por Nelson Motta O Globo
Durante a ditadura, militares tinham forte presença na administração pública, em diretorias e presidências de estatais, independentemente de suas qualificações para os cargos. Na era lulista, tudo mudou: os cargos importantes, as diretorias, as agências, os bancos públicos, as estatais foram ocupadas por sindicalistas, independentemente de suas qualificações para as funções.
Agências reguladoras importantes foram entregues a sindicalistas formados no exercício de lutar por maiores salários, melhores condições de trabalho e participação nos lucros das empresas para suas categorias profissionais, mas despreparados para o serviço público.
Sim, temos muitos funcionários de carreira competentes e experientes que foram e são passados para trás por indicados políticos, com resultados desastrosos.
Afinal, o que um sindicalista petroleiro entende de comercialização de petróleo para ocupar uma diretoria? O que um sindicalista bancário, que odeia ideologicamente a instituição “banco”, sabe sobre negócios que fazem bancos públicos ter lucros ou prejuízos? Em que a militância sindical qualifica um metalúrgico para regular e controlar a produção e comercialização de aço, de máquinas, ou de veículos?
Alimentado pelo imposto sindical extorquido dos trabalhadores, o sindicalismo se tornou uma bocada milionária que provocou um boom de novos sindicatos, que hoje chegam a mais de 11 mil, enquanto a pobre Alemanha tem só 250.
Ainda que, com supremo otimismo, se acredite que todos esses sindicalistas que ocuparam e ocupam a máquina publica são honestos, que ninguém roubou ou fez falcatruas, sua incompetência e despreparo provocaram imensos prejuízos por decisões erradas, como nos fundos de pensão de estatais. Mas, sobretudo, foram desmoralizando progressivamente a meritocracia em favor do aparelhamento político que se espalhou como uma infecção pelo organismo público, numa septicemia moral resistente aos antibióticos da Justiça.
Neste momento decisivo de nossa história, temos a oportunidade de transformar uma cleptocracia patrimonialista em uma democracia representativa, em que a lei seja para todos.
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