por Vitor Hugo Soares Com Blog do Noblat, Veja
A ex-mandatária Dilma Rousseff deu o que falar em Curitiba, esta semana, com a língua solta e ideias embaralhadas. Desde o ingresso do ex-presidente Lula em uma cela na sede da PF, – para cumprir 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – ela apresenta sintomas ainda mais preocupantes que os daqueles piores dias do desastre final de seu segundo mandato, que culminou no impeachment
Parece ter entrado em “parafuso”, depois da “queda” do padrinho político e guia pessoal. Algo que a fez chorar, (como não havia acontecido em sua própria prisão, no tempo da ditadura, segundo confessou após ser barrada na tentativa de visita, por decisão da juíza Carolina Lebbos.
Em lugar de acatar o regulamento legal, Dilma optou por encenações típicas dos comícios e outros atos de bravatas comuns em campanhas eleitorais. O pior, neste caso: não se limitou às ações estabanadas de seu jeito habitual, nem ao linguajar primário, esdrúxulo e confuso que se tornou, infelizmente, uma marca registrada da ex-chefe de Estado, e provoca risos de galhofas.
Esta semana, isso atingiu “um ponto além da curva” , para usar expressão de Joaquim Barbosa, que comandou o STF no tempo do Mensalão. Recém filiado ao PSB, o juiz aposentado virou a grande surpresa da recente pesquisa Datafolha. Despontou na condição ambicionada por muitos, de nome com poderoso apelo popular – junto a praticamente todas as faixas de tendência do eleitorado – e com grande potencial de fazer bonito em outubro.
Se vencer as objeções familiares, as hesitações pessoais e as desconfianças – em face das relações político -partidária, – e decidir encarar uma aporrinhada campanha para presidente da República, capaz de lhe trazer de volta as dores na coluna que o deixam fora de si.
Voltemos ao “além da curva” da ex-presidente.
Sem permissão de chegar à cela de Lula, ela falou com a imprensa na saída da sede da PF. Em tom quase nostálgico, lembrou os três anos em que ficou presa, durante o regime militar, e disse ter “experiência” em prisão. Segundo ela, “mesmo durante a ditadura”, aos encarcerados “era permitido receber parentes, advogados e amigos”.
Alto lá, digo eu. É verdade que este jornalista não detém “experiência” tão prolongada quanto a da ex-presidente. Mas guardo a minha memória pessoal de preso político, logo em seguida à decretação do AI-5, período tenebrosos da ditadura no Brasil. Já formado em jornalismo, trabalhando em A Tarde, fui apanhado, com mais cinco colegas, por agentes da Polícia Federal, dentro da sala de aula da histórica Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, invadida pela primeira vez por agentes policiais, tendo à frente da operação o próprio comandante da PF na Bahia.
Algemados – diante de dezenas de colegas e professores – todos foram levados para uma unidade do Exército, no Quartel do 19º Batalhão de Caçadores, em Salvador, e postos numa cela improvisada, no antigo posto médico da unidade, acusados de “subversão política contra o regime”, com matrícula cassada no ano da formatura em Direito.
Não descerei a detalhes desta história, até por falta de espaço.
Não descerei a detalhes desta história, até por falta de espaço.
Digo apenas que o dia da visita semanal era, também, quarta-feira. E só entravam parentes e advogados, e olhe lá! Amigos, ou políticos em campanha, nem a cinco quilômetros da porta do quartel, como advertia o “ Oficial do Dia” no 19 BC. É isso. Por enquanto.
Vitor Hugo Soares é jornalista
extraídaderota2014blogspot
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