Lewandowski, uma pomba com os políticos e um falcão com os banqueiros! Ou: Dosimetria do ministro expõe tese absurda!
O
ministro Ricardo Lewandowski, sem dúvida, chama a atenção de qualquer
pessoa apaixonada pela lógica. Vamos ver. Ele inocentou José Dirceu e
José Genoino das acusações de formação de quadrilha e corrupção ativa —
condenou Delúbio Soares por este segundo crime. Mesmo assim, propôs pena
leve. Também não se mostrou exatamente um falcão com os demais
políticos envolvidos na tramoia.
Pois bem.
Ontem, no entanto, ao definir as penas da banqueira Kátia Rabello, eis
que vimos um Lewandowski severo, com penas só ligeiramente menores do
que as impostas por Joaquim Barbosa — nada que discrepasse muito. No
caso de gestão fraudulenta, os dois até concordaram com os quatro anos.
No total, ela foi condenada a 16 anos e oito meses de cadeia.
Muito bem!
O que leva um ministro a inocentar o núcleo petista — afinal, desde
sempre, o partido que comandava o esquema — e alguns outros políticos e a
votar com severidade no caso da banqueira?
Kátia
Rabello, por acaso, tinha algum projeto de poder? Digamos que tenha
feito o que fez com o propósito de ficar ainda mais rica, de ganhar
ainda mais dinheiro… Isso é tão grave quanto tentar fraudar o regime
democrático?
No caso de
Dirceu, Lewandowski não encontrou ato de ofício; no caso de Genoino,
ele encontrou, mas achou que se tratava de um caso de “responsabilização
objetiva” (só porque era presidente do partido…). Certo! Então devo
concluir que Marcos Valério (que ele condenou, embora com pena mais leve
do que Joaquim Barbosa) e sócios e Kátia Rabello e seus funcionários
graduados atuaram no mensalão apenas para cuidar de seus assuntos
privados? Ora…
O
“mensalão”, ou que nome lhe queira dar Lewandowski, nessa hipótese,
seria só uma tramoia de agentes privados, sem qualquer relação com um
projeto de poder…
Vejam que
coisa: o ministro revisor não condenou a banqueira por formação de
quadrilha. Na dosimetria que fez para três outros crimes, votou por 13
anos de cadeia, o que é um tempo considerável. José Dirceu e José
Genoino, no entanto, para ele, deveriam ter sido absolvidos.
Pois é… Para quem, afinal de contas, trabalhava o Banco Rural? Isso faz algum sentido?
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