Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 25 de abril de 2018

'Lula Livre' não cola e covil do PT busca novo caminho

Catarina Alencastro, O Globo

 Dezesseis dias depois da prisão de Lula, o PT já tem um diagnóstico: a bandeira do “Lula Livre” não pegou. Quando subiu ao palco montado defronte ao sindicato dos metalúrgicos antes de se entregar à polícia, Lula achava que a luta por sua libertação mobilizaria multidões. E que o grito “Lula Livre” seria forte o suficiente para pressionar a Justiça por sua soltura e ao mesmo tempo virar o mote de campanha eleitoral de todos os petistas candidatos. Inclusive a mais importante candidatura — a presidencial — com ele no comando (seja como candidato ou como articulador).
Mas as mobilizações foram chochas. O apoio internacional não veio. E a eleição está sendo montada à revelia de Lula. Desde a semana passada, o PT começou a se dar conta de que está perdendo o bonde na disputa eleitoral. Embora permaneça como líder das intenções de voto, com vultosos 31%, segundo o Datafolha, em janeiro ele aparecia com 37%.
Esse dado é confirmado por pesquisas internas dos próprios petistas, segundo as quais o eleitor de Lula continua querendo votar nele, mas sabe que ele não irá concorrer. Sendo assim, quanto mais se solidifica a constatação de que o nome do ex-presidente não estará nas urnas, torna-se urgente a necessidade de que o predestinado a substituir Lula seja ungido ao posto. Antes que seja tarde demais, e a concorrência abocanhe naco a naco o espólio lulista.
Se eleitoralmente definir quem é o candidato do PT à Presidência parece o mais indicado a se fazer agora, alguns conselheiros do ex-presidente avaliam que abandonar a roupa de presidenciável também pode ser vantajoso para Lula pessoalmente. Fora da disputa ele contribuiria para distencionar o ambiente jurídico, abrindo caminhos para uma medida judicial que o tiraria da prisão. Hoje, como candidato, esse cenário é improvável.

A convicção de que Lula preso estaria todos os dias no noticiário como alguém que personifica a injustiça e a perseguição política foi derretendo dia após dia nessas últimas duas semanas. Do lado de fora da prisão, amigos do ex-presidente passaram a se preocupar com a saúde dele, e com o quanto ficaria abalado quando se desse conta de que não seria solto tão cedo. Ao “liberar” o partido para decidir como quiser sobre a campanha presidencial, Lula dá sinais de que a ficha caiu.







































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