SACHA CALMON CORREIO BRAZILIENSE
É por essa ótica que as empresas e seus responsáveis enxergam a situação. O impeachment, por estar previsto na Constituição, é para ser usado quando necessário; portanto, não é golpe político, à margem da lei. Incompreensível enxergar racionalidade no PT ao chamá-lo de golpe constitucional. Das duas, uma: ou são mentes confusas, ou agem, deliberadamente, de má-fé.
Dilma se diz grampeada, quanto até o porteiro do palácio sabe que o grampo era nos telefones de Lula. Má-fé? Quem falasse com ele ficava marcado na escuta judicialmente determinada. Pela escuta, soube-se que a presidente, antes de dar posse e exercício a Lula, sem o quê ninguém se torna ministro, mandou o sr. Messias entregar-lhe termo de posse assinado por ela, "caso fosse necessário", para livrá-lo da prisão. E lá vem ela, para se desculpar, dizer que o documento não tinha a sua assinatura. Sem ela, nada valeria. Com isso cometeu o crime de prevaricação e atentou contra a probidade administrativa, que o art. 85 da Constituição diz constituir crime de responsabilidade. Agiu para proteger terceiros da prisão usando o cargo.
Lula se diz do povo, mas seus amigos malfeitores são apenas de dois estamentos: os companheiros do sindicato e os maiores e mais ricos empresários de engenharia do país. Juntaram-se, empreiteiros e os sindicalistas, para saquearem as estatais, principalmente a Petrobras e as obras do PAC, refinarias e usinas hidroelétricas, em prejuízo do povo, acorrentado como animal faminto às migalhas do Bolsa Família e aos financiamentos à sonhada casa própria, às custas do Tesouro e do FGTS.
Esse é um governo honesto? É um governo socialista? É um governo eficaz? Como podem os intelectuais de esquerda ser tão crédulos, a ponto de tentar tampar o sol com peneira? Não se dão conta que pactuam com a corrupção, a roubalheira, a podridão moral? Acham que as delações são falsas? A Operação Lava-Jato recuperou milhões dos dólares furtados dos cofres públicos. São notas falsas ou provas inequívocas do esquema criminoso dos governos do PT? Acusam o impoluto juiz Moro de prender preventivamente - por razões jurídicas - senão os tribunais não as manteriam, com o fito de forçar os réus a confessarem seus crimes impatrióticos. Dizem que direitos humanos estão sendo violados. Não fossem as delações, jamais saberíamos das tenebrosas transações do PT e das empreiteiras. Nossos direitos é o que vale.
Lula jamais foi socialista, tampouco democrata; não passa de sindicalista esperto desde São Bernardo, um aproveitador de mentes viciadas na esquerda, por causa da luta comum contra a ditadura. Seu lugar na história é ao lado dos grandes demagogos e merece - apurados os fatos - pagar seus crimes na cadeia se os tiver praticado.
O panorama da intelectualidade brasileira de esquerda, mormente nas universidades, nas áreas de humanas e sociais, é de assustadora pobreza. Não se dão conta de que o mundo de amanhã já superou, faz mais de 40 anos, a dicotômica divisão esquerda versus direita. Ela não existe mais. O futuro está a exigir ética no governo, nos negócios e um Estado regulador. Todos os países têm técnicas anticorrupção e existem redes de tratados internacionais sobre o assunto. O Brasil passa ao largo desse debate, como Burkina Faso e a Guiné equatorial. A crise da representatividade política e o estanque da crescente desigualdade econômico-social que frequentam os debates nas democracias europeias não se fazem presentes em nosso país, por causa do baixo nível de sua intelectualidade universitária (sociologia, ciência política e antropologia).
As classes abastadas e média do Brasil procuram cada vez mais se fixar nos EUA e Portugal, como que atestando a desilusão com o país, sem solução. A emigração tem vários motivos. Outrora, irlandês, galegos e italianos emigravam, fugindo da fome. Ingleses e alemães das perseguições religiosas. Libaneses em busca de oportunidades. Hoje, sírios, iraquianos e afegãos, pela destruição dos seus países. Argentinos, venezuelanos e, agora, brasileiros, se vão por não mais acreditarem em seus países, suprema vergonha, dolorosa desilusão. E dizer que nada disso precisava acontecer.
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