem está preso em casa e mais ficará depois de condenado, ainda que no papel de delator possa ver reduzida parte da pena a que fará jus. Seu depoimento ao Ministério Público começou a ser vazado no fim de semana e envolve nomes ilustres do governo e do Congresso. Deixa mal muitos potentados, ainda que a argumentação de todos seja de que recolhiam doações legítimas para campanhas eleitorais variadas. Como a maior parte dos recursos distribuídos provenha de contratos superfaturados das empreiteiras com a Petrobras, quem quiser que tire suas conclusões.
Fosse Itamar Franco presidente da República, como foi, e já estariam fora de seus cargos ministros como Aloízio Mercadante e Edinho Silva, com instruções para defender-se fora do governo e a possibilidade de voltar caso comprovada sua inocência. Itamar não perdoava as dúvidas. Com o PT no poder tem sido diferente: tanto o Lula, antes, como Dilma, agora,a estratégia é reunir os acusados para elaborar estratégias de defesa. Também, até as campanhas eleitorais do antecessor e da sucessora estão sob suspeição.
Efeitos políticos devastadores estão por acontecer, se é que já não começaram, envolvendo o PT, o PMDB, o PP, até o PSDB e outros partidos. A elucidação completa da roubalheira afetará líderes de prestígio e poderá refletir-se nas próximas eleições, tanto as municipais do ano que vem quanto as nacionais de 2018. Até a candidatura do Lula está sendo afetada. Nas últimas pesquisas ele perde por dez pontos para Aécio Neves. O PT anda em queda livre e perderá em número de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e governadores.
EFEITOS ECONÔMICOS
As consequências políticas das sucessivas revelações da corrupção institucionalizada, porém, são menores do que os efeitos econômicos. A perda de credibilidade nas instituições virou uma constante, alimentando o desemprego, a alta de preços, impostos e tarifas, além da inflação e da supressão de direitos sociais como forma de o governo enfrentar a crise. Mais do que rejeitar, a população repudia os que deveriam conduzi-la.
Ricardo Pessoa ficou preso seis meses em estabelecimento penal de Curitiba, mas já cumpre prisão domiciliar, assim como muitos outros envolvidos no chamado petrolão, sem esquecer os réus do mensalão. Não deixa de ser estranha a evidência de que cadeia, mesmo, é para ladrão de galinha. Essa parece a diferença entre a véspera e o dia seguinte…





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Não há inquérito contra Lula, mas ele está sendo investigado…

Carlos Newton

Como não ficou suficientemente esclarecida essa história do habeas corpus preventivo, impetrado no Tribunal Federal Regional da 4ª Região em favor do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva, é sempre bom recapitular, para deixar as coisas bem claras.
Versão 1 – No Planalto, por exemplo, foi recebida com certa decepção e frieza a notícia de que o juiz federal Sérgio Moro havia esclarecido que não existe na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba investigação em curso sobre Lula. Dilma e seus ministros mais próximos querem que o ex-presidente vá cuidar de sua vida e os deixe em paz.
Versão 2 – Mas no PT e no Instituto Lula, a mesma notícia foi gloriosamente comemorada, só faltaram estourar alguns daqueles champagnes finíssimos que Lula trouxe do Palácio Alvorada em caminhões refrigerados da Granero, quando voltou a morar em São Paulo.
Nem tanto ao céu nem tanto à terra, como se dizia antigamente. A verdade é que Lula ainda não está sendo pessoalmente investigado, mas já existem apurações da operação Lava jato que sem dúvida o envolvem, direta ou indiretamente.
O QUE DISSE O JUIZ
O juiz Sérgio Moro emitiu apenas uma pequena nota oficial sobre o habeas corpus preventivo. Como sempre faz, o magistrado paranaense mediu bem as palavras, para evitar mal-entendidos. “A fim de afastar polêmicas desnecessárias, informa-se, por oportuno, que não existe, perante este Juízo, qualquer investigação em curso relativamente a condutas do Exmo. ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou.
Notem que ele se referiu especificamente a “condutas” de Lula, ou seja, procedimentos ou malfeitos da autoria pessoal do ex-presidente. Ao mesmo tempo, o juiz se reportou a “qualquer investigação em curso”.
Como se sabe, não é a 13ª Vara Federal Criminal que realiza as investigações. Quem o faz é a força-tarefa, formada pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República no Paraná. O juiz, na fase da investigação, apenas despacha pedidos da força-tarefa. Quando é feita e aceita a denúncia do Ministério Público, aí se inicia o processo judicial a cargo da 13ª Vara. Simples assim.
PROCURADOR ESCLARECE
Como disse quinta-feira o coordenador da força-tarefa, procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista a Germano Oliveira, de O Globo, a operação Lava Jato ainda não chegou nem a 25% das investigações. Vejamos o que afirmou o representante do Ministério Público:
Como viu o pedido de habeas corpus feito em favor do ex-presidente Lula?
Achei muito divertido. A peça beira a ofensa pessoal ao juiz Sérgio Moro. Coisa absurda os termos da peça. Até porque não há investigação envolvendo a pessoa do ex-presidente. O que temos é a investigação de diversos prestadores de serviços para as empreiteiras. Nesse âmbito, surgiu a empresa Lils, que seria do ex-presidente. Mas isso não é suficiente. Entre as empresas prestadoras de serviço investigadas está a de Lula. Agora, o método de lavagem de dinheiro é a prestação de serviços. No caso da Lils, sabemos que o ex-presidente faz palestras efetivamente.
Acha que o dinheiro que o ex-presidente e o Instituto Lula recebem de empreiteiras tem algo de ilegal?
Precisamos analisar isso com cuidado. Enquanto a prestação de serviços exige contrapartida comercial, para o instituto não há efetivamente uma contrapartida, é uma doação. Vamos precisar analisar com cuidado esses valores e as motivações dadas para os pagamentos dessas doações.
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PS –
Traduzindo tudo isso: Lula não se livrou de nada. Pelo contrário, ainda terá muita coisa a explicar. Quanto a Dilma, não existe delação premiada seletiva, visando a desestabilizá-la. O que existe é delação premiada, que só vale se houver provas materiais. Lula e Dilma têm um encontro marcado com o fracasso. (C.N.)






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"Envolvidos na Lava-Jato não são os heroicos inconfidentes",

por Miriam Leitão O Globo

A presidente Dilma foi infeliz na comparação histórica que fez entre Ricardo Pessoa, da UTC, e Joaquim Silvério dos Reis. O que o empreiteiro Ricardo Pessoa está entregando não é um movimento de independência do Brasil, como foi a heroica Inconfidência Mineira. Ele está delatando crimes contra o erário, saque da maior empresa do Brasil, desrespeito às leis eleitorais e, se o que diz for confirmado, estará prestando um serviço, por mais detestável que tenham sido seus atos passados como integrante do grupo que praticou esses crimes.
Dilma disse que aprendeu em Minas Gerais, com as professoras, a não gostar de Joaquim Silvério dos Reis. De fato, essa é uma lição que se aprende no Brasil, mas especialmente em Minas Gerais. Dilma disse que “não respeita delator”. Mas a lei brasileira prevê o que está acontecendo neste momento: a colaboração à Justiça por parte dos envolvidos. Por isso, as informações prestadas por Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Pedro Barusco e, agora, Ricardo Pessoa estão abrindo uma oportunidade para o Brasil corrigir erros, recuperar dinheiro desviado e prevenir crimes.
A presidente errou na comparação porque nesta história não há heróis como Tiradentes. Nem ela, nem os ministros citados na confissão do empresário são comparáveis aos que conspiraram contra a opressão colonial e sonharam com a liberdade mesmo que ela tardasse a surgir.
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Joaquim Barbosa critica Dilma: "Nunca vi um Chefe de Estado tão mal-assessorado"

Por iG São Paulo
 Ex-ministro do Supremo soltou o verbo contra a equipe de Dilma e disse ainda que a "Constituição não autoriza o presidente a 'investir politicamente' contra as leis vigentes"

Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, criticou a equipe de Dilma Rousseff logo após a declaração da presidente sobre delação premiada. Dilma afirmou em entrevista durante visita oficial aos Estados Unidos não respeitar o recurso que vem sendo usado por investigados na operação Lava Jato em troca de redução de pena.
"Eu não respeito delator. Até porque estive presa na ditadura e sei o que é que é. Tentaram me transformar em uma delatora", disse a presidente.
Barbosa usou seu perfil na rede social Twitter para alfinetar Dilma e sua equipe. Segundo ele, delação premiada é um recurso previsto em lei e deve ser respeitado.
"Há algo profundamente errado na nossa vida pública. Primeiro: nunca vi um Chefe de Estado tão mal-assessorado como a nossa atual Presidente. Assessoria da Presidente deveria ter lhe informado o significado da expressão 'law enforcement': cumprimento e aplicação rigorosa das leis. Zelar pelo respeito e cumprimento das leis do País: esta é uma das mais importantes missões constitucionais de um presidente da República! (...) Nossa Constituição não autoriza o Presidente a 'investir políticamente' contra as leis vigentes, minando-lhes as bases. Caberia à assessoria informar a Presidente que: atentar contra o bom funcionamento do Poder Judiciário é crime de responsabilidade!"
"Reflitamos coletivamente: vocês estão vendo o estrago que a promiscuidade entre dinheiro de empresas e a política provoca nas instituições? Esqueci de dizer: 'colaboração' ou 'delação' premiada é um instituto penal-processual previsto em lei no Brasil! Lei!!!", finalizou Barbosa na noite de segunda-feira (29).









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OS AMIGUINHOS DE MADURO!

Percival Puggina
Um grupo de senadores resolveu fazer o que o governo brasileiro não fez quando aqui estiveram as esposas dos dois principais líderes oposicionistas buscando solidariedade da presidente Dilma. No dia 18 deste mês, os senadores foram a Caracas para uma visita aos líderes oposicionistas presos há mais de um ano pelo regime comunista implantado no país. Queriam chamar a atenção para a tirania instalada num país onde incitar manifestações contra o governo dá cadeia. O comunismo quebrou a Venezuela, como se sabe, mas ai de quem expresse desgosto. A visita deu no que se sabe: ruas bloqueadas, senadores abandonados pela representação brasileira e confinados ao aeroporto, de onde retornaram sem cumprir o que se haviam proposto. Uma semana depois, outro grupo, com integral apoio da representação brasileira e dispondo de batedores para circular com maior liberdade, circulou por Caracas. Eram todos amigos do regime, conhecidos por suas devoções aos regimes cubano e bolivariano: Roberto Requião, Vanezza Grazziotin, Lindbergh Farias e Telmário Mota. Foram recebidos pelo narcotraficante presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello e por alguns oposicionistas. Não passaram nem perto do presídio onde estão presos os principais líderes da oposição. No que diz respeito à situação política local, entraram mudos e saíram calados. Suas únicas críticas foram dirigidas aos próprios colegas participantes da comitiva que os antecedeu. Arre!






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JOÃOZINHO, MARIA E SEUS GÊNEROS

por Percival Puggina

Nota oficial do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, braço freudiano do PT, informa que se a ideologia de gênero não for incluída nos planos decenais de educação, Joãozinho e Maria estarão sob forte possibilidade de se tornarem agentes ou vítimas de "discriminações, exclusões e iniquidades decorrentes das relações de gênero e sexualidade". Leia a íntegra aqui: www.crprs.org.br/noticias_internas.php?idNoticia=2971.
Estou à espera de que alguém me indique o motivo pelo qual, numa sala de aula onde o bullying faz sofrer o aluno mais gordo, o mais baixo, o gago, o de óculos, o que tem maiores dificuldades de aprendizagem, a única forma de discriminação que causa rebuliço nos legislativos e suas galerias é a discriminação por motivo de conduta sexual. Pergunto: o respeito não é devido a todos, sempre? Por que eleger o sexo como essência do convívio respeitoso, num espaço onde há tanto desrespeito, inclusive ao professor? E note-se: o preconceito e muitos outros males se instalaram nas escolas precisamente quando elas se assumiram como lugares de "construção da cidadania" ou de revolução social.
A partir do momento em que o Congresso Nacional suprimiu do Plano Nacional de Educação as referências a gênero, adotando preceito corretíssimo "(...) erradicação de toda forma de discriminação", certas organizações foram à loucura. Através do Ministério de Educação, manietaram a lei e criaram um hospício legislativo, obrigando estados e municípios a deliberar novamente sobre o assunto.
O que não dizem, e só é conhecido por quem acompanha os debates nacionais e internacionais sobre as ditas questões de gênero, é que essa ideologia pretende ensinar crianças e adolescentes que não existe aquilo que existe - a homossexualidade masculina e feminina, e o sexo com o qual se nasce. Não satisfeitos, afirmam, lisamente, que o gênero é uma construção e que convencer as crianças disso faz parte indispensável da "desnaturalização dos papeis de gênero e sexualidade" (leia a nota, está tudo lá).
Ora, incutir tal disparate na cabeça das crianças da mais tenra idade, mediante imposição legislativa, usando a sala de aula e a autoridade do professor, é uma fraude à biologia e à experiência humana. Introduzir esse conteúdo em cartilhas e figurinhas com o intuito de formatar mentes infantis, afronta sua inocência e invade os direitos educativos dos pais. É perversa manipulação e agressão ao ECA. Combata-se o bullying, ensine-se a igual dignidade de todas as pessoas independentemente de suas diferenças naturais, mas não se obrigue crianças e adolescentes, como parte da atividade escolar, a aprender errado sobre sua própria natureza.

Diferentemente do que pretende o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, retirar esses conteúdos dos planos estaduais e municipais de Educação não é "excluir o respeito à diversidade sexual". Ao contrário, colocar foco exclusivamente nessa pauta é discriminar o universo dos desrespeitados. Quem merece respeito é a pessoa humana, sempre. A escola deve ensinar a não discriminação em quaisquer circunstâncias. E ponto. O resto é, deliberadamente, criar grave desorientação e ensinar errado, por ideologia ou perversa intenção.





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Sobre mandiocas, rolas e sertanejos

Façamos justiça. A presidente Dilma tem feito enorme esforço para se tornar
mais exótica 

RUTH DE AQUINO EPOCA

 Os brasileiros reclamam quando estrangeiros chamam nosso país de “exótico”. Natural. Há uma tendência de defender o que é nosso do olhar gringo. Só nós podemos meter o pau. Mas, quando colocamos o pé fora do Brasil, percebemos que somos mesmo para lá de exóticos. Longe, conseguimos até rir de nossa República da Mandioca. Melhor mandioca que banana.

Façamos justiça. A presidente Dilma tem feito enorme esforço para se tornar mais exótica. Seus últimos discursos podem tirar emprego de muito humorista. O mais recente, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é intraduzível em qualquer idioma. “Nós estamos comungando a mandioca com o milho. E, certamente, nós teremos uma série de outros produtos que foram essenciais para o desenvolvimento de toda a civilização humana ao longo dos séculos. Então, aqui, hoje, eu estou saudando a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil.”

Depois da mandioca, foi a vez de saudar a bola e a mulher. “Essa bola vem de longe, da Nova Zelândia. E é uma bola que eu acho que é um exemplo, ela é extremamente leve. Eu já testei e ela quica. Eu testei, eu fiz assim uma embaixadinha, minto, uma meia embaixadinha. (…) Então, o esporte tem essa condição, essa bênção. Ele é um fim em si. (…) Então, para mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em Homo sapiens ou mulheres sapiens.”

Sei que o discurso “indignou” muitos e serviu para que a presidente fosse ridicularizada. Mas eu até simpatizei e morri de rir. Gente, é esse o Brasil, o Brasil da mandioca, das rolas e dos sertanejos, era um discurso para índios em Brasília. O Brasil que se diz laico e vê um bando de marmanjos deputados erguer os braços na Câmara em transes pentecostais.

É exótico ver a Dilma rodando de bicicleta em Brasília, enquanto a crise pega todo mundo, miserável, pobre, rico e a classe média gigantesca, traída e amorfa. Dilma tenta tudo de marketing pessoal, além da dieta milagrosa que a deixou elegante e lépida, para fazer o país esquecer sua aliança com os pastores evangélicos. A banda mais reacionária, conservadora ao extremo, que recebeu dela isenções para igrejas. É o dízimo gordo do Planalto, o cala-veto.

Se Dilma criou, num discurso jocoso, a espécie “mulheres” sapiens, Eduardo Cunha, Silas Malafaia e seguidores tentam criar o “hétero” sapiens como a única espécie saudável e legítima para formar uma família. Isso não é só exótico, é perigoso. A ex-guerrilheira feminista estende o tapete vermelho para o neo-PMDB pentecostal, que não respeita o direito da mulher a seu corpo e ao aborto em qualquer circunstância, e que defende mudanças no Estatuto do Desarmamento para armar a população. No meio da crise, aprova a construção do bilionário ParlaShopping, para abrigar com pompa a Câmara e sua maioria de... como disse o ex-Lula... “picaretas”?

Dilma reza para todos os deuses, mas não cala seu diabinho criador, Lula, o opositor transgênero. Lula afirma que o PT de Dilma acabou com os sonhos e utopias, traiu trabalhadores e aposentados e “só pensa em cargos”. O que é isso, ex-companheiro, além de jogo de cena? Um dia após o outro, para padres ou laicos, Lula aperta a garganta de Dilma, a acusa de ter mentido na campanha e tenta se desvincular dela e do PT para salvar sua pele e o lulismo. Como se ele nada tivesse a ver com o que está aí. Como traduzir para um estrangeiro?

É o exótico patropi, uma casa brasileira com certeza. Onde um dos mais conceituados e mais populares jornalistas multimídia do Brasil, Ricardo Boechat, manda o pastor Malafaia “procurar uma rola”, em vídeo postado em rede social. Boechat chamou o pastor de “paspalhão e otário” e “tomador de grana de fiel”. O pastor tinha acusado Boechat de “idiota” e de “falar asneira” por comentar que igrejas neopentecostais incitam a intolerância religiosa e criam o ambiente para ataques como as pedradas em uma menina de 11 anos, praticante do candomblé. Dá para imaginar a situação, com personagens semelhantes, em outro país?

A rola provocou uma histeria nas redes sociais, com torcidas pró e contra. Uma histeria só comparável, em temperatura, à que se seguiu à morte trágica, em acidente de carro, do cantor Cristiano Araújo, o “sertanejo universitário” adorado por multidões, mas desconhecido por quem não gosta de música sertaneja. Um rolo compressor de mídia lacrimosa irritou quem nunca havia ouvido Cristiano cantar. Os fãs se irritaram com a “elite” que não curte música sertaneja, como se fosse uma traição à brasilidade. E, para culminar, Fátima Bernardes se confundiu e lamentou ao vivo a morte de “Cristiano Ronaldo”. O Brasil é muito exótico. Xô, ódio. Só o humor nos salva. Amém.

 

 

 

 

RECEBIVIAEMAIL

Em nota dura, Aécio critica Dilma por fazer comparação despropositada

REINALDO AZEVEDO
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, divulgou uma nota com uma dura crítica à presidente Dilma Rousseff ter comparado os delatores da operação Lava Jato com presos políticos do regime militar. Leiam o texto.
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As novas declarações da presidente Dilma Rousseff, dadas hoje, em NY, atestam o que muitos já vêm percebendo há algum tempo: a presidente da República ou não está raciocinando adequadamente ou acredita que pode continuar a zombar da inteligência dos brasileiros.
Primeiro, ela desrespeitou seus próprios companheiros de resistência democrática ao compará-los aos atuais aliados do PT acusados de, nas palavras do Procurador Geral, terem participado de uma “corrupção descomunal”.
A presidente chega ao acinte de comparar uma delação feita, dentro das regras de um sistema democrático, para denunciar criminosos que assaltaram os cofres públicos e recursos pertencentes aos brasileiros, com a pressão que ela sofreu durante a ditadura para delatar seus companheiros de luta pela democracia.
A presidente realmente não está bem.
É preciso que alguém lhe informe rapidamente que o objeto das investigações da Polícia Federal, do MPF e da Justiça não são doações legais feitas de forma oficial por várias empresas a várias candidaturas, inclusive a minha, mas sem qualquer contrapartida que não fosse a alforria desses empresários em relação ao esquema de extorsão que o seu  partido institucionalizou no Brasil. 
O que se investiga — e sobre o que a presidente deve responder — são as denúncias feitas em delação premiada pelo Sr. Ricardo Pessoa que registram que o tesoureiro da sua campanha e atual ministro de Estado Edinho Silva teria de forma “elegante” vinculado a continuidade de seus contratos na Petrobras à efetivação de doações à campanha presidencial da candidata do PT.
Ou ainda a afirmação feita pelo mesmo delator de que o tesoureiro do seu partido, o Sr. João Vacari, hoje preso, sempre o procurava quando assinava um novo contrato para cobrar o que chamou de “pixuleco”.
Não será com a velha tentativa de comparar o incomparável que a Sra. Presidente vai minimizar sua responsabilidade em relação a tudo o que tem vindo à tona na Operação Lava Jato.
O fato concreto é que, talvez nunca na história do Brasil, um Presidente da República tenha feito uma visita oficial a outro país numa condição de tamanha fragilidade. E afirmações como essa em nada melhoram sua situação.
Aécio Neves
Presidente nacional do PSDB
Por Reinaldo Azevedo






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"Sapiens",

por Luiz Felipe Pondé  Folha de São Paulo

Sapiens somos nós, Homo sapiens. Há cerca de 70 mil anos surgimos como somos hoje. Você seria igualzinho há 70 mil anos, correndo pela savana africana. Sem iPhone na mão, fugindo de predadores.
Há algum tempo venho estudando pré-história e estou convencido de que as escolas deveriam dar mais aulas de pré-história e menos de Revolução Francesa. 
No mínimo, serviria como antídoto aos delírios dos "professores de humanas" por aí.
Deveríamos reverenciar esses nossos patriarcas, começando por conhecê-los mais e ensinar mais sobre eles para nossas crianças. Menos fru-fru e mais contos de caçadoras coletoras criando bebês.
Quando pensamos "na" pré-história, aprendemos a não considerar "nosso tempo" como o centro da história. Hoje quero indicar um livro para você. "Sapiens", do historiador israelense Yuval Noah Harari, professor de macro história da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Macro história é uma disciplina que foi um pouco estragada por gente como Hegel e Marx (ambos metafísicos), pois eles pensavam que haviam decifrado a história. Hoje, fazer macro história é se perguntar coisas como "a história é justa?".
Ou "o aumento de técnica aumentou a sensação de felicidade?". Ou "a democracia melhorou o cotidiano das pessoas?".
Essas questões são respondidas a partir da observação de muitas disciplinas juntas, como biologia, arqueologia, antropologia, economia, psicologia, moral, entre outras. Para saber como, leia o livro.
Não há respostas definitivas, mas tentativas de elucidar grandes questões da nossa história. Questões essas que são essenciais para entendermos a "alma" do sapiens que somos nós.
O livro de Harari é uma pérola, apesar de a edição brasileira, da L&PM, deixar um pouco a desejar em termos de cuidado (alguns poucos erros de digitação e de tradução). Cumpre, porém, a missão de trazer ao público brasileiro este best-seller escrito por um "scholar" de primeiro time. Israel é um dos países com maior capacidade intelectual e científica instalada.
O livro percorre os 70 mil anos de existência do sapiens (política, moral, religião, economia, técnica, ciência) e investiga possíveis desenvolvimentos futuros a partir do que andamos fazendo em termos de tecnologia genética e cibernética.
Duas hipóteses do autor, além de muitas outras coisas, valem a pena serem citadas aqui. Ambas fruto da chamada revolução cognitiva pela qual nossos ancestrais passaram, que resultaram nisso que somos hoje: esse bicho com cérebro grande que pensa, fala, imagina e cria conceitos e técnica.
A primeira hipótese é o fato de vivermos num mundo imaginário que levamos muito a sério. Esse mundo imaginário cria deuses, valores morais, religiões, Estados, governos, mercados, Facebook.
Atenção! Dizer que é um mundo imaginário não quer dizer "falso". Quer dizer que só nós o "vemos" e agimos a partir dele. Deuses, espíritos, o socialismo, o liberalismo (e sua crença na autonomia como motor de riqueza), tudo isso faz parte desse mundo imaginário que se concretiza na medida em que nós, sapiens, o materializamos no mundo real. E nós todos somos obrigados a engoli-lo garganta abaixo, via leis, normas, arte, crenças

religiosas, conceitos filosóficos e afins. O mundo imaginário é tão "real" que mata.
Mas, qual a importância de sabermos que vivemos num mundo imaginário? Este saber nos ajuda a lidar com a segunda grande hipótese do autor.
A revolução cognitiva há 70 mil anos nos "separou" da natureza e nos transformou num animal que tem muito poder nas mãos, mas não sabe nada de si mesmo (nem saberá, porque somos, na escala cósmica, a mesma coisa que uma formiga, sem nenhum sentido maior para nada). Não "há nada" para saber sobre nós.
Somos como um cometa, cruzando o universo, em alta velocidade, indo para lugar nenhum, mas criando um mundo imaginário que dá sentido a esse processo.
Caminhamos entre seres mudos que nos contemplam e que repousam no silêncio da matéria. E um dia, restará apenas essa matéria, da qual somos um acidente. Um acidente que imagina mundos a sua volta.
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O uso de senhas como ‘tulipa’ e ‘caneco’ informa que os devotos do ‘Brahma’ inventaram a cautela de altíssimo risco

AUGUSTO NUNES - DIRETO AO PONTO
É sempre assim. Tão logo se descobre que outra reportagem de VEJA vai reiterar que sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, recomeça a apresentação da ária mais enfadonha da Ópera dos Malandros. O elenco da peça produzida, dirigida e estrelada por Lula volta ao palco para convencer a plateia de que verdade é mentira.
Tem sido assim desde a descoberta do Mensalão em meados de 2005. De lá para cá, os canastrões em cena capricham na pose de vítima e repetem as mesmas falas. Os culpados são inocentes. O xerife é o vilão. É tudo invencionice da imprensa reacionária a serviço da elite golpista. O que parece comissão é uma contribuição financeira espontânea e legal. Os responsáveis pela infâmia serão imediatamente processados. E tome conversa de 171.
Não poderia ser diferente neste fim de semana especialmente pressago para celebrantes de missa negra. Apavorado com a reportagem de capa de VEJA, que enfileirou em 12 páginas a essência dos depoimentos prestados pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, o rebanho que acompanha o sinuelo sem rumo nem esperou pela chegada às bancas da presente edição da revista para balir em coro que está em curso mais uma trama sórdida contra o PT.
Como confiar na palavra de um bandido confesso, e ainda por cima delator?, recitam os filiados ao partido que virou bando. Para a companheirada, só é criminoso um parceiro de maracutaias que, em troca dos benefícios reservados aos que aceitam colaborar com a Justiça, decide contar o que fez, revelar o que sabe e identificar os comparsas. É o caso de Pessoa. Até recentemente um generoso amigo de Lula, agora é o inimigo número 1 dos embusteiros no poder.
Coerentemente, os lulopetistas insones com o ruído do camburão enxergam  guerreiros do povo brasileiro em todos os delinquentes que se mantêm de boca fechada — só abrem o bico para mentir. Nada fizeram de errado. Como não cometeram crimes, não existem cúmplices. Portanto, não há nada a confessar. Quem opta pelo silêncio mafioso tem vaga assegurada no time dos inocentes ultrajados por direitistas que caem fora do avião na pista quando um ex-pobre se instala na poltrona ao lado.
Além da desqualificação do acusador, o manual da esperteza companheira ordena o sepultamento da prova testemunhal. Se não estiver amparada em provas materiais, toda acusação deve ser rebaixada a fofoca. Para azar dos cleptocratas liberticidas, Ricardo Pessoa juntou aos depoimentos uma pilha de documentos e planilhas com extraordinário teor explosivo. E nem precisava, avisa a consistência das declarações do empreiteiro.
Os depoimentos de Pessoa confirmam que o poder de fogo da prova testemunhal é determinado pelo volume e pela qualidade dos detalhes. Neles é que mora o perigo. Afirmar que João Vaccari Neto recolhia pessoalmente a parte do PT no produto do roubo põe o acusado nas cercanias do tribunal. O banco dos réus fica bem mais próximo quando se acrescenta que a alcunha do coletor de propinas — Moch — foi sugerida pela mochila permanentemente pendurada no ombro. Saber que o tesoureiro gatuno chamava propina de “pixuleco” fecha o círculo que lembra o das algemas.
Detalhes do mesmo calibre também demoliram a piada do chefe que se mete em tudo mas nunca sabe de nada se o caso de polícia envolve parentes, amigos, ministros de confiança e outros meliantes de estimação. “Segundo Ricardo Pessoa”, lê-se na reportagem de VEJA, “a UTC deu 2,4 milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje é secretário de Saúde da cidade de São Paulo”.
As minúcias seguintes atestam que os saqueadores da Petrobras se valiam de métodos que fundiam cuidado e descuido. Ficou estabelecido que os pacotes de dinheiro seriam levados ao comitê da campanha de Lula por Pessoa, por Walmir Pinheiro, executivo da UTC, ou por um emissário ungido por ambos. “Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local”, prossegue o relato, “a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário”.
Ao chegar à cena do crime, o homem da mala deveria sacar da garganta três consoantes e três vogais: “Tulipa”, dizia. E só subia depois de ouvir a contra-senha combinada durante uma conversa no bar: “Caneco”. As duas palavras remetem a chope e cerveja. Chope e cerveja têm tudo a ver com “Brahma”. “Brahma” é o codinome de Lula em muitos emails digitados por quadrilheiros que fazem alusões ao ex-presidente. O resultado da soma da senha, da contra-senha e do codinome é a traseira de um camburão.
No Brasil Maravilha que Lula pariu e Dilma amamenta, surtos de criatividade cretina são cada vez mais frequentes. Não se deve estranhar que, entre um assalto e uma lavagem de dinheiro, os larápios do Petrolão tenham inventado o que se pode chamar de imprudência cuidadosa. Ou cautela de altíssimo risco.







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A ruína da era Lula

Flávia Tavares, Leandro Loyola e Diogo Escosteguy - Epoca

 

Acossado pelas investigações da Lava Jato e cada vez mais impopular, o ex-presidente parte para o ataque – e expõe o ocaso do modo petista de fazer política


Num encontro recente com os principais chefes do PMDB, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, novo líder da oposição ao governo petista de Dilma Rousseff, comparou a presidente a uma adolescente mimada. Na analogia, Lula se apresenta no papel de pai preocupado. O petista, como é de seu hábito, sempre aparece nesse tipo de metáfora como figura sensata, arguta, sábia. Desempenha a função do pai – do bom pai. “Ela (Dilma) faz bobagem, você senta para conversar e dizer por que aquilo foi errado. Ela concorda, claro”, disse Lula. “Mas não demora, logo no dia seguinte, ela vem e faz tudo de novo. Te chamam na delegacia para buscar a filha pelo mesmo motivo.” Todos eram homens, e riram. A culpa pelas desgraças do país não é da Geni. É de Dilma.

A historinha de Lula, compartilhada num momento de intimidade política, revela quanto Lula tem, de fato, de argúcia – e quanto Dilma tem de impopularidade. Conforme a aprovação da presidente aproxima-se do chão (10%), como mostrou o Datafolha na semana passada, mais à vontade ficam os políticos para fazer troça da petista. Até ministros próximos de Dilma, que conseguem trabalhar há anos com ela, apesar das broncas mal-educadas que recebem cotidianamente, não escondem mais o desapreço pela presidente. “A Dilma conseguiu implodir as relações com os movimentos sociais, com o Congresso e com o PIB”, diz um desses ministros, que é do PT. “O segundo governo acabou antes de começar. Estamos administrando o fracasso e os problemas do primeiro mandato. Resta apenas o ajuste fiscal para o país não quebrar.”


Ninguém discorda que Dilma é uma presidente estranha. Num momento de crise profunda no país que ela governa, só aparece em público para pedalar pelas ruas de Brasília. Os políticos mais antigos lembram-se das corridas matinais de Collor nas proximidades da Casa da Dinda, quando o governo dele desmoronava. Transmite o mesmo tipo de alienação. Na semana passada, num discurso que entrará para os arquivos da Presidência da República, Dilma “saudou a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”. Estava no lançamento dos Jogos Indígenas. Falou de improviso. Inventou expressões como “mulheres sapiens” e pôs-se a elogiar a bola usada pelos índios. “É uma bola que eu acho um exemplo, é extremamente leve. Já testei e ela quica”, disse Dilma. Um ministro que presenciou o discurso não acreditou no que via. “Dava vontade de sair correndo e tirar o microfone dela”, diz ele, ainda rindo da cena.
O esporte do momento em Brasília, como fez Lula, é ridicularizar Dilma. Mas será ela a verdadeira responsável pela crise que acomete o Brasil em 2015? Ninguém discorda de que a presidente tem responsabilidade – e muita – pela crise econômica. Mas os fatos políticos dos últimos meses, e em especial das últimas semanas, demonstram que a crise prolongada – política, social, criminal e econômica – é sintoma da ruína de uma era, uma era definida não por Dilma, mas por quem a concebeu politicamente: Lula, o pai. Trata-se de uma era em que o PT exerceu o poder por meio do fisiologismo do mensalão e do petrolão, abandonando, a partir do governo Dilma, a razoabilidade econômica e a conciliação política.






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"O culto a Lula é uma farsa patética",

por Demétrio Magnoli FOLHA DE SÃO PAULO
Luiz Inácio Lula da Silva, nosso querido Lula, é uma das raras e fantásticas lideranças que conseguem transcender os limites de sua origem social, de sua cultura e de seu tempo histórico. Obrigado, Stálin. Obrigado, pois estou jubilante.
O culto a Stálin, deflagrado em meados dos anos 1930, acompanhou a ascensão do líder à condição de ditador inquestionável da URSS. O culto a Lula, expresso pela nota da bancada de senadores do PT, acompanha o declínio do ex-presidente, exposto como lobista do alto empresariado associado ao Estado.
Lula se fez contra os terríveis limites históricos, sociais e políticos que lhe foram impostos. É aquela criança pobre do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos cinco anos, mas que sobreviveu. É aquele miserável retirante que veio para São Paulo buscar, contra todas as probabilidades, emprego e melhores condições de vida, e conseguiu. Lula é, sobretudo, esse fantástico novo Brasil que ele próprio ajudou a construir. Obrigado, Stálin, pois estou bem. Séculos transcorrerão e as gerações futuras nos venerarão como os mais afortunados dos mortais porque tivemos o privilégio de ver Stálin.
O culto a Stálin tinha a finalidade de legitimar a eliminação física de toda a liderança bolchevique dos tempos da revolução de 1917, que se faria por meio dos Processos de Moscou. O culto a Lula tem, apenas, as finalidades de conservar o status quo no PT, evitando a crítica e a mudança, de impulsionar uma candidatura presidencial fragilizada e de tentar esterilizar as investigações da Lava Jato.
No cenário mundial, ninguém põe em dúvida a liderança de Lula no combate à pobreza, à fome e às desigualdades. Lula é o grande inspirador internacional das atuais políticas de inclusão social, reconhecido por inúmeros governos de diferentes matizes políticos e ideológicos. Lula é o rosto do Brasil no mundo. Os homens de todas as épocas chamarão teu nome, que é forte, formoso, sábio e maravilhoso.
O culto a Stálin atravessou duas fases. Na primeira, quando os ecos da revolução ainda reverberavam, o líder foi descrito como a imagem viva do proletariado internacional. Na segunda, marcada pela guerra mundial e associada à propaganda patriótica, Stálin tornou-se a personificação do povo soviético. O culto a Lula assemelha-se, nesse particular, à fase derradeira do culto a Stálin: o PT almeja ser igual ao Brasil.
Lula está muito acima da mesquinhez eleitoreira. Todas as vezes que me vi em sua presença, fui subjugado por sua força, seu charme, sua grandeza –e experimentei um desejo irreprimível de cantar, de gritar de alegria e felicidade. Lula é tão grande quanto o Brasil. Lula carrega em si a solidariedade, a generosidade e a beleza do povo brasileiro. Para esse povo e por esse povo, Lula fez, faz e fará história.
O culto a Stálin, uma engrenagem da propaganda de massas do totalitarismo, era a face midiática de um Estado-Partido que abolira a política, extinguindo por completo o fogo da divergência. O culto a Lula, ensaiado por políticos de terceira numa democracia representativa, é uma farsa patética: o sinal distintivo da degradação da linguagem petista. Atrás do culto ao líder soviético, desenrolava-se uma tragédia histórica. Atrás do culto ao chefão petista, descortina-se somente o vazio de ideias de um partido desnorteado, precocemente envelhecido.
Lula é uma afronta às elites que sempre apostaram num Brasil para poucos, num Brasil de exclusão e de desigualdades. Ó grande Lula, ó líder do povo/Tu que trazes os homens à vida/Tu que frutificas a terra/Tu que fazes a primavera florescer/Tu que vibras as cordas da música/Todas as coisas pertencem a ti, chefe do nosso grande país. E, quando a mulher que amo me presentear com um filho, a primeira palavra que ele deve proferir é: Lula.
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"O medo de perder o emprego",

por Raquel Landim FOLHA DE SÃO PAULO
Nos últimos meses, está se disseminando entre as pessoas o medo de perder o emprego, um fantasma que é velho conhecido dos brasileiros, mas estava desaparecido nos últimos anos.
Pesquisa do instituto Datafolha aponta que 73% da população acredita que o desemprego vai aumentar. Há razões para o pessimismo. Em maio, mais de 115 mil vagas foram fechadas no país, o pior resultado em 23 anos, segundo o ministério do Trabalho.
Os dados mostram que a crise econômica chegou ao mercado de trabalho. 
Durante meses, as empresas postergaram demissões na expectativa de uma reviravolta na situação do país após as eleições. Agora, com a recessão se aprofundando, perderam as esperanças de uma recuperação no curto prazo.
Com os estoques crescendo, as receitas caindo e os custos subindo, muitas companhias não enxergam outra saída a não ser fechar vagas. A situação já é assustadora no setor automotivo, na construção civil, no setor de petróleo e gás, entre vários outros.
Infelizmente ainda é cedo para dizer que chegamos ao fundo do poço. O mais provável é que a taxa de desemprego continue subindo. Nas projeções da MB Associados, pode chegar a 9% no fim do ano.
É uma taxa abaixo das máximas históricas e inferior a de países europeus em crise, mas ainda assim nada agradável para o Brasil, que vivia uma situação de pleno emprego.
Essa situação gera muito insegurança. Receosas de perder o emprego, as pessoas consomem menos, as empresas vendem menos, investem menos e cortam funcionários, que vão consumir menos. Está pronto o círculo vicioso.
Os economistas vinham alertando faz tempo que a semente do desemprego já estava plantada na economia, mas foram taxados de pessimistas pelo governo, que minimizava a situação em período pré-eleitoral. Agora se tornou impossível negar o problema, que chegou aos gabinetes em Brasília.
Assessores presidenciais e expoentes do PT estão preocupados com a tensão política que essa onda de desemprego vai causar em um governo já fraco, cuja taxa de reprovação (ruim ou péssimo) atingiu 62%. A presidente Dilma conseguirá prosseguir com o ajuste fiscal? As pessoas voltarão às ruas para manifestar sua indignação?
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