Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 2 de julho de 2018

CUBA SOB NOVA DIREÇÃO?

por Percival Puggina.

Certamente não passava pela cabeça de Angel Castro, ao mudar-se para Cuba, a idéia de que seus dois rebentos transformariam a ilha toda numa espécie de empresa familiar na qual ambos viriam a mandar e onze milhões de cubanos obedeceriam.
 Há muito salta aos olhos de qualquer observador intelectualmente honesto que a situação de Cuba enveredou por desastrosa picada sem fim previsível. Mesmo assim, o meio acadêmico brasileiro e expressiva parcela da intelectualidade nacional não poupam louvores a Fidel, ao ideário que ele encarnou e desossou, e aos ícones do fatigante “socialismo o muerte!”, que os cubanos retificam para “socialismo y muerte”. De seu caráter sanguinário dão prova as vítimas do paredón e as sepultadas vivas nas masmorras do regime.
 Os malabarismos retóricos a que recorrem seus seguidores brasileiros, treinados para dar nó em pingo d’água quando se trata de defender o comunismo, já começam a exigir platéia com atestado de morte cerebral. Os vários debates de que participei ao longo dos últimos 30 anos forneceram eloquentes exemplos disso.
“Cuba é uma referência de autonomia”, insistem. Cuba? Autonomia? Desrespeitam a autonomia própria e a dos outros! Sob Fidel, esse país viveu trinta anos na mais servil submissão à URSS. Foram três décadas de tenebrosas concessões. Ao longo delas, os jovens cubanos eram alugados como bucha de canhão para as intervenções comunistas na autonomia de Angola, Moçambique, Congo, Nigéria, Bolívia, Nicarágua, El Salvador e onde quer que a URSS precisasse de alguém para o serviço sujo das guerrilhas. “Cuba é uma democracia, sim, mas diferente da nossa”, proclamam, referindo-se a um regime sem liberdade de imprensa e de opinião, que há 60 anos só tem um partido, onde o líder máximo, quando enfermo, transferiu o poder para o maninho, onde criticar o governo faz mal à saúde, e onde ainda hoje, a placa - “Sob nova direção” - oculta o fato de que, por trás dos bastidores e das câmaras ainda é Raúl quem apita o jogo.
O próprio Díaz-Canel encarregou-se de deixar bem claro, ao assumir, que Raúl lideraria "as decisões de maior transcendência para o presente e o futuro do país". No início de junho, o novo presidente anunciou que seu antecessor comandaria, também, uma reforma constitucional que – surpresa! – não implicaria mudanças no modelo político e teria como pilares “a irrevogabilidade do sistema socialista, a união nacional e o papel do Partido (Comunista) como vanguarda organizada e força dirigente superior da sociedade e do Estado".
Quando alguém, desmontando as farsas dos argumentos, põe os pingos nos “is” da história e desenrola o filme dos fatos, eles, inevitavelmente, entre resmungos, começam a falar mal do Trump.
















extraídadepuggina.org

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