Notícias de
jornais sobre Proclamação da República.
Ano de 1889
AS MANCHETES
Viva a República Brasileira!
Viva o Exército - Viva a Armada!
Viva o Povo Brasileiro! (Correio do Povo)
Revolta no Exército (Novidades)
Viva a República! (República Brazileira)
O Futuro do Brasil (Gazeta da Tarde)
Viva o Exército Libertador! (Cidade do Rio)
Viva a República Brasileira!
Viva o Exército - Viva a Armada!
Viva o Povo Brasileiro! (Correio do Povo)
Revolta no Exército (Novidades)
Viva a República! (República Brazileira)
O Futuro do Brasil (Gazeta da Tarde)
Viva o Exército Libertador! (Cidade do Rio)
"A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em
nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando a regime
francamente democrático com todas as consequências da Liberdade.
Foi o exército quem operou esta magna transformação; assim como a
de 7 de abril de 31 ele firmou a Monarquia constitucional acabando com o
despotismo do Primeiro Imperador, hoje proclamou, no meio da maior
tranqüilidade e com solenidade realmente imponente, que queria outra forma de
governo.
Assim desaparece a única Monarquia que existia na América e,
fazendo votos para que o novo regime encaminhe a nossa pátria a seus grandes
destinos, esperamos que os vencedores saberão legitimar a posse do poder com o
selo da moderação, benignidade e justiça, impedindo qualquer violência contra
os vencidos e mostrando que a força bem se concilia com a moderação. Viva o
Brasil! Viva a Democracia! Viva a Liberdade!" Gazeta da Tarde, 15 de
novembro de 1889.
"Despertou ontem esta capital no meio de acontecimentos tão
graves e tão imprevistos que as primeiras horas do dia foram de geral surpresa.
Rompeu com o dia um movimento militar que, iniciado por alguns corpos do
exército, generalizou-se rapidamente pela pronta adesão de toda a tropa de mar
e terra existente na cidade.
A conseqüência imediata desses fatos foi a retirada do ministério
de 7 de junho, presidido pelo Sr. Visconde do Ouro Preto, que teve de ceder à
intimação feita pelo Sr. Marechal Deodoro da Fonseca que assumiu a direção do
movimento militar. À exceção do lastimoso caso do Sr. Barão do Ladário, que não
querendo obedecer a uma ordem de prisão que lhe fora intimada, resistiu armado
e acabou ferido, nenhum ato de violência contra a propriedade ou a segurança
individual se deu até o momento em que escrevemos estas linhas. (...)" - Jornal
do Commércio, 16 de novembro de 1889.
"O dia de ontem foi de surpresas para a pacífica população
industrial desta cidade. Um mimistério forte deposto sem combate, uma revolução
militar triunfante, os corpos constitucionais arredados sem discussão alguma e
o regime de governo atacado com êxito inesperado, são fatos que pareciam
inexplicáveis se não se conhecesse a índole especial desta cidade, sempre
disposta a aceitar os fatos consumados. (...)
A revolução de ontem é filha unicamente das energias e espírito de
classe dos militares, e foram os oficiais superiores que, passando-se para a
causa democrática, a tornaram vencedora no momento.
Os elementos civis foram nulos ou improficuos e só apareceram
depois de realizado o movimento, e segundo é de esperar, para ocupar as
posições oficiais. É portanto, a classe militar que deve se considerar como
único poder existente de fato e do qual depende o êxito ou insucesso da
revolução.
Mesmo por não andar envolvida em nossas intrigas civis, mesmo
pelas suas ilesas virtudes cívicas, é que a classe militar poderá evitar-nos os
inconvenientes de uma surpresa que não tem ainda a sanção do voto
nacional." Diário do Commércio, 16 de novembro de 1889.
"Constando ontem ao conselheiro de estado Andrade Figueira
que os ministros do 6 de junho estavam presos no quartel general, dirigiu-se
para ali s.ex.., e antes de falar aos ministros soube que a ordem de prisão já
havia sido suspensa. O conselheiro Andrade Figueira, ao ver os ministros,
animou-se a se retirarem para suas repartições, prestando-se a acompanhá-los,
ao que não quiseram anuir, não obstante ponderar-lhes a conveniência de
desvanecer-se assim o boato que corria. Então os ministros declararam que
haviam sido depostos de seus cargos pelo exército.
É inútil encarecer a gravidade dos acontecimentos. Os nossos
conselhos e advertências, embora moderada e imparcialmente feitos, não foram
atendidos. a situação é tão difícil que só dá prudência e do patriotismo se
deve tirar conselho." - A Nação, 16 de novembro de 1889.
"A população desta cidade foi hoje, ao acordar, sobressaltada
pela notícia de graves acontecimentos que se estavam passando no quartel
general do exército, em ordem a despertar as mais sérias inquietações. Era
assustador o aspecto que oferecia a praça da Aclamação, na parte em que se acha
situado o referido exército e circumvizinhanças.
O quartel estava fechado e guardado por uma força do corpo militar
de polícia, de baioneta calada, pronta ao primeiro ataque, corpo de bombeiros,
1o batalhão de infantaria e batalhão naval, municiado e dispondo de uma
metralhadora. Deviam embarcar hoje dois batalhões, e como boatos alarmantes se
haviam propalado sobre a provável recusa daqueles corpos do exército, o
ministério providenciara para que se fizesse o embarque sem novidade. O Sr.
Ministro da Guerra conservou-se até adiantadas horas da noite na sua
repartição.
Número superior a 400 praças do corpo de polícia estiveram de
prontidão, sendo retiradas até algumas que se achavam de serviço nas estações.
Os regimentos de cavalaria nos 1 e 9 e o 2o de artilharia manifestaram-se em
revolta e armados intentaram atacar o quartel general e do corpo de polícia. O
comandante de um dos regimentos de cavalaria abandonou o quartel à vista do
ânimo exaltado das praças. (...) No arsenal da marinha permaneceram até pela
manhã os srs. ministros da justiça e marinha. (...)
A verdade, porém, é que o sr. ministro da marinha se apresentou à
porta do quartel general, sendo-lhe impedida a entrada pelo Sr. General
Deodoro; respondendo o ministro que o governo ia cumprir o seu dever, puxou
dois revólveres, empunhando-os em posição de disparar. Nessa ocasião um praça
do exército disparou alguns tiros que atingiram S. Ex.. O sr. ministro caiu
ferido, sendo transportado em braços para o palacete Itamaraty. Seguiram para a
praça da Aclamação o corpo policial da província do Rio e contingente do
batalhão naval.
Todo o movimento social da cidade acha-se paralisado. O comércio
em grande parte fechou as portas. As ruas mais freqüentadas nos dias ordinários
estão desertas; raros transeuntes passam, apressados, como perseguidos. (...) O
serviço de bondes é feito com grande irregularidade; há longos intervalos no
trânsito dos carros, que chegam aos pontos de estação aos grupos de cinco e
seis. (...) O pânico anda no ar e nas consciências. (...)" - Novidades,
15 de novembro de 1889.
"Desde ante-ontem que o Brasil é uma república federativa. O
exército e a armada nacionais, confraternizando com o povo, completaram a
limpeza da pátria, começada no dia 13 de maio de 1888. (...)
Não se faz política na Vida Fluminense, não, senhores, não se faz.
(...) Entretanto, para não espantar o leitor, diremos desde já que a nossa
política será mais o apanhado da pelótica dos pelotiqueiros baratos que para
maior glória desta terra estão a governá-la, do que preleções ligeiras sobre os
rasgos da Razão Pura ou circular do ilustre sr. barão do Paraná. Acresce ainda
que a política e a preocupação constante deste pacientíssimo povo, que toma
café dez vezes ao dia, não vacilando em gastar sucessivamente muitos três
vitens, isto é, três vezes mais do que aquela célebre moeda que célebre também
tornou o honrado sr. presidente do conselho. (...)
Peloticas e pelotiqueiros é o que se encontra a dar com o pau.
Veja-se a pelótica do ministério em relação ao exército. Disseminá-lo pelo
Império, mas disseminá-lo de forma que em cada cidade fique apenas uma ala de
batalhão, e depois licenciá-lo, aquartelando em seguida alguns batalhões da
guarda nacional, eis o plano, ministerial, que desde sete dias corre de boca em
boca, com os maiores visos de verdade. (...) É bastante perigosa, porém, a
cartada, e tão perigosa, que há muito quem se persuada que no melhor da festa
os trunfos não ficarão em mãos dos membros do atual gabinete (...) - Vida
Fluminense, 17 de novembro de 1889.
"A população fluminense despertou hoje com a notícia de que
se havia o exército recusado a cumprir ordens do governo por julgá-las ilegais
e ofensivas ao seu brio. Dois batalhões que haviam recebido ordem de seguir
para pontos afastados do Império, decidiram não obedecer esta ordem.
A Noite de Ontem:
Às duas horas da madrugada estavam no quartel-general do exército,
o sr. ajudante-general e diversos oficiais, Em forma, no quartel, estavam um
batalhão de infantaria e um regimento de cavalaria. Havia de prontidão uma
força de mais de 400 praças do corpo de polícia. Para aumentar essa força,
foram retiradas praças de várias estações urbanas. até depois da meia-noite,
esteve o ministério em conferência.
Hoje:
6 horas da manhã - O ministério está reunido na secretaria do
império. Estão fechados os quartéis do 7o, do 10o e do Corpo de Bombeiros.
desembarca na corte, vindo de Niterói, uma parte do Corpo de Polícia da
província. Outra parte da força está na ponte da Armação a espera da lancha que
a conduza à corte.
7 horas - Sobe a rua do Ouvidor uma força de fuzileiros navais. Os
soldados estão em pé de guerra. Os oficiais trazem revólver.
8 horas - É quse impossível chegar ao Campo de Santana. uma força
do 10o está no largo da Lapa para impedir a passagem provável de estudantes da
Escola Militar. Das janelas do palacete Itamaraty parte uma descarga sobre o
povo.
9 horas - À porta de uma taverna, na esquina da rua são Lourenço
está sentado, com um ferimento na fronte, o sr. barão do Ladário, ministro da
marinha. O ferido está com um gramete ao lado. (...) Estão fechadas todas as
estações de polícia.
9 1/2 - (...) O quartel está fechado. Dentro está o batalhão que
não quer, segundo consta, seguir para onde foi removido. O ministério continua
reunido.
10 horas - (...) Confirma-se o boato de que o ministério pediu
demissão. (...)
10 horas e meia - Os alunos da Escola Militar sem ordem, nem todos
fardados, mas armados, tendo à frente uma corneta do 22o seguem para o Campo de
Santana, dando vivas à Nação brasileira e ao exército. O ministério que estava
preso e guardado pelo exército, rende-se. O general Deodoro entra no quartel em
triúnfo, abraçado, entre aclamações entusiasmáticas. O exército dá vivas à
República. É o grito que se ouve em todo o Campo de Santana. (...)
10 e
3/4 - O general Deodoro é carregado em triúnfo. O 2o de artilharia dá uma salva
de 21 tiros. Povo, exército e marinha dão vivas à Nação brasileira. (...)"
Cidade do Rio, 15 de novembro de 1889.
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