Atuação do ministro em inquéritos tem sido posta em xeque. Nesta semana, aliados de Bolsonaro tiveram o sigilo quebrado e outros foram parar na cadeia
Cristyan Costa, Revista Oeste
O descontentamento de parte da população brasileira com a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) não é de hoje. No debate público, temas como ativismo judicial e politização da Justiça ganham vigor. Agora, o assunto nas redes é a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Em 2019, Dias Toffoli abriu um inquérito para investigar supostas fake news contra a corte. E escolheu Moraes como relator. Juristas avaliam que a medida é inconstitucional.
De lá para cá, o ministro tem feito investigações, julgado e mandado prender. E sua atuação foi posta em xeque por brasileiros. No fim do mês passado, ele autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) que cumpriu vários mandados de busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro. Nesta semana, o estopim foi a prisão da ativista Sara Winter. Internautas apontam que o vídeo de Sara Winter ameaçando Alexandre de Moraes motivou a decisão.
Análise de redes sociais
Enquanto esta reportagem é redigida, a #PrisaoDoAlexandreDeMoraes está no primeiro lugar dos trending topics do Twitter, ao obter 383 mil engajamentos (no início desta quinta-feira, 600 mil). Oeste monitorou que a hashtag surgiu na noite de ontem, mas ganhou força na manhã desta quarta-feira, 17.
Por ora, os deputados Hélio Lopes (PSL-RJ) e Janaína Paschoal (PSL-SP) mais o jornalista Allan dos Santos são os perfis que impulsionam a hashtag (embora Paschoal não a esteja usando diretamente. Contudo, uma linha de tuítes de sua autoria viralizou).
Meu IRMÃO, você foi eleito DEMOCRATICAMENTE por 57 milhões de BRASILEIROS para GOVERNAR o BRASIL.
- A CF/88 - todo PODER emana do POVO/ELEIÇÃO. POVO está com você, o POVO não vai ABANDONAR o barco NUNCA, estamos JUNTOS.
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8.635 pessoas estão falando sobre isso
Destaca-se no Facebook uma publicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A postagem com melhor tração tem 19,3 mil curtidas, 2,9 mil comentários e 3,7 mil compartilhamentos. Portanto, é ele quem capitaneia as críticas a Moraes nessa rede.
Além disso, acrescenta-se à turbinada do assunto um compartilhamento da sessão do STF que define a legalidade do inquérito, do senador Jorge Kajuru (Cidadania-Goias) — o parlamentar tem criticado privilégios do Supremo. No Instagram, porém, a discussão não prosperou.
As buscas na internet pelos termos “Alexandre de Moraes” e “moraes” abrangeram todos os Estados brasileiros, com destaque para o Distrito Federal, Rio de Janeiro e Piauí. Em síntese, os brasileiros estão interessados na figura do ministro.
O que se fala na imprensa
Predominam publicações veiculadas por blogs e sites ligados à direita do espectro político. As matérias com mais chances de serem acessadas são as que destacam frases como “é só não esticar a corda” ou o mais recente tuíte de Bolsonaro. Nele, o presidente garante que vai proteger a liberdade de expressão e agir contra a atuação do STF.
Na chamada grande mídia, vigora a narrativa segundo a qual é necessário “defender as instituições”, “interpretação equívoca do artigo 142” e de uma suposta ameaça de golpe de Estado em andamento por parte do Palácio do Planalto. Assim sendo, uma visão favorável à atuação do ministro Alexandre de Moraes.
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