por José Casado
Esta é, por enquanto, a eleição das minorias. Isso porque, até agora,
pesquisas como a do Ibope ontem mostram os principais candidatos
oscilando em torno do patamar de 25% da preferência. Nenhum deles pode
se achar seguro de que vai obter mais de 50% dos votos válidos no
domingo 7 de outubro.
Projeções sobre eventual avanço de Jair Bolsonaro na maioria dos estados
nordestinos, antigos redutos do PT que somam 26,6% dos votos do país,
animam reuniões de empresários em São Paulo, pontuadas por desembolsos
crescentes. A torcida para a eleição acabar logo no primeiro turno é
apenas desejo manifesto do antipetismo, sobretudo entre líderes do
agronegócio.
Falta combinar com o eleitorado, que ainda mantém elevados os índices de
rejeição a Bolsonaro (46%) e ao “advogado de Lula” (30%), como Fernando
Haddad se apresenta.
Os candidatos, sem exceção, deveriam aproveitar esse intervalo de
imprevisibilidade a 12 dias do primeiro turno para apresentar um pedido
de desculpas aos brasileiros. Eles devem isso, porque são protagonistas
de um histórico fracasso.
Encerram um ciclo de três décadas, iniciado no funeral da ditadura,
empenhados numa campanha de volta ao passado da Guerra Fria. Disputam
uma eleição com mochila recheada de falsificações da história, e um
catálogo de ilusões baratas.
Omitem o futuro corrosivo na esquina de 2019. Não souberam, ou quiseram,
reinventar o modo de fazer política — apelo recorrente nas ruas e nas
urnas desde 2013.
O que está aí é um espetáculo de realismo mágico, onde todos perdem no
final. Vitória nessas circunstâncias dificilmente levará a uma sólida
coalizão governamental. O eleito não terá bancada expressiva no
Congresso e deverá amargar dificuldades crescentes com um Judiciário
ativista e um Legislativo mais fragmentado.
É a eleição da exclusão. Atrás da cabine de votação oculta-se um Estado
em colapso, consumindo 40% de tudo que os brasileiros produzem.
O Globo
extraídaderota2014blogspot
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