“Sou a favor da maneira sueca, com recomendações para que a distância seja mantida e que as pessoas em risco fiquem em casa”, afirmou a jornalista Patricia Riekel
Branca Nunes, Revista Oeste
O jornal alemão Bild, o mais vendido da Europa, publicou uma reportagem com a opinião de intelectuais do país sobre a prática do lockdown para combater a pandemia provocada pelo vírus chinês. “Foi um grande erro”, concluíram. A determinação consiste no isolamento completo, que, entre outras coisas, proíbe a circulação de pessoas sem autorização.
O patologista Klaus Püschel, chefe do Instituto de Medicina Forense do Hospital Universitário de Hamburgo, argumentou que, “no fim, a covid-19 é uma doença viral como a gripe”. Inofensiva para a maioria das pessoas e fatal em casos excepcionais.
“É importante saber se o coronavírus realmente foi a causa do óbito”, disse Püschel. “Dos aproximadamente 180 mortos com coronavírus que examinamos, todos sofriam de condições preexistentes graves e não eram crianças ou adolescentes.”
Ex-conselheiro do governo federal, o professor Stefan Homburg, diretor do Instituto de Finanças Públicas da Universidade de Hannover, argumentou que os números oficiais na Alemanha não justificavam o bloqueio. “Na Itália, a epidemia de coronavírus foi pior do que uma epidemia de gripe. Na Alemanha, foi menos grave”, constatou. “Os prejuízos estão aumentando diariamente. Todas as proibições devem ser suspensas. Estádios de futebol vazios e restaurantes meio vazios não servem a ninguém.”
Hans-Jürgen Papier, ex-presidente do Tribunal Constitucional Federal alemão, argumentou que as intervenções estatais foram longe demais. “O objetivo era buscar o equilíbrio entre a proteção da vida e da saúde de um lado e a dos bens constitucionais de outro”, lembrou. “Deveria ter havido um debate parlamentar e público mais amplo e detalhado.”
Julian Nida-Rümelin, ex-ministro da Cultura da Alemanha, argumentou que a divulgação de estatísticas sem contextualização cria medo e pânico e não promove o debate. “Com a covid-19, os grandes números que aparecem a cada dia nos deixam assustados e perplexos”, observou. “Esses números precisam ser contextualizados. Por exemplo, quantas pessoas normalmente morrem por dia na Alemanha? Quantas morrem de ataque cardíaco? E de câncer? E de covid-19?”
Para a jornalista Patricia Riekel, advertências e um apelo à responsabilidade pessoal seriam preferíveis ao bloqueio. “Sou a favor da maneira sueca, com recomendações para que a distância seja mantida e que as pessoas que fazem parte dos grupos de risco fiquem em casa”, afirmou. “O que vimos nas últimas seis semanas foi excessivo. Nós nos tornamos um povo de queixosos e delatores.”
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