Felipe Frazão - Veja
Um dia depois de perder o apoio do PMDB, a presidente da República,
Dilma Rousseff, organizou mais um ato político contra o impeachment
dentro do Palácio do Planalto, durante o anúncio de uma nova fase do
programa Minha Casa, Minha Vida, uma de suas vitrines eleitorais. Dilma
levou militantes de movimentos sociais e de luta por moradia como MST,
MTST, CONAM, FLM, CMP para transformar o evento em manifestação
política. Aos gritos de "não vai ter golpe", os militantes acusaram de
"golpistas" o vice-presidente da República, Michel Temer, o juiz federal
Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, e a Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp).
"Não existe essa conversa de não gosto do governo então ele cai.
Impeachment está previsto na Constituição, agora é absolutamente má fé
dizer que por isso todo impeachment está correto. Para estar correto a
Constituição exige que se caracterize crime de responsabilidade.
Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É golpe", disse
Dilma.
Os militantes fizeram coro ao discurso da presidente. "Impeachment em si
não é golpe, agora impeachment sem crime de responsabilidade e
conduzido por um bandido na presidência da Câmara é golpe sim senhor e
não tem legitimidade", disse Guilherme Boulos do MTST. "Já estamos
mobilizados e vigilantes. Combateremos todos os fascistas e golpistas.
Lutaremos com todas as nossas forças em defesa da nossa democracia, da
nossa Constituição. Golpe nunca mais. Não vai ter golpe. Dilma fica",
gritou Bartíria Costa, da Confederação Nacional das Associações de
Moradores.
"Temos certeza de que o golpe não é contra o teu governo, é contra os
pobres dessa nação. E grande parte dos pobres está aqui hoje. Não vamos
permitir que a democracia seja tomada de assalto. Não vai ter golpe",
disse Helvio Mota da Federação Nacional dos Trabalhadores e
Trabalhadoras na Agricultura Familiar.
Em duas ocasiões, coube a Dilma orquestrar os gritos de golpe e afirmar
que a democracia está em risco no país. A presidente adotou a postura
vitimista e afirmou que oposicionistas "querem tirar o governo para
golpear direitos do cidadão" - e não apenas atingi-la -, além de
fomentar ódio, intolerância, violência e preconceito na sociedade. "Se
fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?", disse Dilma.
Ela afirmou que "um presidente só pode ser julgado pelo que ocorre em
seu mandato" e que as contas do governo de 2015 serão apresentadas pelo
governo apenas em abril, por isso não foram analisadas pelo Tribunal de
Contas da União e nem julgadas pelo Congresso Nacional. O pedido de
impeachment da presidente em curso na Câmara cita as conclusões do TCU
sobre as pedaladas fiscais de 2014, no fim de seu primeiro mandato.
A presidente também tentou transferir para a oposição a responsabilidade
sobre a crise econômica gestada por seu governo. Segundo ela, quem
deseja interromper seu mandato vai ser responsável por "retardar" a
retomada do crescimento do país e do aumento dos níveis de emprego.
Minha Casa Minha Vida - A
terceira fase do programa planeja agora a construção de 2 milhões de
moradias até 2018 - 1 milhão a menos do que prometido por Dilma na
campanha de 2014. O investimento declarado pelo governo é de 210,6
bilhões de reais. Os recursos serão, em sua maioria, direcionados para
que as próprias entidades apoiadoras de Dilma organizem as construções.
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, disse que tem orgulho de
participar do governo Dilma, que beneficiará com moradia "24 milhões de
pessoas até o fim do governo dela em 2018". O PSD, partido de Kassab,
ensaia votar a favor do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados.
extraídaderota2014blogspot
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