por Vitor Hugo Soares
O Brasil viveu na terça-feira, 11 de setembro de 2018, um dia de triturar os nervos, já quase em frangalhos, da população, em meio aos sustos e tensões crescentes à medida que o tempo corre para o primeiro turno das eleições presidenciais. A data comportou três atos emblemáticos, do tempo estranho, confuso e temerário que marca a caminhada para o desfecho eleitoral em outubro que se aproxima: 1) A divulgação na TV do vídeo, com trechos explosivos, do depoimento de Adélio Bispo de Oliveira (esfaqueador do candidato Jair Bolsonaro), gravado na audiência de custódia em Juiz de Fora; 2) o ato do PT, defronte do prédio da PF, em Curitiba (onde o ex-presidente Lula cumpre pena criminal), para a passagem do bastão a Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo; 3) a coletiva, em Salvador, do ex-ministro José Dirceu (condenado no Mensalão e na Lava Jato), em visita à Bahia, governada pelo PT, a propósito do lançamento do primeiro volume de seu livro de memórias.
Três retratos de um país e de uma sociedade em transe. Fatos que somados à destruição do Museu Nacional, no Rio, originaram o duro editorial do jornal francês Le Monde, ao analisar o quadro da hora nacional. Em “Naufrágio de uma Nação”, título do texto opinativo, o afamado diário escreveu: “O país parece ter perdido o controle do seu destino”. E explica: ”Tudo contribui para isso. Uma sociedade que se sente ameaçada. As balas perdidas que atingem crianças em bairros pobres dominados por gangues… representantes da sociedade civil assassinados em plena luz do dia… uma classe política tão angustiante quanto envelhecida, minada pela corrupção”, diz Le Monde.
Calmo, calculista, medindo o alcance das palavras e frases, pronunciadas em correto e explícito vernáculo, o agressor de Bolsonaro fala no vídeo da TV em “incidente”, “imprevisto” e “susto que queria dar” no candidato. Ele parece tudo, menos o “maluco” pretendido por alguns. A começar pelos advogados de defesa, apressados para ver o autor do atentado (recolhido a uma penitenciária de segurança máxima), num manicômio ou num consultório psiquiátrico. Antes que se concluam as investigações da Polícia Federal, sobre as graves suspeitas de que outras cabeças (políticas?) teriam armado e financiado o braço da facada de Adélio no estômago do candidato do PSL, que na quinta-feira à noite, com a situação de saúde agravada, precisou ser submetido & agra ve; nova cirurgia de emergência.
Em Curitiba, no ato da passagem do leme de candidato do PT (de Lula para Haddad), as imagens falam por si só. Principalmente na leitura da “carta ao povo”, do ex-presidente preso (um monumento ao egocentrismo pessoal e político) e na fotografia da comemoração de Haddad, Gleisi Hoffman e Dilma Rousseff, no palanque, com os braços levantados para o ar e os dedos imitando uma arma de fogo, gestos que petistas tanto criticam nas fotos de Bolsonaro. Quanto a Zé Dirceu, na capital baiana, registro uma de suas respostas mais polêmicas, na coletiva que deu no histórico Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), sobre porque o PT não abriu mão de candidatura própria, em favor de um aliado de centro-esquerda: “Se não tivesse dois turnos e tivesse em risco a vitória de um candidato de extrema-direita, se poderia trabalhar esta questão. Como há dois turnos, não há risco nenhum. Quem for para o segundo turno, em tese, aglutinará a centro-esquerda”. A conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista
Com Blog do Noblat, Veja
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