Na
realidade, o Hamas não mudou nem desistiu do seu sonho de substituir
Israel por um estado islâmico que seja patrocinado e armado pelo Irã. A
menos que o Hamas mude seu estatuto, as conversas sobre mudanças em sua
estratégia servem apenas para disseminar a campanha de engano do
movimento.
Será
que o Hamas está mesmo caminhando em direção à moderação e ao
pragmatismo, como alguns analistas políticos e diplomatas do Ocidente
estão acreditando?
E
o que alguns dos líderes do Hamas querem dizer quando falam que estão
prontos para aceitar um estado palestino "apenas" na Margem Ocidental,
na Faixa de Gaza e na parte oriental de Jerusalém?
Essas questões foram levantadas depois que a CNN colocou recentemente no ar uma entrevista[1] com Khaled Mashaal, o "líder político" do Hamas.
Mashaal
disse à repórter Christiane Amanpour, da CNN: "Eu aceito um estado
palestino de acordo com as fronteiras de 1967, tendo Jerusalém como
capital, com o direito de retorno [de milhões de palestinos a Israel]".
Desde
então a observação do líder do Hamas tem sido mal interpretada por
alguns ocidentais como sendo um sinal de que o movimento radical
islâmico, que foi estabelecido 25 anos atrás com o objetivo declarado de
destruir Israel, teria agora abandonado sua ideologia e estaria a
caminho de endossar uma abordagem mais flexível.
Mas,
enquanto Mashaal estava falando à CNN, vários líderes do Hamas na Faixa
de Gaza estavam falando -- em árabe --sobre a intenção deles de
prosseguir na luta contra Israel até a "liberação de todas as nossas
terras, desde o mar até o rio".
A
observação de Mashaal não é nada além de uma tentativa de enganar a
comunidade internacional, fazendo-a crer que o Hamas adotou a solução de
dois estados e está disposto a viver em paz ao lado de Israel.
Na
realidade, o Hamas não mudou nem desistiu do seu sonho de substituir
Israel por um estado islâmico que seja patrocinado e armado pelo Irã.
Na
verdade, o que Mashaal está dizendo é que, como o Hamas está consciente
do fato de que não consegue atingir seu objetivo de destruir Israel
agora, aceitará quaisquer terras que os israelenses lhe derem e depois
continuará a lutar para "libertar" toda a Palestina, desde o rio Jordão
até o mar Mediterrâneo.
Ninguém
melhor do que o próprio Mashaal expressou esta visão na mesma
entrevista à CNN, na qual declarou: "A Palestina, desde o rio até o mar,
desde o norte até o sul, é a minha terra. E a terra dos meus pais e
avós, habitada pelos palestinos desde há muito tempo. (...) Mas, por
causa das circunstâncias da região, por causa da ânsia em parar o
derramamento de sangue, os palestinos hoje, e o Hamas, concordaram com o
programa que aceita as fronteiras de 1967".
O
que Mashaal e outros líderes "moderados" do Hamas estão dizendo é o
seguinte: "Deem-nos um estado palestino agora na Margem Ocidental, na
Faixa de Gaza e na parte oriental de Jerusalém, para que possamos
utilizá-lo como uma plataforma de lançamento para eliminar Israel".
Em
uma entrevista com a Al-Jazeera na semana passada, Mashaal admitiu pela
primeira vez que o Irã tem fornecido armamento e dinheiro ao Hamas. Ele
também revelou que países árabes e islâmicos, bem como indivíduos e
organizações, têm apoiado o Hamas militar e financeiramente.
Agora
tornou-se claro para a maior parte dos palestinos que um futuro estado
palestino seria governado pelo Hamas ou pelo Jihad Islâmico. A
popularidade desses dois grupos tem crescido dentre os palestinos,
especialmente no alvorecer de sua autodeclarada "vitória" contra Israel
durante o recente conflito Israel-Hamas.
O
esforço do Hamas de mostrar-se como um movimento "moderado" atingiu seu
apogeu quando Mashaal telefonou para Mahmoud Abbas, o presidente da
Autoridade Palestina, para expressar apoio à solicitação de elevar o
status da entidade palestina como observadora na ONU.
O
telefonema de Mashaal foi novamente mal interpretado como um sinal de
que o Hamas está disposto a aceitar um estado apenas dentro das linhas
anteriores a 1967.
Mas,
como representantes do Hamas explicaram mais tarde, o fato de que
Mashaal havia acolhido a solicitação de status de estado feita por Abbas
não significa que o movimento está preparado para abrir mão de "um
centímetro da Palestina".
O
Hamas está engajado em uma campanha sutil para ganhar a simpatia da
comunidade internacional ao aparecer como se estivesse pronto para
abandonar seu sonho de destruir Israel. As observações de Mashaal devem
ser vistas no contexto de uma nova tática do Hamas que objetiva
transfornar o movimento islâmico radical em um ator legítimo e
reconhecido nas arenas internacional e regional.
Aqueles que foram enganados a acreditar nas mentiras do Hamas deveriam ser apresentados ao estatuto do movimento[2], no qual está claramente declarado: "O
Movimento de Resistência Islâmica sustenta que a Palestina é um
território de Wakf, (legado hereditário) para todas as gerações de
muçulmanos, até o Dia da Ressurreição. Ninguém pode negligenciar essa
terra, nem mesmo uma parte dela, nem abandoná-la, ou parte dela. (...)a libertação da Palestina é uma obrigação pessoal de cada muçulmano, onde estiver (...) No
dia em que o inimigo conquista alguma parte da terra muçulmana, a jihad
(guerra santa) passa a ser uma obrigação de cada muçulmano".
Na
próxima vez que a CNN ou qualquer outro meio de comunicação ocidental
entrevistar um líder do Hamas, seria aconselhável perguntar se aquele
movimento está disposto a mudar seu estatuto. A menos que o Hamas mude
seu estatuto, a conversação sobre mudanças em sua estratégia serve
apenas para disseminar a campanha de engano do movimento. (Khaled Abu
Toameh -- www.gatestoneinstitute.org)
Notas:
1. http://edition.cnn.com/ TRANSCRIPTS/1211/21/ampr.01. html (em inglês).
2. Estatuto do Hamas: http://www.beth-shalom. com.br/artigos/estatuto_hamas. html.
Publicado na revista Notícias de Israel – www.beth-shalom.com.br
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