por Denilson Faleiro - Advogado
Com a Proclamação da República em 1889, a Família Real foi expropriada, e o palácio foi incorporado ao patrimônio da União.
Existe uma lenda que o Palácio Guanabara seja amaldiçoado. Segundo o historiador Sebastião Kastrup, em seu livro O Rio Pitoresco, um dos escravos que trabalhou na primeira reforma da casa ainda durante a monarquia teria sido torturado por um feitor e, antes de morrer, proferiu a seguinte maldição:
“Nenhum morador da mansão da Rua Guanabara terá tranquilidade enquanto lá viver”.
Ainda que seja discutivel a crença de maldições existirem ou não, certos fatos ocorridos no imóvel onde se situa a sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, faz transparecer a ideia que o Palácio Guanabara realmente é mal assombrado.
Sua proprietária legítima, Princesa isabel foi expulsa pelo Golpe Republicano, em 1889. Dona Orsina da Fonseca, esposa do presidente Marechal Hermes da Fonseca, morreu ali, em 1912. O rei Alberto da Bélgica, hospedou-se um mês no palácio, e, pouco tempo depois, morreu após sofrer um acidente, em 1920.
Em 1930, a maldição se manifestou na forma de um golpe de estado que depôs o presidente Washington Luiz.
Na década de 50, a antiga casa de Isabel, tornou-se a sede da prefeitura, sendo que nada menos de oito prefeitos não concluíram o seu mandato.
O Palácio Guanabara ainda detêm o recorde de estar envolvido no mais longo processo judicial da história do Brasil. Durou 123 anos a disputa entre os descendentes de Isabel e a União sobre a propriedade do imóvel. Recentemente o STJ, confirmou legalidade da expropriação da casa de Isabel.
Mais recentemente, em 1960, o Palácio se tornou a sede do governo estadual, e tem presenciado as maiores decepções dos cidadão do Rio de Janeiro. A maldição tem alcançado os nossos governadores.
Todos os cinco ultimos governadores eleitos do Rio de Janeiro, foram presos, ou estão presos.
Moreira Franco, respondendo a dezenas de processos. Garotinho, Rosinha e Pezão, já condenados, recorrendo em liberdade. Sérgio Cabral com 12 condenações que somam mais de 267 anos de cadeia, o qual tenta desesperadamente negociar uma delação premiada. Só falta saber quem ele irá entregar.
Chega-se agora a decepção da vez.
Wilson Witzel.
A população do estado do Rio de Janeiro, cansada dos desmandos, de tanta roubalheira e desperdício do seu suado dinheirinho tomado através de impostos, acreditava que se elegesse um JUIZ, a coisa iria entrar nos eixos.
Esperava que as coisas entrassem nos eixos da Legalidade, da Impessaolidade, da Eficiência, e principalmete, nos eixos da MORALIDADE.
E entrou, mas nos mesmos eixos entranhavelmente fincados por Moreira, Garotinho, Rosinha, Pezão e Cabral.
É tudo o mesmo Esquema.
O esquema da falcatrua, da vantagem indevida, do tráfico de influência, da informação privilegiada, da licitação com carta marcada, da compra com dispensa de licitação.
Mas os brasileiros do Rio de Janeiro, já não estranham essas “paradas” mais não.
No Rio de Janeiro, a “chapa esquenta”, no Rio, “ não é assim que a banda toca”, quem vive aqui, aprende a dar um toque carioca no jeitinho brasileiro.
Como todos os brasileiros, os cariocas não desistem nunca, são sobreviventes. E os habitantes deste estado da Federação vão sobreviver a Wilson Witzel.
Wilson Witzel se configura como a maior decepção de todas, porque a gente carioca acreditou que, com Wilson Witzel, a coisa seria diferente.
Descobre-se agora, com o COVIDÃO, que, na realidade nua e crua, Wilson Witzel FOI só mais um “político iniciante” que se deixou levar pelo seu ego. Foi só mais um “juizeco” a enganar o eleitor de Bolsonaro.
Wilson Witzel foi só mais um “Adélio” a esfaquear o Povo Brasileiro.
Mas enquanto Adélio deu a facada em público, de dia, às claras, e estava disposto a morrer por seu ato; Wilson Witzel, covardemente, deu a facada às escondidas, na calada da noite, nos gabinetes do Palácio Amaldiçoado, aproveitando o momento de maior distração, no meio do pânico, do medo, gerado pelos corruptos governadores e prefeitos, que substanciados pela carta branca dada pelo Supremo Tribunal Federal, se aproveitaram das compras emergenciais durante a pandemia do vírus chinês, para engendrar seu maléfico plano.
Até onde vai a responsabilidade de Wilson Witzel?
Wilson Witzel escolheu seus secretários. Se Wilson Witzel sabia que eram mafiosos, bandidos, e autorizou; é cúmplice. Se sabia da ladroagem, e fez vista grossa e ignorou; é omisso.
Se Wilson Witzel não sabia das más intenções e ações criminosas de seus subalternos, isso não o faz inocente, muito pelo contrário, mas sim relapso, incompetente, e indigno de continuar à frente do governo de estado.
Wilson Witzel será impedido pela Assembleia Legislativa?
Provavelmente sim, o será. Ou alguém pensa, em sã consciência, que os “nobres e ilibados” deputados fluminenses irão salvar a chamuscada pele do governador, e manchar suas “imaculadas” biografias?
O sentimento da classe política da Casa Legislativa, liderada pelo petista André Ciciliano (rachadinha de 49 milhões de reais), é o mesmo da Câmara Federal liderada pelo senhor Rodrigo Maia, o botafogo da lista de propina da Odebrecth, em relação ao Chefe do Executivo. Querem comer o seu fígado.
O diferencial é que enquanto Jair, o Messias, Bolsonaro pode dar o brado retumbante e desafiar a seus opositores: “Me chama de corrupto, porra!” Wilson Witzel não pode se dar a este desfrute.
A maldição lançada pelo escravo torturado no século XIX levará Wilson Witzel a ser o sexto governador eleito preso? Alea jacta est – a sorte está lançada.
Aguardemos pois, agora pelo eventual sucessor, o vice, o senhor Claudio Castro e ver como ele lidará com a Maldição do Palácio Guanabara.
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